MINAS GERAIS !!! QUEM TE CONHECE...

Nunca se fez tão pouco por Minas Gerais, como nos tempos atuais. As lembranças de políticos afeitos à moral e à defesa intransigente das terras mineiras se vão longe, muito longe. A proteção das Minas e das Gerais ficou a cargo da população. Os representantes do povo se escondem nas trincheiras luxuosas de Brasília, nos calçadões de Copacabana e nas intermináveis viagens internacionais. O chão mineiro já não lhes satisfaz. Às origens eles volvem, quando querem, tão somente para caça aos votos dos simplórios, para reeleições planejadas à custa do erário público e para visitas esporádicas às expensas do cidadão comum.

Os políticos neófitos lançados no seio da tradição mineira, que não sabem dialogar com o povo, que nunca se sentaram na varanda de uma casa do interior para colher sabedoria, que jamais ouviram as vozes dos contrários pois rodeados de bajuladores sem caráter, não merecem ser chamados de políticos mineiros.

Um representante do povo mineiro que não sabe questionar o Governo Federal e não tem coragem para tal, não pode estar à altura ou à sombra dos Grandes Nomes da Política Inconfidente, que no mínimo souberam contestar e jamais aceitar a subjugação deste berço pátrio das nossas tantas Minas Gerais.

Afinal, quem sois, Vossas Excelências, representantes do povo, políticos mineiros - ministro, senadores, deputados federais, governador, deputados estaduais, prefeito e vereadores? Quem sois, que não os vejo a defender as nossas Minas Gerais que agonizam? Quem sois no atual governo federal, estadual ou municipal, que não se rebelam a favor das nossas Gerais? 

Que tristeza olhar e ver os nossos representantes, eleitos por este povo sem memória, mas bom de índole e de alma, abusarem descaradamente de seus eleitores, se calando quando deveriam protestar, se omitindo quando deveriam se apresentar, se escondendo quando deveriam bater de frente, se esquecendo da Constituição da República quando deveriam levantar a voz e exigir pelo seu cumprimento no que determina o artigo 21, inciso XVIII: "Compete à União: [...] planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações".

Planejar e promover...

Defesa permanente...

Contra as calamidades públicas...

Especialmente as secas...

E as inundações...

Palavras e mais palavras. Termos e mais termos descumpridos e ignorados, porque o povo a que se destinam não grita, não vai às ruas, não protesta, não se indigna. O povo está, agora, submerso. E o momento é de solidariedade - do povo para o povo. É o que nos resta: solidariedade. Enquanto não se tiver uma política honesta neste país, o povo brasileiro cuida do povo brasileiro. Enquanto não se tiver uma política honesta nestas Minas Gerais, o povo mineiro cuida do povo mineiro. E enquanto durarem as chuvas, as inundações, os destroços, os lamentos e as lágrimas, o povo brasileiro é solidário ao povo mineiro, porque os políticos passaram ao largo das águas e da lama que cobriram sonhos.   

E as nossas cidades são arrasadas por enchentes previsíveis, enquanto os políticos mineiros não dão as caras.

E os nossos concidadãos perdem tudo para as fortes chuvas torrenciais, enquanto os nossos políticos mineiros ganham os ares em viagens espetaculares.

E as crianças choram pela perda de tudo e pela fome, enquanto os políticos mineiros sorriem a gastarem tudo, muito longe daqui.

E os pais lamentam, aos prantos, a perda da casa, dos móveis e até do alento de viver, enquanto os políticos mineiros descansam de um trabalho que nunca exerceram.

E os lares se avolumam de água suja e lama, enquanto os políticos mineiros se chafurdam no vício do escárnio para com a sociedade.

E as inundações se multiplicam pelas cidades destroçadas, cortadas apenas por canoas, enquanto os políticos mineiros, alheios a tudo e a todos, gozam férias e gozam da cara dos otários, cortando os mares em navios suntuosos.

E os homens, mulheres e crianças se atolam na lama da terra deslizada das encostas, enquanto os políticos mineiros não querem e não podem sujar seus pés protegidos por sapatos de pelica.

E os idosos, enfermos, transportados em carrinho de mão, vencem as distâncias, à procura de um médico de plantão, enquanto os políticos mineiros desfilam nas capitais, em seus carrões, com motorista particular, à procura de uma clínica de estética ou spa.

E as milhares de famílias, ilhadas em cidades submersas, se sujeitam à sede e à doença, enquanto os políticos mineiros com muita saúde se esbaldam em gastanças por lugares nunca dantes navegados.

E os horizontes se perdem nos olhos marejados de tanto sofrimento, de um povo alquebrado e vencido, enquanto a política sanguessuga se acha no direito de verter o sangue já ínfimo das ralés miseráveis. 

E as mais de cem cidades mineiras se tornam reféns e de pires na mão, enquanto a política brasileira se apronta para um tour aos amigos do Haiti e de Cuba.

E a seca que assola os estados do sul do país, causando choro e desolação, lá como cá, se depara com políticos movidos apenas pela sensibilidade do cargo e do salário que ganha.

E as mortes causadas não envergonham, não incriminam, não dão cadeia, enquanto a política partidária se esconde e aponta o dedo sujo para o ex adversus e grita : a culpa é dela!

As chuvas vão diminuindo e as soluções adiadas - o planejamento e a promoção da defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações, previstos na Carta Magna, vão sendo empurrados para debaixo do tapete persa do Congresso Nacional.

E mais uma vez o povo se põe de cócoras. Coloca o queixo no joelho e espia...espia...espia...mas não reage.

Chega de posição em cócoras. Basta de inércia. Reage Povo Mineiro. Reage Nação Brasileira. Reage, pelo amor de DEUS!

Wilson Campos (Advogado).