O SUBORNO DE R$10,6 BILHÕES
O
salto do valor da corrupção e dos subornos é incomum e torna-se surreal na
medida em que avançam as investigações. Os R$451 milhões apropriados indevidamente
pela turma listada pelo ministro Edson Fachin, do STF, passou agora para R$10,6
bilhões, representando, por enquanto, o montante de dinheiro usado em propinas,
entre 2006 e 2014, pago pelo departamento especializado do grupo Odebrecht.
Os
“recursos” foram distribuídos a políticos, lobistas e dirigentes de estatais,
no Brasil e em países no exterior, perfazendo, no mínimo, a cifra bilionária, que
era entregue em espécie ou depositada em contas bancárias fora do Brasil. O
valor excede em 23,5 vezes o da lista de Fachin, equivalendo dizer que o poço
de lama é mais profundo do que se imaginava.
Os
empresários corruptores são tão culpados quanto os políticos corruptos, que
tramaram contra a moral e contra a ética, em benefício próprio, valendo-se os
primeiros do superfaturamento de obras, e os segundos, da venda vergonhosa da
nação.
O
volume de inquéritos é grande e crescente, de tal dimensão que a carga
explosiva dos conteúdos vai além da capacidade institucional do STF, que não
terá estrutura suficiente para lidar com a enxurrada de processos criminais que
surgirão. Mais do que isso, o clima de intranquilidade reina entre os ministros
da Suprema Corte, justamente por anteverem as múltiplas dificuldades que
cercarão os gabinetes do relator da operação Lava Jato, ministro Fachin, e dos
demais ministros, que deverão enfrentar a instrução e o julgamento de tantas
demandas. Ou seja, o STF deixa sua função institucional de servir a coletividade
para ficar por conta de ações judiciais que demandarão muito tempo, e cujos
resultados em punições não se sabe quando virão.
A
degradação política tira o dinheiro da merenda, da educação, da saúde, da
moradia, da segurança. A sociedade é explorada por quadrilhas de fornecedores
do Estado e por partidos políticos. Os envolvidos estão nos governos federal,
estaduais e municipais; nas administrações diretas e indiretas; nos serviços
públicos e nas empresas estatais. A corrupção está no superfaturamento de
obras, nas vantagens adquiridas por legislações subservientes, nos contratos
firmados com pagamentos de subornos e nas concessões tenebrosas a troco de
propinas bilionárias.
Diante dos fatos não há
mais tempo a perder. Dadas as garantias da ampla defesa e do contraditório, a
sociedade brasileira precisa reagir. Não há perdão para tantos crimes. Não há
possibilidade de impunidade. Não há tempo a perder. Os investigados têm nomes,
apelidos e endereços. As cadeias esperam por todos os culpados, no cumprimento
da lei.
A limpeza na política se
faz necessária, independentemente de rumores de insegurança ou de temor social.
A depuração, a purificação ou a expurgação são exigências nacionais diante dos
danosos costumes políticos e empresariais ainda vigentes no Brasil.
Wilson Campos (Advogado/Presidente
da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da
OAB-MG/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista e Ambiental).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de terça-feira, 18 de abril de 2017, pág. 21).
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Bravos Dr. Wilson. Só do que consta do relatório de Fachim para os dados do "departamento especializado" da Odebrecht já há uma diferença abiçal de 451 mi para 10,6 bi. Mas insisto: o buraco é muito mais em cima. A dívida externa do País que agora virou pais, era em torno de meio trilhão até 31.12.02. Até então, todo dia tinha um pedido de impeachtmen do PT ou de seus puxadinhos contra FHC, por causa disso. Isto com todas as robalheiras que diziam ter havido desde a independência, passando pelas obras da construção de Brasília(onde sempre é dito ter havido a maior robalheira da história do Brasil) passando pelas numerosas obras dos governos militares: rodovias como BR-101, hidrelétricas como Tucuruy, Itaipu, Ponte Rio Niteroi, tudo, tudo isso está dentro desse mais ou menos meio trilhão. A PERGUNTA QUE NÃO PODE FICAR SEM RESPOSTA: ONDE ENFIARAM TANTO DINHEIRO PARA NOSSA DÍVIDA PÚBLICA PASSAR DE TRÊS TRILHÕES NOS DESGOVERNOS PETISTAS? Tem muica coisa ainda para vir à tona.. Quem tem espaço na mídia tem obrigação de levantar esta questão que estão querendo jogar para debaixo do tapete. Pelo amor de Deus Dr. Wilson, não deixe. Salvador A Magalhães - Sta. Tereza - Bhte.
ResponderExcluirParabéns, Dr. Wilson Campos. Li, concordo e assino embaixo. Matheus V. H., empresário e contribuinte. Belo Horizonte.
ResponderExcluirEu também penso assim - apurar, permitir defesa, julgar e condenar. Cadeia para os culpados. O país precisa crescer não apenas na população, mas no caráter, na moral, no amor à pátria. Meus parabéns ao autor, Dr. Wilson Campos, sempre na defesa de um Brasil melhor para todos nós. Constantino G. L., empreendedor mineiro.
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