O CONGRESSO BRASILEIRO.
“Um dos mais caros do mundo”
É
triste e vergonhoso constatar que o Congresso brasileiro é um dos mais caros do
mundo. Quando se fala tanto em 'tempo de ajuste fiscal', o
Congresso Nacional não dá exemplo de austeridade e, ao contrário, aumenta suas
despesas, que sempre são jogadas nas costas da população. A Câmara dos
Deputados e o Senado Federal têm orçamento previsto de R$ 10,5 bilhões para este
ano. Isso quer dizer que o trabalho dos parlamentares brasileiros custará o
equivalente a quase R$ 29 milhões por dia ou R$ 1,2 milhão por hora.
O
valor aventado pelo informativo da “Associação Contas Abertas” está previsto no
Projeto de Lei Orçamentária Anual. Segundo notícias divulgadas, a dotação para
o orçamento de 2019 é superior às dotações de investimentos realizados por cada
um dos ministérios do governo federal.
Antes
de continuar a mostrar os números absurdos da gastança da Câmara dos Deputados
e do Senado, vale notar que o Congresso é o órgão constitucional que exerce, no
âmbito federal, as funções do poder legislativo, quais sejam, elaborar/aprovar
leis e fiscalizar o Estado brasileiro (suas duas funções típicas), bem como
administrar e julgar (funções atípicas). O Congresso é bicameral, logo composto
por duas Casas: o Senado Federal (integrado por 81 senadores, que representam
as 27 unidades federativas - os 26 estados e o Distrito Federal) e a Câmara dos
Deputados (integrada por 513 deputados federais, que representam o povo). O
sistema bicameral foi adotado em razão da forma de Estado instalada no País (federação),
buscando equilibrar o peso político das unidades federativas.
O
maior orçamento é o da Câmara dos Deputados. Além de 513 deputados, a Casa
possui 3.344 servidores ocupantes de cargos efetivos (concursados) e 12.456
servidores ocupantes de cargos em comissão (nomeados por autoridade competente,
sem a necessidade de concurso público). Dentre os servidores de cargos em
comissão, 10.883 são do secretariado parlamentar e 1.573 são ocupantes de
cargos de natureza especial (CNEs). Esses números e dados são fornecidos por portais
de transparência e de informação de orçamentos públicos.
No
total, para 2019, estão previstos R$ 6,1 bilhões de orçamento para a Câmara dos
Deputados.
Dessa
forma, R$ 4,9 bilhões, o que representa 80,3% do orçamento, será destinado ao
pagamento de pessoal e encargos sociais. Os recursos são pagos por meio do
grupo de natureza da despesa (GND) 1 que inclui a despesa com o pagamento pelo
efetivo serviço exercido de cargo, emprego ou função no setor público, quer
civil ou militar, ativo ou inativo, bem como as obrigações de responsabilidade
do empregador.
Já
as outras despesas correntes somarão o total de R$ 1,1 bilhão. Nesse grupo se
computam os gastos com a manutenção das atividades dos órgãos, cujos exemplos
mais típicos são: material de consumo, material de distribuição gratuita,
passagens e despesas de locomoção, serviços de terceiros, locação de mão de
obra, arrendamento mercantil, auxílio alimentação, etc. Os recursos que tratam
de obras e da compra de equipamentos, denominados investimentos, deverão somar
R$ 127,7 milhões na Câmara.
O Senado Federal, por
sua vez, tem orçamento um pouco mais modesto. A previsão inicial é que a Casa
custe R$ 4,4 bilhões aos cofres públicos este ano. A maior parcela dos
dispêndios também deve ir para os gastos com pessoal e encargos sociais: 84% do
total, o equivalente a R$ 3,7 bilhões. As outras despesas correntes devem
consumir R$ 627,6 milhões. Já nos investimentos o total será de R$ 49,7
milhões. Isso, para 81 senadores. Fonte: “Contas Abertas”.
Outro absurdo é a
quantidade de recursos disponíveis para deputados e senadores. Existe um número
elevado de “assessores”, se assim se pode chamar: pessoas em cargos
comissionados, barbeiros, motoristas, tomadores de conta de carro, lavadores de
carro, etc. E por aí vai se perdendo o dinheiro suado do povo brasileiro, e o
luxo dos parlamentares se transformando num enorme e incontrolável cabide de
empregos. Essas observações são compartilhadas pela BBC News Brasil.
A sociedade
brasileira, quando quer, emite opinião severa de que seria possível revisar
auxílios concedidos atualmente aos parlamentares, levando em conta, contudo, a
necessidade de garantir reembolso para deslocamentos, já que os deputados e
senadores viajam semanalmente dos seus Estados de origem para Brasília. Nem
todos, mas a maioria.
A rigor, a Câmara e o
Senado precisam passar por um enxugamento geral e irrestrito dos cargos comissionados e do
recrutamento amplo. Veja-se que o Congresso tem uma estrutura de serviços que
não é própria do serviço legislativo, mas que é nababesca e abusiva aos olhos
dos cidadãos que pagam a salgada conta. O sistema bicameral precisa passar por
análises criteriosas de gastos, de maneira que seja apurado o que é superficial
e o que não é, e fazer uma redução drástica de custos, gastos, despesas.
Urgentemente!
Um esforço nacional
seria combinar o número de deputados e senadores efetivamente necessários, com
as despesas que eles geram. Ou seja, o número de parlamentares seria reduzido
e, por combinação lógica, também seriam reduzidas a despesa e a absurda
mordomia. Por conseguinte, a pergunta da nação brasileira é: para que tantos
parlamentares (deputados e senadores), se eles apenas geram gastos
desproporcionais que aumentam descaradamente a cada ano que passa?
