A INDIGNAÇÃO QUE NOS FALTA
"Não
bastassem as notícias da politicagem virulenta, o cidadão brasileiro ainda se
vê obrigado a assistir filmes diários de selvageria".
Os
horrores do dia a dia, sejam pelas cenas inumanas de extrema violência nas
capitais e no interior ou pelos espetáculos bizarros e gratuitos da politicagem
de Brasília, acabam por tornar os brasileiros um povo descrente, insensível e
de indignação tardia.
O
que é pior, criminosos pés de chinelo, vagabundos contumazes, que jogam o carro
sobre mulher grávida e mata o seu bebê, para roubar alguns pertences, ou
criminosos travestidos de torcedores, que matam antes, durante ou depois de um
jogo de futebol, simplesmente porque a vítima vestia uma camisa de time
adversário? O que é pior?
O país está estarrecido com essa violência que grassa de norte a sul e de leste a oeste, sem trégua, sem punição e sem que as autoridades coloquem um fim nessa batalha desigual, de povo de mãos limpas contra bandido
armado.
A
violência no Brasil nunca esteve tão acintosa, tão menos importante pela
exaustão da repetição e tão banalizada por aqueles que deveriam dar segurança à
população. E quanto maior o número de crimes e de crueldade praticada pela
bandidagem, maior é a incompetência do Estado, que não cumpre o seu papel e
ainda acaba por contaminar o cidadão na sua triste trajetória de ver e não se
indignar. Falta-nos indignar mais, mobilizar mais, protestar mais e exigir prontas
providências para o fim desse martírio.
Não
bastassem as notícias da politicagem virulenta, o cidadão brasileiro ainda se
vê obrigado a assistir filmes diários de selvageria, de jovens serem mortos ao sair da escola; de policial militar ser assassinado por bandidos, numa pequena
cidade interiorana de Minas Gerais, no exercício da função pública, no
cumprimento do dever e na defesa da sociedade; de grávida ser baleada ao
caminhar para casa; de pessoas serem chutadas, espancadas e mortas porque
estavam vestidas com camisas de um determinado time de futebol.
Todos
esses acontecimentos são inaceitáveis, inadmissíveis e humanamente impossíveis
de tolerar. Dá náuseas saber que essas atrocidades são reveladas enquanto a sociedade se coloca cada vez
mais de cócoras, de forma submissa diante de tudo de errado que envergonha terrivelmente
o cidadão de bem.
As
leis são muitas, mas a maioria não vale para esses indivíduos que matam, trucidam,
estupram e corrompem a civilidade. As leis de nada adiantam se não são
cumpridas, inapelavelmente, por todos e em todos os sentidos. Ora, não se pode
admitir que os crimes não sejam apenados, punidos de forma exemplar. Não se
pode conviver com essa fantasiosa alegação de direitos iguais, se os bandidos
andam à luz do dia ostentando fuzis e metralhadoras e os cidadãos ficam reféns
da ousadia e da crueldade dos marginais.
O
Código Penal, o Código de Processo Penal e a Lei das Contravenções Penais
precisam de reformas o mais depressa possível, e os juízes precisam aplicar as
penas condizentes aos condenados, sem soltura condicional ou regimes de
facilitação para o apenado. O crime precisa ser punido e o criminoso restar
ciente da gravidade do seu ato e da consequência dele.
Não
basta o Judiciário dizer que aplica a lei e que a punição está dentro do que
ela comanda, mas cabe-lhe também mostrar à sociedade onde está a lacuna. Não
basta o Estado tergiversar, protelar ou se omitir diante dos direitos
humanos se os criminosos não passam de bestas-feras, portadoras de artilharia
pesada contra pessoas indefesas.
Respondam
os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário o porquê dessa matança de crianças,
jovens e adultos, como se vivêssemos uma guerra sem fim. Onde estão os
direitos, as garantias e a segurança anunciados nas folhas frias da Carta Magna?
Por onde andam as autoridades que governam os municípios, os estados e a União? Com certeza as respostas não
virão, assim como não virão as soluções se o povo não se indignar, não
protestar e não se mobilizar.
As
famílias choram os seus entes queridos mortos, assassinados, violentados, estuprados.
O Estado permanece inerte e dentro da sua mais repugnante incompetência.
As
vítimas são esquecidas e outras surgem, dia a dia, e a sociedade não acaba com
a violência e não se sensibiliza. A violência faz vítimas e a sociedade bate de
ombros.
A
indignação que nos falta, coletivamente, soma-se à perda de vidas de inocentes.
A sociedade, essa mesma que bate de ombros, sempre indiferente e alheia, comete
os mesmos erros dos governantes incompetentes e imprestáveis, que nada fazem
diante de um mal tão terrível, tão inumano e tão arrasador.
Enquanto
os pais, mães, filhos, parentes e amigos choram os seus mortos, tristemente
levados dessa vida, os bandidos se regozijam pelos seus feitos canibais, covardes
e impunes, porque os governantes são medrosos, incompetentes e rotineiramente
preocupados com os seus próprios umbigos e não com a segurança do povo
brasileiro. E você, isso mesmo, você, o que tem feito para mudar isso? Tem
cruzado os braços e deixado acontecer? Ora, mexa-se, indigne-se, proteste e se
mobilize na defesa das pessoas de bem. Faça alguma coisa para mudar esse
panorama trágico e horripilante que nos mata aos poucos, silenciosamente,
tamanha a nossa falta de indignação.
Wilson
Campos (Advogado/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista e Ambiental).
(Este artigo mereceu publicação do jornal ESTADO DE MINAS, edição de sábado, 5 de agosto de 2017, pág. 7).
Clique aqui e continue lendo sobre atualidades da política e do Direito no Brasil
(Este artigo mereceu publicação do jornal ESTADO DE MINAS, edição de sábado, 5 de agosto de 2017, pág. 7).
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FANTÁSTICO. EXCELENTE. SUPER BOM. TUDO QUE EU PENSO E QUERO DIZER O DR. WILSON CAMPOS DISSE NO NOSSO JORNAL DOS MINEIROS "EM". SALVEMOS O BRASIL.
ResponderExcluirJUSCELINO J. S. A. Fº
Li o artigo no jornal e agora no blog repenso que precisamos sim tomar uma atitude e acabar com essa politicagem suja que arrasa com o país e gera desemprego, insegurança, desvalia, juros altos, crise, etc, etc.
ResponderExcluirComo disse o advogado Dr. Wilson Campos, depende de nós. Então....
Matheus S.D.M.