A TOQUE DE CAIXA, NÃO!
Não obstante a
Prefeitura de Belo Horizonte ter fomentado em gabinetes fechados, por mais de
quatro anos, a criação de projetos para mudanças radicais na cidade, o
Executivo municipal agora insiste na aprovação dessas propostas a toque de
caixa.
Os delegados da 4ª
Conferência Municipal de Políticas Urbanas, responsáveis pela análise das propostas
da prefeitura antes que sejam enviadas à Câmara dos Vereadores, não podem e
não devem ceder às pressões externas, colocando em risco a qualidade de vida e
os interesses da coletividade.
Assim como a administração teve tempo e tranquilidade para pensar esse pacote exorbitante de
diagnósticos do tecido citadino, direitos iguais cabem à sociedade civil na avaliação
criteriosa do que de fato se pretende alterar nos eixos de estruturação urbana,
habitação, mobilidade, meio ambiente, cultura e desenvolvimento.
A complexidade das
intervenções ressoa nas discussões, indagações e controvérsias, uma vez que as
proposições da prefeitura interferem diretamente na vida de milhões de
moradores, quer sejam da zona norte, sul, leste ou oeste.
O novo planejamento
urbano idealizado pela prefeitura chega a ser surreal, data venia, tamanha a ingerência nos
inúmeros quesitos da política urbana da cidade, que não está preparada para um
volume tão audacioso de mudanças e impactos.
Torna-se imperioso e
justo o adiamento do término dos trabalhos da Conferência, na perspectiva do legal
controle social das expressivas alterações pretendidas pela prefeitura.
Ademais, as interpretações das propostas são ainda confusas e conflitantes para
os delegados dos setores popular, técnico e empresarial.
Os pontos mais debatidos e controversos
dizem respeito à troca do velho zoneamento pelas novas categorias, venda da
outorga onerosa e destino dos recursos desse direito complementar de construir, flexibilização e altimetria
das Áreas de Diretrizes Especiais (ADES), estudos de estoques e potenciais
construtivos, uma vaga de garagem por unidade habitacional e centralidades sem a infraestrutura e instrumentos públicos
adequados. Enfim, muito há que se debater ainda sobre as implicações das propostas apresentadas pela prefeitura.
Noutro norte, os
delegados precisam de tempo suficiente para, também, colocar em pauta as suas
emendas e proposições, no sentido de que a cidade seja mais humana, preservada
na sua tradicional horizontalidade, com criação e manutenção de áreas de
interesse cultural, ambiental e de proteção da paisagem urbana.
Por uma questão de
obediência às diretrizes do Estatuto da Cidade, a Conferência exige calendário mais amplo para discussão das profusas e polêmicas propostas disciplinadoras do desenvolvimento da cidade elaboradas pela
administração municipal, antes que as transformem em lei e proporcionem revisões
ao Plano Diretor e à Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo de Belo Horizonte.
A toque de caixa, não!
Wilson Campos
(Advogado/Delegado do Setor Técnico na 4ª Conferência Municipal de Políticas
Urbanas de BH/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de domingo, 04/05/2014, pág. 17).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de domingo, 04/05/2014, pág. 17).
1)
ResponderExcluirMuito bom, Dr. Wilson!
Você não é apenas o advogado das associações; você é o ADVOGADO DA CIDADE!
Parabéns!
Marcelo Marinho Franco.
--------------------------------------------------
2)
Prezado Wilson,
Excelente colocação para divulgação. Muito vai contribuir para que a discussão seja ampliada.
Atenciosamente,
Júlio De Marco.
______________________________________________
3)
Parabéns Wilson.
Estou agora na plenária do Conselho de arquitetura e urbanismo cau/mg.
notícia da plenária do CAU/MG:
Foi aprovado agora por unanimidade a moção do Cau em relação a 4a conferência, abordando 3 pontos:
1- Prazo
2 - recebimento integral dos documentos e informações
3 - conselhos deliberativos que tenham representatividade efetiva da sociedade
Parabéns pra todos! !!
Att.,
Sérgio Myssior.