PAIXÃO NACIONAL
A
paixão nacional tomou outro rumo. Antes, dedicada ao carnaval, ao futebol, à
cerveja, ao churrasco, ao cafezinho, ao arroz com feijão, entre outras paixões,
hoje ela se traduz, majoritariamente, em torno do fim da corrupção. A paixão
nacional agora é combater a corrupção, seja ela ativa ou passiva, de centro, de
direita ou de esquerda. A paixão nacional é ver atrás das grades os pequenos,
os médios e os grandes culpados pelos descaminhos morais da nação.
A
vida é assim, cheia de surpresas. Um dia o homem comum vai à urna e elege
aquele que poderia ser um legítimo representante dos interesses do povo.
Passam-se os dias e a revelação da verdadeira personalidade do eleito é
desastrosa. Em vez dos interesses coletivos, o “nobre” escolhido pelo voto
popular adere aos interesses pessoais. O bolso fica maior que a competência, e
a ganância, maior que o bolso. Os compromissos com os eleitores restam no
esquecimento, e o mandato passa a ser um passaporte para o enriquecimento
ilícito, custe o que custar.
A
decepção do cidadão é imediata e cada vez maior. O seu candidato, tão gentil, cordato
e insuspeito, transformou-se em um vilão da pior espécie. A esperança de que as
figuras seriam outras, no panorama da sórdida política nacional, desmorona-se,
jogando por terra os sonhos de consertar o que já estava irremediavelmente perdido.
Tristeza dos normais, dos honestos, dos bons de coração. Alegria dos calhordas
de plantão, que usam o manto do foro privilegiado para se protegerem do
julgamento comum e regular. Mas a festa está no fim e a música tocada não é tão
ao gosto dos apreciadores da tábula rasa, que se tornaram experientes na arte
da demagogia e da enganação. Contudo, não se esqueçam que o julgamento popular
é nas urnas.
De
tanto sofrer e de tanto penar, os brasileiros mudam de paixão. A paixão
nacional agora é outra: extirpar do seio da sociedade a epidemia da corrupção,
os corruptos contaminados e os corruptores contaminantes.
As
urnas estão sendo preparadas para as próximas eleições, e nelas, os enganados,
os sacaneados, os traídos e os roubados darão o troco: não elegerão os
corruptos nem os seus seguidores ou herdeiros de mesma índole criminosa.
A
paixão nacional está mudando para melhor, sem, no entanto, os brasileiros desprezarem
as paixões anteriores de satisfação e convivência sociais. O grande mote atual
é redescobrir a importância da pátria moral e cívica, que entregue os direitos
e as garantias aos cidadãos, independentemente das cores de suas bandeiras, de
suas camisas ou de seus partidos. A nação é una. A nação é de todos. A nação é
do povo. A nação é dos políticos que sabem servir ao povo e não se servirem do
povo. A nação é do desenvolvimento e do progresso, mas também é da ordem e do
respeito à cidadania.
Queiram
ou não os inimigos da democracia, ela está instalada, definitivamente, para a
incolumidade das instituições e em prol da população brasileira. Da mesma
forma, a segurança jurídica está arregimentada nas leis e na Constituição da
República, que, a rigor, podem ser reformadas, mas sempre no intuito de
melhorar o intelecto e a qualidade de vida das pessoas.
A
paixão nacional doravante é pelas investigações deflagradas contra os acusados
de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha
e apropriação indébita. A paixão nacional atual é pela apuração dos crimes, com
punição severa dos desvios e devolução do dinheiro aos cofres públicos. A
paixão nacional hoje é pelo fim da impunidade e pela condução dos criminosos ao
encarceramento e ao cumprimento de penas, sem exceção.
Entretanto,
a paixão nacional não pode se perder ou se deixar levar por extremismos. A
lista de investigados do ministro do STF, Edson Fachin, coloca em xeque uma boa
parte das lideranças politicas do país, à direita e à esquerda, e, por este
motivo, não pode permitir que aventureiros da mesma estirpe tomem a dianteira e
se aproveitem do caos político que descortina, além do desastre econômico e
social já inaugurado. Todo cuidado é pouco. A democracia é intocável e não
admite amadorismos nem aproveitadores.
A
paixão nacional emergente é enterrar a corrupção e seus respectivos protagonistas.
O grande desafio para o país é chegar a 2018 com a democracia intacta, com as novas
eleições realizadas, e com soluções para a crise econômica, o desemprego, a
inflação, os juros altos e o baixo poder de compra. Tudo isso, com a devida
paixão nacional, mas sem permissão para atos repressivos, civis ou militares.
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Wilson
Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Especialista em Direito Tributário,
Trabalhista e Ambiental).
Tomara, Dr. Wilson, que suas palavras se tornem realidade para o sofrido povo brasileiro. Mudar de paixão, passando para a paixão pelo país, pelo combate aos criminosos. Parabéns pelo excelente artigo. Suzete A. F.
ResponderExcluirVamos despertar a paixão pela honestidade, pelo respeito ao nosso país. Vamos reservar as celas das cadeias para os corruptos e para os detratores da nação. Muito bom o texto, parabèns doutor. Gabriel M. S., BH.
ResponderExcluirConcordo com todo o dito. O brasileiro precisa aprender a votar, rápido, e não eleger mais essa corja de ladrões, que passam o feudo de pai para filho. Chega. Não aguento mais pagar impostos e não ter um país decente pata viver com minha família. Moacyr H. M. G., empresário, MG.
ResponderExcluirExcelente o seu trabalho professor. Infelizmente, me resta pouca esperança de que as coisas mudem. O brasileiro é incapaz de abrir mão dos seus privilègios a bem da coletividade. Estamos num beco sem saída no caso da previdência, por exemplo. O caso do Sarney e suas aposentadorias é emblemático. Quantos casos semelhantes existem no pais?(agora já escrevo com "p" minúsculo). Tem muitas coisas passando batidas por falta de arguição por quem devia questioná-las. Uma delas: A DÍVIDA PÚBLICA. Quantas vezes o PT e seus puxadinhos pediram o impedimento de FHC por causa da dívida de menos de 160 bilhões de dólares, pela qual pagávamos juros de 5% a/a. Os banqueiros emprestaram o dinheiro ao Lula, ele pagou ao FMI e saiu do Oipoque ao Chuí, 24 horas por dia dizendo haver livrado o Brasil da herança maldita de FHC. Na realidade ele fez um execelente negócio para os banqueiros(eu duvido que a contra-partida dele não esteja nalguma conta secreta, ele nunca foi bobo). Nós é que saimos ferrados: passamos a pagar aos banqueiros a Taxa Selic que hoje é 12,25%, mas na ocasião era de 19,25% a/a. Eu não entendo por que, somente um Senador lá do Tocantins, cujo nome, salvo engano, é Ataídes de Oliveira, de quando em vez, põe o dedo nessa ferida. Não consigo entender por que a enxurrada de equívocos praticados pelo Lula e seu poste Dilma aos poucos vão caindo no esquecimento. Seria o dinheiro dos poderosos (que antes era nosso) sendo derramado na propaganda política? Pelos índices de aprovação(da propaganda política paga) Lula está na frente de todo mundo. Por isto fico descrente. Só nos resta pedir a Deus que se apiede de nós. Um abraço e bom dia professor. Salvador A Magalhães - Sta. Tereza - Bhte.
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