PARA NÓS, ENERGIA CARA. PARA CHÁVEZ, AJUDA CONTRA CRISE DE ENERGIA.

Enquanto estamos de pires nas mãos, humilhados, pedindo por menos impostos e reduções de tarifas públicas, vem o nosso querido governo e nos sapeca mais esta porretada (que você vai entender dentro de instantes). E a saga de pagarmos os preços mais salgados em diversos ítens da cesta básica continua, porque temos dentro desta "maravilhosa" cesta, a nossa energia elétrica, conhecida como a mais cara do mundo.

Até aqui, tudo dentro da normal compreensão da pouca importância que representamos para o mais alto escalão do governo estabelecido. Tratam-nos como se fôssemos marionetes, manipuladas ao prazer de suas tortuosas linhas de raciocínio degradante.

Não bastasse termos a pior gasolina por um preço absurdo, o álcool combustível chegando perto disso, a energia elétrica mais cara do mundo e tantos outros ítens de primeira necessidade sufocando o povo brasileiro, eis que nos chega de supetão a notícia de que o Brasil vai enviar para a Venezuela de Hugo Chávez, uma equipe técnica do mais alto nível para resolver a questão da crise de energia elétrica naquele país.

Se, o senhor Chávez, fosse um governante democrático e alinhado com seu povo, poderíamos até entender este gesto de solidariedade do governo Lula. Se, não pagássemos caríssimo por nossa energia elétrica, aqui, neste nosso Brasil, poderíamos também entender esta ajuda do governo Lula ao governo de Hugo Chávez. Acontece, que nenhuma das hipóteses acima é portadora da verdade.

Antes de concordar com esta ajuda, o Presidente Lula deveria reduzir drasticamente o preço de nossa energia elétrica, fazendo com que estes técnicos de alto nível, trabalhassem e demonstrassem em planilhas, como e porque nossas tarifas de energia elétrica são tão altas, mesmo tendo o custo de produção mais barato do mundo, em função de um sistema hidrelétrico dos mais eficientes.

Muito antes de deslocar nosso pessoal qualificado para ajudar lá, ajude cá. Devemos ser solidários com nossos vizinhos venezuelanos, nesta crise e colapso de energia elétrica, em consideração ao povo, não ao seu governante Chávez. Mas, antes, devemos ser solidários e justos com nosso povo, senhor Presidente Lula. Aliás, data venia, senhor Presidente, o BNDES tem um estudo onde demonstra o quanto pagamos caro por nossa energia elétrica, chegando ao dobro do que pagam em alguns países da américa e da europa, que dispõem apenas de usinas termelétricas, mais caras e que dependem do sistema nervoso do petróleo. Pense nisso, Presidente Lula, e só então, depois de ajudar o povo brasileiro a ter uma energia elétrica mais barata e tarifas menos escorchantes, decida como ajudar o seu amigo Hugo Chávez, embora ele não mereça, democraticamente falando.

Outra coisa, senhor Presidente, o lucro das empresas de energia elétrica no Brasil, quintuplicou. E por conseguinte, quintuplicou também, coincidentemente, o preço da conta de luz. Para comprovar, basta consultar o BNDES, o DIEESE, a USP, a UFMG, os Sindicatos e Federações ligados ao setor elétrico deste país.

E mais um fato importante, sobre o qual eu falei em meu blog Direito de Opinião, há algum tempo atrás - a Aneel, agência do governo federal que controla o setor elétrico, deu de bandeja para as companhias distribuidoras de energia, um suculento aumento de tarifa, por erro de sua parte, o que custou bilhões de reais aos bolsos dos pobres consumidores brasileiros. E eu lhe pergunto, Presidente Lula, cadê a devolução dessa grana ou a compensação nas contas vindouras?

Até quando teremos de esperar pelo ressarcimento destes prejuízos que tivemos, em torno de R$1 bilhão ao ano, por ato praticado pela Aneel contra o consumidor? Vamos esperar por sua ajuda eternamente, sem que ela venha? Ou vamos todos à justiça contra a Aneel e suas companhias de energia elétrica?

Então, é por essas e outras que discordo de ajudas que são colocadas acima de nossas posses, pois
o dinheiro com certeza sai do bolso do cidadão brasileiro. Portanto, antes de fazer bonito para os de lá, conserte antes o de cá. Proceda à redução deste enriquecimento de empresas distribuidoras de energia à custa do empobrecimento do consumidor. Não permita que os interesses destas companhias sobreponham aos da população. Não admita que este sistema elétrico, de poder inquestionável aqui e no mundo inteiro, transforme-se numa máquina de tirar dinheiro do bolso do consumidor, ininterruptamente.

Quero o bem do povo venezuelano. Quero o progresso honesto das companhias distribuidoras de energia elétrica. Mas, quero acima de tudo isto, o bem do povo brasileiro, que por décadas e décadas tem enfrentado dificuldades horrendas, sem, no entanto, receber ajudas em tempo hábil do seu governo, como seria no mínimo desejável.

Vamos ajudar a todas as nações que precisarem, dentro de nossas reais possibilidades.

Vamos ajudar ao Brasil, primeiramente, em tudo que seu povo precisar.

Vamos ser solidários a todos os povos, solidarizando-nos inicialmente por aqui, com nosso povo, com nossa gente que ainda caminha descalça pelas lamas de cidades inundadas, tropeçando nos restos de casas e móveis destroçados, tolerando os apagões, piques e cortes de energia, chorando no escuro a perda de entes queridos e carregando no bolso a conta de luz super tarifada, que não sabe se poderá pagar em dia ou antes que lhe cortem o fornecimento.

Não estou inventando ou imaginando tudo isto. Basta que leiam e vejam as matérias e capas dos maiores jornais e revistas do Brasil. Lá estão estampadas as tragédias vividas pelos brasileiros, que esperam por ajuda que nunca chega. E, se chega, já é tarde, tamanha a demora em acudir aquele que sofre e que se desespera no lamento profundo de ter perdido tudo.

Comentários

Postagens mais visitadas