O VOTO DO MEDO.
Aquele voto
imposto pelo coronelismo da velha República não mais prevalece nos grandes
centros, mas nas regiões menos favorecidas ainda imperam o favor, o mando, o
medo e a subserviência na época das eleições. A oligarquia não abandona esses
lugares mais distantes e mais pobres, e sempre retorna e se apossa dos atos e pensamentos
dessa gente humilde, que nunca soube o que é votar, verdadeiramente.
O voto de
cabresto, fruto do medo e da repressão, nada mais é do que fazer a vontade do “coronel”,
do “chefe político”. É triste admitir, mas em pleno século 21 isso ainda acontece.
Nunca o velho
esteve tão novo, por mais inacreditável que pareça. A dominação econômica
dos fortes e poderosos de outrora passou a se mostrar, na atualidade, com a
cara deslavada dos políticos corruptos, que tentam se perpetuar no poder, geração
após geração, para inteira desgraça da população.
A
politicagem ordinária, própria dos candidatos que prometem emprego e cesta
básica, hoje é realizada sob a proteção dos organismos públicos, que utilizam a
simplicidade das pessoas e oferecem Bolsa Família, que, no final das contas, se
trata de uma forma de alienação e submissão. O povo precisa de emprego, saúde,
moradia, segurança, educação e respeito.
Ampliaram apenas a forma e o nome do voto do medo. Agora, modernamente, o chamam de Bolsa
Família, mantendo as pessoas sob condição de inferioridade, em vez de
incentivar e dar melhores possibilidades de vida a todos. O voto do medo e o
Bolsa Família, segundo alguns praticantes da politicagem, se parecem e se
misturam, tamanha a dependência das pessoas por este “favor” governamental.
O “curral
eleitoral”, assim chamado pelos candidatos sem pudor, sem caráter e
desconhecedores da ética, reflete a imagem de indivíduos humildes, envergonhados,
mas que dependem de um ou outro político para sobreviverem em suas terras, em
suas propriedades ou em suas capitanias hereditárias, de pai para filho, administradas
por exploradores, típicos “laranjas” de políticos que nunca querem largar a
banda podre do poder.
Nas
comunidades longínquas desse nosso belo país, em épocas de eleições, as pessoas mais humildes vivem momentos
de angústia e sofrimento, principalmente quando os militantes imbecis de
partidos políticos, violadores do respeito e da honra, ameaçam tirar a casa, o
emprego, o pedaço de terra, a água, a plantação, se elas não votarem em seus
candidatos, já previamente escolhidos. Já nos centros urbanos, mesmo contando com pessoas mais ligadas na internet e nas redes sociais, em épocas de eleições, as chantagens surgem por meio de militantes arrogantes e mentirosos, representantes de candidatos "poderosos", que espalham notícias falsas de que o Bolsa Família vai acabar ou que o candidato fulano vai tirar o auxílio das pessoas, caso seja eleito. Tudo covardia, intriga e canalhice da politicagem barata.
Enquanto a
sociedade organizada se cala diante de tudo isso, as caravanas dos larápios do voto passam, silenciosamente,
mas com seus ocupantes rindo com escárnio dessa gente simplória, sofrida e de pires na mão.
O Tribunal
Superior Eleitoral e os Tribunais Regionais Eleitorais precisariam intervir
nessa questão de forma transparente, imparcial e intransigente, coibindo de vez
esses votos do medo e do cabresto, esses “benefícios”, essas “esmolas”, que não valorizam o ser humano. Ao contrário,
desqualificam-no por toda uma vida.
Assim como o
candidato ficha-suja, o voto do medo carece de uma atitude aniquiladora, libertando-se
os mais humildes da sanha enganadora dos politiqueiros de plantão, que recebem votos sem
esforço, que controlam setores carentes com mãos de ferro, que ameaçam os indefesos, e que
subornam e compram votos. Isso precisa acabar. O eleitor precisar ter liberdade
para votar em quem quiser, em prol da decência desse país.
Cabe,
portanto, à sociedade e ao próprio eleitor, colocar um fim nessas anomalias (candidato ficha-suja e voto
do medo), fazendo valer o que lhe assegura a Constituição Federal em seu Art.
14: “A soberania popular será exercida
pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos,
e, nos termos da lei...”.
Uma
verdadeira nação não se faz com homens e mulheres submissos, mas com cidadãos
honrados e orgulhosos, cujos direitos são inegociáveis. Diga não ao candidato
ficha-suja. Diga não ao voto de cabresto. Diga não ao voto do medo.
Wilson
Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
É triste, mas ainda acontece as pessoas votarem nos fulanos que alguém pediu ou mandou. Muito atrasado, coisa de terceiro mundo, de gente que não se respeita. NÃO pode vender o voto, nem aceitar votar porque alguém mandou ou pressionou. Caramba, isso já passou da hora de acabar. O povo precisa honrar o voto e não votar nessa cambada de fichas sujas. Acorda, Brasil!!!!! Henrique Octávio M. F.
ResponderExcluirSra SONIA FIUZA
ResponderExcluirSegue-se o Art. O VOTO DO MEDO de Autoria Voluntário, Dr Adv WILSON CAMPOS.
SE POSSÍVEL, REFLITAMOS A RESPEITO. CONTEXTO INDICADO: Voto consciente em OUT/2018.
SDS
Ernani Ferreira Leandro
EXCELENTE O ARTIGO. ALIÁS, EXCELENTE É POUCO. É EXCELENTÍSSIMO O ARTIGO, QUE ABRE OS OLHOS DO POVO PARA ESSE VOTO COMPRADO, ALICIADO, QUE FAZ COM QUE AS PESSOAS MAIS HUMILDES E AT´É MESMO OS MAIS LETRADOS CAIAM NA LÁBIA DE POLÍTICOS INTERESSEIROS E SEM COMPROMISSO COM A POPULAÇÃO. ESSE VOTO DO MEDO ACONTECE SIM NO BRASIL, POR TODO CANTO, COM POLÍTICOS OFERECENDO ALGUMA COISA EM TROCA DO VOTO DO ELEITOR.
ResponderExcluirQUE SAUDADES DOS POLÍTICOS ANTIGOS MINEIROS QUE DAVAM LIÇÃO DE PATRIOTISMO. HOJE SÓ POLÍTICA DE MERCADO, TIRANDO DO POVO E ENFIANDO NO PRÓPRIO BOLSO E FAVORECENDO AMIGOS. TUDO NA BASE DO INTERESSE, E O POVO QUE SE DANE. PORTANTO, MINHA GENTE, VAMOS VOTAR CERTO E ESCOLHER BEM NESTAS ELEIÇÕES. VAMOS MUDAR A CARA DO BRASIL. MEUS PARABÉNS AO DR. WILSON CAMPOS PELO BRILHANTE ARTIGO.
Professora e mestra universitária Madalena M. O. S. de Lima.
Dr. Wilson,
ResponderExcluirEsta é a nossa realidade.
Marco T. Braga
Mas existe consciência para esta atitude????
ResponderExcluirVejo pessoas que votam aleatoriamente.
Depois nem se lembram em quem votaram e porque.
Ainda é preciso muita mudança de paradigma, para que ocorra esta conscientização.
Falo do que vejo no meu dia a dia, de cidadã engajada e consciente.
Aos poucos as coisas mudam, mas muito lentamente. Gláucia M. Cunha.