AI DE TI, SOFRIDO HAITI.

Mesmo que o Brasil e os EUA deixem de lado suas picuinhas pessoais e dobrem suas doações ao Haiti, o sofrimento do povo haitiano permanecerá.

Não bastassem as catástrofes impostas pela senhora natureza, a nação haitiana paga caro e até com milhares de vidas, a sua sina sangrenta de ser dirigida por ditadores bestiais e administradores covardes.

A miséria domina o cenário neste país de 10 milhões de habitantes, que, de repente, numa sequência de coisas ruins, vê dizimado 1% de seu povo, sucumbido sob escombros, concreto, poeira, entulhos e gritos de dor, provocados por um terremoto com magnitude de 7,4 graus na escala Richter.

O mundo se calou por instantes. Muitos, de corações puros, semelhantes ao da valorosa humanitária Zilda Arns, choraram convulsivamente. As potências mundiais se levantaram em sentimento de cooperação. A dor e a fome não podem esperar por ajudas que se atrapalham por excessiva burocracia. O Haiti precisa do mundo. O mundo tem o dever de socorrer este povo, dando-lhe no mínimo, condições decentes de vida.

Ai de ti, sofrido Haiti, que nasceste colonia e quando proclamada sua independência, viveste o horror das ditaduras impiedosas de homens desqualificados, tomados apenas pelo desejo de poder.

Mas não desanimes, Haiti. Sofres aí. Sofremos aqui. Temos inundações, enchentes, perdas humanas, casas destruídas e famílias desamparadas. Os alagamentos por anos e anos não merecem a devida atenção do poder público, que apenas remenda, mas não resolve. As enchentes atingem indistintamente regiões de Santa Catarina, São Paulo, Angra dos Reis e São Luiz do Paraitinga, para não dizer tantas outras que sofrem com as tragédias anuais previamente anunciadas.

Esse mesmo governo que ajuda, solidariamente, o sofrido Haiti, deveria ajudar as famílias brasileiras que tudo perderam em enchentes marcadas pelo desserviço do poder público, que culpa a força da natureza, esquecendo-se do "mea culpa" por sua incompetência nas áreas estruturais, sociais, econômicas e políticas. De nada adianta culpar o meio ambiente, a natureza, a chuva, os barrancos e as áreas de risco, se não houver planejamento e vontade dos poderes constituídos.

O Haiti sofre e chora seus mortos, sua terra arrasada.

O Brasil sofre e chora tudo que perdeu nas enchentes.

Cadê a ajuda humanitária para as famílias brasileiras que perderam vidas, casas, bens e até o espírito de esperança e deverão começar tudo do zero novamente?

Defendo solidariedade, humanidade, ajuda, cooperação e tudo que represente mobilização em favor do povo haitiano. Mas, defendo também toda ajuda financeira necessária aos desabrigados brasileiros, de forma que as famílias tenham suas casas reconstruídas em locais seguros, seus lares refeitos com amparo merecido, sem prorrogação de prazo, mas já, agora, com respeito e pedidos de desculpas das autoridades responsáveis.

Ai de ti, sofrido Haiti.

Ai de ti, sofrido povo brasileiro, sem segurança, sem saúde, sem hospitais, sem educação, sem escolas, sem transportes, sem estradas, sem saneamento, sem esgoto, sem ajuda e sem dinheiro.

Ai de ti, povos miseráveis de nações abandonadas ao arbítrio de governantes inescrupulosos.

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