VITÓRIA DE PIRRO
“Temer consome seu capital político”.
A experiência
adquirida nas três vezes em que presidiu a Câmara dos Deputados e nas duas
vezes em que foi líder do PMDB, partido que comandou por 15 anos, tornou o presidente
Michel Temer um articulador político de vanguarda. Esse currículo coloca-o na
posição daquele que sabe dialogar com seus pares, forjar acordos e buscar apoio
da maioria necessária.
Submissamente,
o Congresso Nacional colocou-se de joelhos, haja vista o alto poder de convencimento
do governo, capaz de afastar quaisquer obstáculos, seja por meio de liberação
de verbas no interesse dos obsequiosos parlamentares, seja pelo afastamento de
pessoas de cargos públicos, indicadas por políticos.
Entretanto,
o momento mostra que o desgaste de Temer para se manter na Presidência consumiu
a pouquíssima confiança do povo que ainda lhe restava. A vitória alcançada, que
lhe possibilitou mais um ano e meio de governo, com certeza não foi das mais
gratificantes, tamanho o preço pago e diante da expressão quase unânime de
terra arrasada.
A vitória configurou-se
como uma clássica vitória de Pirro, consequência de seu alto custo e dos
prejuízos acarretados, mormente quando o governo vive crises profundas de
credibilidade, tanto pela economia estagnada quanto pela política
desacreditada, empresas paralisadas e população desempregada.
Não há outra
forma de ver a situação, não seja pela primazia da batalha do caos, alcançada à
custa de imensos sacrifícios. Pirro, rei do Épiro, derrotou os romanos na
guerra pírrica contra Asculum, no ano 279 antes de Cristo, mas perdeu grande
parte do seu exército e quase todos os amigos e comandantes no sangrento
combate. Pirro teria, então, exclamado: “Com mais uma destas vitórias estarei
perdido”.
Permissa venia, a analogia
não desmerece o afã de Temer pelo poder. Ao contrário, aplica-se a sua tenaz
busca pela continuidade na Presidência do país, mesmo com apenas 5% de
aprovação e mais de 70% de reprovação da população brasileira.
Contudo, não
se justifica, sob hipótese alguma, a impunidade do presidente face à imputação
de denúncia de corrupção passiva, que deve ser investigada, apurada e julgada
nos termos da lei.
Mas,
enquanto não se atualiza a Constituição Federal ou se muda o sistema de governo,
quase sempre na gangorra instável da pouca governabilidade, compete aos
parlamentares eleitos a deliberação em situações como a apresentada, no
exercício dos chamados “freios e contrapesos”, de competência da Câmara dos
Deputados.
A lição que
fica é a de que o cidadão brasileiro precisa exercer o voto com consciência e
sabedoria, independentemente de sua preferência partidária.
Por
enquanto, o presidente Michel Temer tenta votar as reformas “estruturantes”
anunciadas. No entanto, se vier mais uma denúncia...
Wilson
Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Especialista em Direito Tributário,
Trabalhista e Ambiental).
(Este
artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quinta-feira, 17 de agosto
de 2017, pág. 21).
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Se vier uma nova denúncia....
ResponderExcluirO Temer não deveria ter se colocado nas mãos dos deputados, porque agora eles vão tirar até as calças dele, porque se tem uma raça que não vale nada são esses políticos do Congresso. Uma vergonha em todos os sentidos.
Gostei demais do artigo. Perfeito e foi no ponto certo da problemática brasileira atual.
Parabéns eminente Dr. Wilson Campos.
Vinicius J. S. N. - médio empresário - BH-Brasil
O belo artigo, como sempre todos da lavra do Dr. Wilson Campos, mostra-nos a realidade de que o governante quando se coloca sob controle do legislativo... é um Deus nos acuda. Pobre do presidente Temer agora, para atender as vontades dessa Câmara dos Deputados cheia de parlamentar perdulário, gastador, ineficiente, e com quase todos os seus membros metidos na operação lava jato. Só mesmo o povo para colocar o país nos eixos, porque se o povo quiser o povo consegue. Precisam todos reagir - trabalhadores, empresários, entidades, cidadãos, famílias, militares, civis. Todos. Eustáchio P. H. Manns.
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