Nesse mesmo sentido
da redução dos orçamentos da Câmara e do Senado viriam as despesas diretamente
ligadas ao parlamentar, reduzindo os penduricalhos e os cargos nas comissões e em
outras estruturas administrativas das Casas. Ora, o Brasil está implorando por
reformas e os senhores e senhoras do Legislativo nacional parecem não ouvir nem
enxergar.
O fundo do poço ainda
não foi mostrado às claras. Existem também os altos salários, as verbas extras
para moradia, os empregados indiretos, o aluguel de escritório, a conta do telefone,
os veículos, o combustível, a divulgação do mandato, as passagens aéreas, entre
outras regalias. Plano de saúde em condições vantajosas e até vitalício. Ajuda
de custo equivalente a dois salários adicionais no início e no fim do mandato. Ou
seja, a coisa não tem paradeiro e sai tudo do bolso do pobre cidadão
brasileiro, valendo observar que esses são alguns dos benefícios que fazem do
Congresso Nacional um dos parlamentos mais caros do planeta.
No Brasil também se
destaca o número de assessores pessoais por congressista. Nos Estados Unidos,
cada deputado pode contar com até 18 auxiliares. No Chile, com 12, e na França,
com 8. Já no Brasil esse número chega a 25 assessores. O Senado brasileiro
permite a contratação de 55 funcionários, mas há senadores que chegam a muito
mais. É o caso de Fernando Collor de Mello (PTC-AL), com 80, e de João Alberto
Souza (MDB-MA), com 84 servidores às suas ordens. Tudo isso, segundo dados dos
informativos de transparência e dos portais de orçamentos públicos.
Levantamento do
jornal El País,
focado na América Latina, também aponta a disparidade entre os ganhos dos
parlamentares e o salário médio dos cidadãos que eles representam. O Brasil tem
a maior remuneração para deputados e senadores da região, seguido de Chile,
Colômbia e México. Um congressista brasileiro recebe somente de salário o
equivalente a 35 salários mínimos de R$ 998,00.
Mas por que o Brasil
chegou a esse ponto? Segundo especialistas e observadores políticos, o
principal motivo é a falta de vigilância da sociedade. Gastos são alterados por
decretos ou por atos, em surdina, sem que a sociedade tenha ciência disso. O
Brasil ainda é incipiente em controle social. Esse fator é relevante para
entender porque os gastos com o Congresso são tão expressivos no país. E a
realidade só será mudada quando o brasileiro perceber que sua participação no
processo democrático não se limita ao voto. Falta maturidade da cidadania para
fiscalizar, não bastando apenas criticar. Faz-se necessário também avaliar e fiscalizar
as políticas públicas; avançar além da indignação; e apontar caminhos para a
cidadania. A sociedade brasileira precisa ser mais atuante e vigilante.
Com esses salários,
penduricalhos, ajudas, auxílios e mordomias entregues aos seletos membros da Câmara
dos Deputados e do Senado, a continuar assim, o país nunca terá dinheiro
suficiente para a merenda escolar, para a estruturação da saúde e da educação,
para o fortalecimento da segurança pública, para a proteção do meio ambiente,
para a construção e reforma das estradas, e para outras mil necessidades
básicas da população brasileira. Já passou da hora de a sociedade reagir a tudo
isso e se mostrar mais ativa, atuante, exigente e vigilante com questões tão
importantes para a vida do cidadão brasileiro, para essa e para as gerações
vindouras.
Daí a urgência para
que o brasileiro dirija o seu foco e a sua atenção para as informações gerais que
digam respeito aos políticos e ao povo; para a legalidade ou ilegalidade do
dispêndio público; para o acompanhamento dos valores dos orçamentos da gestão
pública; e para a fiscalização dos gastos, das despesas e das contas públicas. De
sorte que, não há mais tempo a perder, uma vez que a cidadania precisa ser
participativa, principalmente quando os Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário estiverem a exigir rigor da sociedade e maior controle social. E ao
que parece, há fortes indícios de que o Congresso está gastando mais do que
pode pagar a pobre população brasileira.
Wilson Campos
(Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
Clique aqui e continue lendo sobre temas do Direito e da Justiça, além de outros temas relativos a cidadania, política, meio ambiente e garantias sociais.
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Sou meio empresário e meio profissional liberal e não aguento mais pagar impostos para sustentar deputados e senadores e demais políticos do governo, seja lá de Brasília, dos estados ou dos municípios. Não estou mais aguentando essa barra pesada de tantos impostos para sustentar mordomias dessa turma. Esse artigo espetacular ou esse texto de primeira linha poderia ser publicado na imprensa ou pela imprensa geral - rádios, jornais e tvs, para que a população avalie como as coisas estão ficando cada vez mais difíceis para nós, povo, e melhor para eles, politicos. Meus redobrados parabéns Dr. Wilson, mais um vez, por tudo que escreve e compartilha conosco, povo brasileiro. Geraldo J.S. Lima.
ResponderExcluirSem mencionar que esses deputados e senadores não trabalham nada e atrapalham quando o presidente da república quer acertar e governar corretamente. Êta corja de trapalhões nacionais. Ninguém merece. Reforma política já. E esse artigo está muito bom e para o Dr. Wilson Campos, cidadão e advogado nota 10, obrigada. Maristella B. do Carmo e Souza.
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