ISSO É CIDADANIA.
O
voto no Brasil é obrigatório, nos termos do Art. 14 da Constituição. Tal
direito político representa um avanço da democracia, embora questionado por
muitos, uma vez que há campanhas para que o voto seja facultativo,
possibilitando aos cidadãos decidir se querem ou não votar.
Descortinam
ainda nesse panorama dois posicionamentos bem peculiares da opinião pública.
Por um lado, as críticas veladas contra a corrupção. Por outro, a defesa do
voto nulo. Ambos evidenciam as desconfianças populares quanto ao sistema
representativo e denotam claramente a insatisfação com os candidatos que são
apresentados.
A
importância do voto fica, portanto, submetida à consciência dos eleitores, que
precisam escolher os candidatos que possuam qualidades éticas e morais acima
de tudo, mesmo porque os eleitos devem exercer, obrigatoriamente, a função de
servidores da sociedade, a quem devem prestar contas dos seus atos de representação
e mandato.
Independentemente
do método eleitoral atual, o que deve prevalecer é o fato de que o sufrágio
universal foi assegurado para a escolha dos representantes do povo, e não de demagogos
que se entregam aos conchavos políticos voltados para o interesse próprio.
Em
que pese a importância das eleições legítimas e dos direitos de votar e ser
votado, faz-se necessária a efetividade do escopo fundamental da cidadania,
que, por sua vez, carece de estrutura forte para que faça valer a igualdade
entre todos, promova o bem comum e torne possível o acesso de todos aos bens de
consumo, aos serviços, às riquezas e à educação, do primário à universidade,
posto que somente por meio desses valores a população deixará de ser simples
espectadora e, quiçá, coadjuvante, para ser protagonista de sua história e de
sua própria vida.
As
manifestações de rua, as justas reivindicações sociais e os processos de
inclusão social, econômica e política devem ser transferidos para as urnas. As
cobranças por urgentes melhorias precisam ganhar força na hora da escolha dos
candidatos. A compreensão do momento cívico é tão relevante quanto o gesto de
digitar o número na urna eletrônica. A avaliação do candidato pressupõe a
responsabilidade do eleitor. Caso não se acredite em candidato algum, a saída é
o voto nulo ou o voto em branco. Democracia é isso. Direito constitucional, também.
O
voto é um direito importante para a democracia. Agora, que o seja na forma que
melhor sirva à sociedade. Se os cidadãos preferem o voto facultativo, que se
altere então a legislação atual. O que não pode acontecer é o voto forçado, o
voto de cabresto, a compra de voto ou a intimidação.
Portanto,
antes de votar, pense, avalie, pesquise a vida do candidato. Não vote por
votar. Vote consciente. Bons e maus candidatos existem aos milhares. Escolha o
melhor não apenas para você, mas para a coletividade. Isso é pensar no futuro.
Isso é saber o direito e a importância do voto. Isso é cidadania.
Wilson
Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de terça-feira, 05/08/2014, pág. 23).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de terça-feira, 05/08/2014, pág. 23).
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