PRESSÃO POR METAS.
O Informativo
Trabalhista da ABRAT trouxe, recentemente, matéria sob o título: “Pressão por metas em
banco gera adoecimento e dano moral”.
Aconteceu o seguinte:
Em Minas Gerais, uma
bancária ganhou na Justiça o direito a uma indenização por danos morais, no
valor de R$ 25 mil, após ter sido vítima de assédio no banco em que trabalhava.
A decisão foi da 10ª Turma do TRT-MG, que manteve a punição aplicada pela 2ª Vara
do Trabalho de Governador Valadares.
O depoimento de
inúmeras testemunhas foi crucial para o relator do caso, o juiz convocado Vitor
Salino de Moura Eça, constatar o assédio moral que, segundo ele, desestabilizou
não só a autora do processo como também os demais colegas de trabalho. Nas
palavras do relator, “o Banco desconsiderou totalmente a condição humana dos
trabalhadores”.
Uma das testemunhas
contou que “as cobranças eram sempre muito duras, incisivas e diárias. E feitas
pessoalmente, em reuniões e até mesmo por e-mail frequentes. Quem não atingisse
o resultado esperado, além de não ganhar premiações, era ameaçado de
transferência ou demissão pelo superintende ou pelo gerente-geral”.
Outra testemunha
relatou que, “em função do ambiente de trabalho, chegou a passar mal, foi
afastada por atestado médico e diagnosticada com a síndrome do esgotamento
profissional, conhecida como Síndrome de Burnout”. Ela disse ter presenciado a
reclamante sofrer até restrição do local de trabalho em função das tentativas
de engravidar. E citou como exemplo a determinação para que a funcionária
trabalhasse durante o ciclo de ovulação, por empréstimo, em outra agência.
O relator destacou o
fato de que, nas reuniões de trabalho das sextas-feiras, eram reiteradas as ameaças:
“O detalhe do dia da reunião é muito relevante para demonstrar o desgaste
imposto aos empregados e a ausência de propósito pedagógico na cobrança de
metas. No final da semana já não havia mais nada o que fazer para recuperar as
metas, senão remoer e sofrer com as ameaças durante a folga semanal”.
Para o julgador, a
bancária foi vítima de assédio moral, o que comprova o dano e sustenta a
manutenção da decisão de 1º grau. No tocante à indenização, ele reduziu de R$
50 mil para R$ 25 mil, valor que considera mais adequado às circunstâncias do
caso. (Fonte: TRT-3).
Ao meu sentimento, o
caso explicita o que vem ocorrendo em muitas empresas e não apenas nos bancos.
A pressão exagerada por cumprimento de metas tem transformado num inferno a
vida de muitos trabalhadores. Daí a necessidade de o Poder Judiciário atentar
para a questão, independentemente das problemáticas levadas à Justiça do
Trabalho, que serão resolvidas pela especializada.
Corroboro, pois, com
o entendimento de Simony Jara Russo (2009), que afirma:
[...] é necessário saber, que a
política de metas não é só cobrar resultados dos funcionários, tem todo um
trabalho por trás disso, por exemplo, antes de o vendedor trabalhar a venda do
produto, a produção e o fornecimento precisam estar estruturados, o marketing
deve estar bem posicionado. O produto já deve estar praticamente aceito junto à
sociedade, antes da cobrança de se alcançar vendas exorbitantes.
Em outras palavras, a
fixação das políticas de metas deve ser consciente para que esta seja benéfica
à organização, bem como aos empregados, o que significa que não adianta uma
cobrança por resultados grandiosos, sem que haja uma estrutura mercadológica
compatível com tal cobrança.
Em suma, no caso
concreto, a prática de cobrança de metas nos bancos é comprovadamente uma das
principais fontes de adoecimento dos bancários. Os transtornos psíquicos são os
sintomas mais comuns entre os trabalhadores da categoria, resultado do clima de
controle rígido nas agências, marcado pela pressão diária por produtividade e
por metas inatingíveis. Portanto, como visto na decisão trabalhista, os bancos
devem ficar atentos, já que essa estratégia organizacional pode caracterizar
assédio moral e, pior, levar seus trabalhadores ao adoecimento por culpa
empresarial.
Wilson Campos
(Advogado/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental).
Li e confesso que passei por isso. É muito ruim e adoece a gente, além de colocar a gente pra baixo. Até depressão em tive. Depois de muito tempo eu superei e somente trabalho em empresas que me respeitam e não me obrigam a ficar feito louca e sem dormir à noite. Parei com isso. Trabalho muito, mas agora, por prazer e com alegria. PARABÉNS PELO EXCELENTE ARTIGO NESSE BLOG CHEIO DE INFORMAÇÕES PRECIOSAS. EXCELENTE, DOUTOR WILSON CAMPOS. Manoela S. A. D. Cônego.
ResponderExcluir