VOTO DE CABRESTO.

O coronelismo da Velha República Oligárquica há muito voltou e bem de mansinho se apossou dos atos e pensamentos dessa gente humilde que um dia pensou saber votar.

O voto de cabresto, fruto do medo da repressão, somado à vontade de agradar o "coronel", deixou suas formas originais para se transformar num protótipo de covardia e subserviência.

Nunca o velho esteve tão moderno, por absurdo que seja, numa demonstração trágica de horror e falta de vergonha, reinantes nesta republiqueta medíocre que se diz democrática, fértil apenas nas mentes dos fracos (data venia, com as devidas e justas exceções, até transitar em julgado).

A dominação econômica dos fortes e poderosos proprietários de outrora passou a se mostrar, na atualidade, com a cara deslavada dos políticos corruptos, infelizmente fadados a se perpetuarem no poder, de geração a geração, para nossa inteira desgraça.

Se com promessas furtivas de emprego e distribuição de benefícios materiais baratos, aliciava-se o voto antigamente, hoje o fazem às claras, sob a proteção dos organismos públicos - Bolsa Família, Bolsa Desemprego, Bolsa Cota Universitária, Bolsa Invasão de Terra...

Mudaram apenas a forma e o nome do voto de cabresto. Agora, modernamente o chamam de Bolsa isso, Bolsa aquilo...

O curral eleitoral voltou a ser a sanha dos embevecidos pelo poder, sem caráter e desconhecedores da ética. A manutenção desse cabresteiro é feita pelo Programa Social do País, com um silenciador chamado Bolsa "Esmola", que envergonha até os mais humildes.

As comunidades nordestinas e tantas outras deste nosso belo País, vivem em épocas de eleições, momentos de angústia e sofrimento, quando os militantes imbecís de partidos políticos violadores do respeito e da honra, ameaçam tirar o Bolsa "Esmola"se não votarem em seus candidatos.

A sociedade se cala e as caravanas dos larápios do voto passam, silenciosamente, rindo com escárnio dessa gente simplória, sofrida e de pires na mão.

O Tribunal Superior Eleitoral e os Tribunais Regionais Eleitorais precisariam intervir nesta questão de forma transparente, imparcial e intransigente, coibindo de vez esses "benefícios", essas "esmolas", que não valorizam o ser humano, ao contrário, o desqualificam por toda uma vida.

Assim como os "ficha-limpa" ou "ficha suja", os "votos de cabresto" carecem de uma atitude aniquiladora, controlados por uma sociedade democrática que se importa com a decência desse País.

Muitas fábricas de calçados e de roupas já enfrentam dificuldades terríveis por falta de mão-de-obra. Por que? Ah!, o governo bonzinho dá Bolsa Família.

Outras tantas empresas do comércio e da construção civil estão com vagas disponíveis e não aparecem candidatos. Por que? Ah!, o governo populista dá Bolsa Desemprego.

E assim caminha a humanidade brasileira, sem eira nem beira, subordinada a vontades de politicagens desmedidas e descompromissadas com a dignidade.

Enquanto o voto de cabresto ressurge em formato de Bolsa, os brios escoam pelo ralo.

O trabalhador e a trabalhadora brasileiros não precisam dessas "esmolas", desses "cala bocas". Precisam, sim, de trabalho e condição de vida dignos, que os faça caminhar de cabeça erguida e sem medo de dizer NÃO.

À sociedade cabe impor um fim a estas anomalias (candidato ficha-suja, voto de cabresto), fazendo valer o que lhe assegura a Constituição Federal em seu Art. 14: "A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei..."

Uma verdadeira nação não se faz com homens e mulheres submissos, mas com cidadãos honrados e orgulhosos, cujos direitos são inegociáveis.

Comentários

  1. Wilson,
    Em tempos de eleição há necessidade de se refletir sobre o assunto. Parabéns pela iniciativa! Seu texto abre espaço para discussões e precisa ser divulgado. Vivemos num país em que a democracia estabelece que o voto é um direito e eu ouso dizer que passa a ser uma obrigação, uma vez que exigem de mim uma manifestação por vezes submissa e irrefletida (uma vez que não nos foi ensinado a fazê-lo). Na ação de votar é de grande importância que o eleitor pense e reflita. O destino político de um povo pode mudar se nos mobilizarmos e criarmos condições para que as pessoas tenham acesso a informações acerca das falcatruas e excessos de políticos corruptos. Como pedagoga, acredito que a educação desenvolvida para o pensar, o meditar e o criticar faz a diferença. Tenho lutado por uma educação de qualidade capaz de transformar essa realidade!
    Um abraço,

    Heloisa

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