OPERADORES DO DIREITO



A advocacia é nobre, independentemente se exercida por advogado, causídico, jurista ou operador do direito. As profissões aqui são sinônimas, da mesma categoria, mas têm que ser exercidas com competência, conhecimento, civilidade e, muitas vezes, com muita coragem.

Em agosto, mês do advogado, são incontáveis os argumentos que valorizam a grandeza da atividade jurídica e a essencialidade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), uma das instituições mais importantes e respeitadas no país.

Ser advogado transcende aos olhos a dignidade de uma profissão quase sacerdotal, que exige a capacidade de escutar e interpretar, de ser justo e conciliador, de honrar os interesses do cliente e zelar por eles, não se deixando conspurcar pela conquista mesquinha ou pela busca desmedida de riqueza, indiferente ao sofrimento dos que procuram por ajuda.

Ao advogado leal resta sempre a certeza de que a excelência buscada na prestação do serviço jurídico supera em muito a fachada extravagante de uma banca de luxo, sendo dispensáveis as etiquetas, mas recomendáveis a lhaneza e a urbanidade. O "balcão de mercenário" a que se referia Rui Barbosa, desonra a profissão do advogado e coloca em risco a sua condição como órgão subsidiário da justiça.

O bom e honrado advogado sofre diariamente com a falta de fé no direito e na Justiça, principalmente quando lhe chega aos ouvidos, vindo da sociedade, o lamento do cliente que tinha como certa a vitória, embora esta nunca lhe tenha sido prometida. A responsabilidade da advocacia está na confiança no Poder Judiciário, mas nunca na certeza absoluta do êxito, posto que este não pode ser previsto e muito menos prometido.

Nas comemorações do mês do advogado, ele as faz levantando um brinde à sua persistência diária de sempre buscar a justiça, posto que seja nos tribunais que sai à procura de socorro para os direitos que entende ter e que seu mandato pontualmente requer. Esse brinde, por óbvio, não será como aquele do "dia da pendura", que caiu em desuso e já foi tarde, quando não se pagava pelo que se consumia, no imaginário deletério daqueles que se achavam em uma terra sem lei.

O mês do advogado não é unicamente um evento consagrado ao operador do direito, mas também ao próprio direito e à justiça, haja vista que o primeiro é um meio de mitigar as desigualdades para o encontro de soluções justas, enquanto a segunda é um instrumento para garantir a igualdade de todos. 

Portanto, as melhores reverências aos advogados, profissionais que, devotadamente, defendem humildes e poderosos com a mesma altivez e independência, na crença no direito de todos e para todos, na defesa intransigente da cidadania e dos interesses difusos e coletivos da sociedade, na construção da paz social e na advocacia voltada para a qualificação dos operadores do direito, com excelência em aptidão, independência e autonomia, na solução não apenas de lides judiciais, mas, também, de conflitos sociais, com razoabilidade e equilíbrio.

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG). 

(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de sábado, 29/08/2015, pág. 19).

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