OS FALSOS VESTAIS.

Com a devida venia dos leitores utilizo do gênero masculino da vestal, sem prejuízo da qualidade natural da expressão.

Há mais de um ano não se ouve falar desse pessoal. Desde o princípio da pandemia eles sumiram. Não deram as caras nos seus locais de trabalho nem ajudaram no combate ao coronavírus. Mostraram-se omissos em todas as etapas das discussões de como frear o avanço da doença. Acovardaram-se diante dos pedidos de socorro da população. Ausentaram-se das reuniões com pautas de união e esforço nacional. Calaram-se quando a sociedade sugeriu que doassem parte de seus salários para o enfrentamento da Covid-19.

Esse pensar da sociedade se refere a Renan Calheiros, Tasso Jereissati, Randolfe Rodrigues, Jorge Kajuru, Lula, Gleisi Hoffmann, Paulo Pimenta, Marcelo Freixo, Érika Kokay, Maria do Rosário, Humberto Costa, entre outros políticos que se acham vestais, paladinos da moralidade, mas que não passam de demagogos e oportunistas à cata de minutos de luzes nas suas apagadas vidas públicas. Os falsos vestais pecam por colocar mais lenha na fogueira em um momento de intenso sofrimento e de extrema fragilidade do povo brasileiro.

Enquanto uns requerem a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, com o intuito apenas politiqueiro de culpar e responsabilizar o Presidente da República, Jair Bolsonaro, e com isso tentar inviabilizar a gestão severa e enxuta do governo federal, outros desfilam pelas redes sociais emitindo opiniões rasas e utilizando de falácias para atraírem sobre si os holofotes da mídia parcial.

Torna-se patético o espetáculo que essas pessoas encenam com o objetivo de ocupar cargos na CPI. Querem a qualquer custo abandonar as sombras e passar de coadjuvantes a protagonistas, sem merecimento e sem história para tanto, posto que nos momentos mais difíceis da vida do país se ausentam e se escondem nos labirintos das suas propriedades palacianas. E como ocorreu no caso concreto do coronavírus, comportaram-se como Pôncio Pilatos - lavaram as mãos e se recolheram às suas dependências luxuosas abastecidas com as mordomias pagas pelo povo, sem, contudo, abrir mão dos seus gordos e indecorosos proventos e penduricalhos.

Quando deviam estar jogando no mesmo time, defendendo as cores do Brasil, dando sangue em campo e vestindo a camisa do entendimento e da razão, preferem formar grupelhos e causar vergonha alheia, seja para abrir caminhos para seus presidenciáveis preferidos ou forçar aparições públicas e sair do ostracismo a que estavam submetidos. Essas pessoas não medem esforços quando se trata de defender interesses pessoais, ainda que isso custe desestabilizar ainda mais a economia e as instituições, e, pior, colocar em risco a democracia.

A população não vai admitir pacificamente que o jogo político das vaidades interfira no mandato do atual Presidente da República, eleito por 57,7 milhões de brasileiros. Se alguns políticos querem a CPI para desgastar o atual governo, forçar o impeachment e abrir caminho para seus partidos em 2022, sem motivações suficientes e sem provas robustas diante das exigências da legislação vigente, com certeza será um tiro no pé, pois, a sociedade organizada não permitirá que isso se concretize, ainda que alguns aleguem que Bolsonaro negligenciou quanto às diretrizes científicas para o enfrentamento da pandemia ou a compra de vacinas. Ora, lado outro dessas controvérsias da politicagem, o governo federal agrada ao povo pela maioria das suas ações, que se revelam probas, corretas e sem a corrupção e os escândalos financeiros de governos anteriores.

Ledo engano dos políticos que compõem a CPI se pensam que o povo vai aceitar o impedimento do Presidente apenas para satisfazer alguns setores. O povo está quieto, por enquanto, apenas surpreso com a instalação de uma CPI no pior momento da pandemia. Mas quando a polarização política aumentar pelas mãos ávidas de poder dos senadores não alinhados ao governo, com certeza as ruas ficarão pequenas para os eleitores de Bolsonaro, que não aceitarão medidas vingativas vindas de Renan Calheiros e companhia.

O melhor remédio para acabar com o coronavírus é a vacina eficaz, e não a instalação de uma CPI constituída por alguns falsos vestais. O momento seria de necessário entendimento nacional em torno da erradicação da doença invisível, que é o que interessa de imediato ao povo. Depois, a retomada da economia e a geração de empregos. E somente depois, se fosse o caso, a criação de uma CPI para investigar o governo federal, os governos estaduais e as prefeituras. Ou seja, a investigação deveria ser contra todas estas autoridades, haja vista que a CPI da Pandemia não pode escolher investigar uns e não todos os envolvidos no imbróglio da crise sanitária no país.

Vale observar que não existe ainda no mundo inteiro uma vacina 100% eficaz e em quantidade suficiente para todas as pessoas. A produção de vacinas em vários países mais desenvolvidos tem sido realizada a conta-gotas e negociada a preços altíssimos, diante da grande demanda. Daí notar que não apenas o Brasil tem enfrentado dificuldades na vacinação, mas uma enormidade de outros países. Ademais, a crise sanitária é mundial e até mesmo a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem cometido erros grosseiros na orientação do combate ao coronavírus Sars-CoV-2, causador da pandemia da Covid-19.

Contudo, já que instalaram a toque de caixa a CPI da Pandemia no Brasil, que então se iniciem as apurações, imparciais, e que todos os envolvidos restem expostos e os culpados punidos, nos termos da lei, sejam do governo federal, dos governos estaduais ou dos municípios. Mas a população brasileira não vai aceitar perseguição política mesquinha ao Presidente da República, como se ele fosse o único culpado de todas as trapalhadas em que se transformou o combate à pandemia no país. Se existem erros, os culpados são muitos, inclusive, o Supremo Tribunal Federal, que deu poderes demais aos governadores e prefeitos, que excederam nas suas funções e abusaram de medidas autoritárias e antipopulares.

De sorte que a expectativa e os anseios dos bons e natos brasileiros, que amam e respeitam o Brasil, dão-se no sentido de que a CPI seja realizada de forma rápida e correta, contra todos os envolvidos (governo federal, governos estaduais e prefeituras), sem exceção, e com o respectivo relatório final encaminhado ao Ministério Público para os atos e as medidas legais cabíveis. Tudo conforme as regras do artigo 58, § 3º, da CF; da Lei 1.079/1950; da Lei 1.579/1952; da Lei 10.001/2000; e da Lei 13.367/2016.

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG).

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