A FALTA QUE FAZ O CIDADÃO QUESTIONADOR E TRANSFORMADOR.

 

Vivemos uma época de predomínio da opinião rasa, do conhecimento superficial, da omissão proposital e da prisão cotidiana que arrasta as pessoas, cada vez mais, para a caverna da ignorância. É triste admitir isso, mas é o que acontece na atualidade.

 

Os livros, a avaliação percuciente dos problemas, o contexto social e a participação cívica do cidadão questionador e transformador deixaram de ser interessantes. O individualismo transcende. O egoísmo é a pedra de toque. O negativismo tupiniquim adotado com volúpia atropela a todos. 

 

Preponderam o desconhecimento do passado e o desinteresse no futuro. A ignorância é cultivada e celebrada.

 

O julgamento açodado das pessoas tornou-se uma ferramenta perigosa. As redes sociais, propagadoras de bons serviços, mas também mentirosas e nocivas na divulgação de notícias falsas, restam conceituadas como antijurídicas neste ponto. 

 

O cidadão questionador e transformador faz falta, mas está em desuso. Muitos preferem ser conduzidos como gado, cabeças baixas, rumo ao matadouro, uma vez que estão tomados pela preguiça de pensar e redarguir.

 

Assim como os prisioneiros na Alegoria da Caverna de Platão, 380 e 370 a.C, os brasileiros não querem enxergar o que acontece ao seu redor, não dão importância ao conhecimento e preferem a posição neutra e a zona de conforto geradas por aparências e costumes. Daí o surgimento da alienação espontânea e da preguiça intelectual, que são o triste marco do novo caos social.

 

A política, em razão dos escândalos e maus exemplos, já não desperta o interesse dos cidadãos, e a politicagem rasteira se aproveita desta falha para ocupar mais espaço no território e retirar direitos e garantias fundamentais. Mas as pessoas não querem saber nem ver o que se passa. Seus olhos estão voltados para as telinhas dos celulares, que viraram verdadeiras febres e vitrines do ego, e divulgam a falsa ideia de vidas felizes, mas que, na realidade, transformam os cidadãos em prisioneiros de rotinas superficiais.

 

As pessoas têm receio da verdade nua e crua. O trabalho de raciocinar cansa o coletivo sonolento. A maioria dos jovens não usa o intelecto por inteiro, não sabe se expressar com desenvoltura nem reproduz textos minimamente complexos, preferindo a pobreza linguística das palavras abreviadas, denotando, de fato, que a preguiça intelectual tem sido a mais forte característica deste século.

 

Somos o quinto maior país do mundo em área territorial, e o sexto em população. Não podemos ser omissos, fazer vista grossa e ouvidos moucos, e deixar livres para agir a Câmara com seu deplorável toma lá dá cá e o Senado com sua incapacidade de moderar o STF, que, por sua vez, abusa do ativismo judicial e profana a soberania do povo.

 

Não nos cabe mais o papel de simples coadjuvantes, mas de protagonistas. E não permitamos que as verdades sejam negadas e as mentiras se sobressaiam, como se todos estivéssemos presos numa caverna à meia luz.

 

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas tributária, trabalhista, cível e ambiental/Presidente da Comissão de defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG).

 

(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quinta-feira, 4 de março de 2021, pág. 21). 

 

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Comentários

  1. Msaria Lúcia Magalhães5 de março de 2021 às 09:45

    Dr. Wilson os seus artigos são muito bem escritos e dão uma mensagem que dá gosto ler e refletir. Obrigada pela observação porque precisamos sim ser mais questionadores dos erros políticos e transformadores da nossa própria causa cidadã que tanto prezamos. A família precisa ter mais voz e clamar por todos porque a família é tudo e nossos jovens precisam ficar mais atentos aos problemas do país e largar um pouco o celular e buscar um futuro real melhor e com mais dignidade e honestidade. Valeu muito o recado doutor. Obrigada. Fique com Deus. Maria Lúcia M. G. de O. (família da Grande BH).

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  2. Sérgio J. G. Valença5 de março de 2021 às 09:51

    Muito bom. Li no jornal e aprovei. Nós todos precisamos ficar mais ativos e participar mais porque senão o Brasil volta pras mãos erradas de antes, com corrupção e roubalheira sem fim. Brasil acima de tudo e Deus acima de todos. Vamos sair da bolha e da caverna e buscar na rua ou onde for a nossa liberdade de empreender e trabalhar, o que não está acontecendo graças aos decretos de prefeitos e governadores petistas e esquerdistas covardes que fogem até da sombra. O STF tem culpa de tudo porque está calando a voz da sociedade e do presidente, o que é um absurdo. Reação é o mínimo que precisa ter. Já. Esse STF fajuto deu poderes a muita gente que não merece. A juventude brasileira precisa acordar porque o futuro é deles e não mais nosso que já passamos dos 50. BRASIL!!!! Sou Sérgio Valença. - orgulho de ser brasileiro e empreendedor.

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  3. Eu vou dizer sobre tudo que foi falado no texto: P A R A B É N S !!!
    Jairo.

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