O DÉFICIT DE ÁRVORES NA CAPITAL REQUER REPLANTIO URGENTE.


A excelente matéria do jornal Estado de Minas de hoje, 5, traz dados que evidenciam a demasiada e mal planejada supressão de árvores em Belo Horizonte. A notícia não é de todo surpreendente, porquanto se saiba que a prefeitura não é dada ao replantio, na mesma proporção do corte acelerado das motosserras.

Segundo a matéria, enquanto foram suprimidas de janeiro a outubro deste ano 9 mil árvores, a prefeitura plantou, no mesmo período, 4 mil mudas, de acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA). São 5 mil unidades a menos em toda a cidade. Nos últimos três anos, foram suprimidos 22.226 espécimes, conforme dados da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), contra 13.580 plantados, um déficit de 8.648 árvores na cidade.

Ainda segundo o jornal, a SMMA informou, por nota, que a capital mineira é um dos municípios líderes na adoção de políticas e ações para o enfrentamento do aquecimento global. A pasta acrescenta que têm sido plantadas mudas de várias espécies, incluindo nativas de mata atlântica e cerrado. Entretanto, essa informação requer comprovação efetiva, haja vista a Mata do Planalto ter uma valiosa extensão de mata atlântica e nem por isso ter alcançado até o momento, a proteção severa da prefeitura, que apenas promete e não cumpre a preservação total dessa imprescindível área verde urbana.

Também foi informado que as mudas são destinadas a projetos de revegetação e recuperação de áreas degradadas, projetos de agroflorestas urbanas e de arborização do entorno de 20 escolas municipais. “Termos de compromisso, no âmbito de compensações ambientais, garantem o plantio imediato de mais de 1,3 mil mudas em áreas urbanas”, informou a secretaria. Também precisa ser provado, posto que o calor tem aumentado, gradativamente, muito pelo fato da ausência de preservação ambiental na cidade.

Ainda assim, em que pese a justificativa municipal, não é aceitável que as podas e cortes de árvores sejam levados a efeito sem critério ou planejamento. O mínimo que se espera dos órgãos ambientais é conhecimento de procedimento regular de poda, não permitindo a mutilação a ponto de ficar apenas o tronco, desnudando a árvore e deixando-a entregue a doenças e a ataques de pragas. O serviço de corte e poda, embora terceirizado, acredito eu, deve ser fiscalizado de perto, sob pena de a responsabilidade ser inteiramente da prefeitura.

A capital, que já foi conhecida como “Cidade Jardim”, já contabiliza um déficit de 5 mil árvores, de janeiro a outubro deste ano, conforme dados Sudecap e da SMMA. Se considerado o período desde 2017, são cerca de 8,6 mil árvores a menos em BH; de janeiro a outubro deste ano houve poda de 33,4 mil árvores; e remoção de outras 9 mil.

No orçamento do órgão público, R$ 15milhões estão destinados para esses gastos até o fim do ano, incluindo também operações de retirada de tocos e raízes após os cortes e manutenção de canteiros e jardins em praças. O recurso é usado mediante a prestação do serviço, feita por empresa terceirizada. Mas o orçamento é 36% maior em relação ao ano passado, quando foram gastos R$ 11 milhões, para realizar 47,8 mil podas e 10,1 mil supressões.

Diante desses números, assustadores, porquanto precários para a sobrevivência do verde na capital, o que se percebe é um déficit imenso com o meio ambiente, mas isso não parece preocupar as autoridades públicas, que insistem na derrubada de árvores, que são eliminadas sem antes terem recebido os cuidados necessários e indispensáveis.

Por certo que existem aquelas árvores que estão condenadas pela idade, pelo enfraquecimento diante da poluição urbana e até pelo adoecimento do corpo vegetal. Por certo que essas árvores, depois de catalogadas e estudadas, precisam ser suprimidas, para que não coloquem em risco vidas humanas, veículos estacionados, transformadores de energia, muros e casas e quaisquer outros bens públicos e privados. Mas isso precisa ser feito com o imediato replantio de novas árvores, de mudas apropriadas para determinados setores da cidade e com a expectativa de vida longa para o verde belo-horizontino.  

Em assim sendo, sem reportar aos números catastróficos de anos anteriores, quando se deram cortes e podas de forma inconsequente, os votos da sociedade são no sentido de que a prefeitura veja com um olhar diferente o futuro da cidade, para que ela não se torne cinza por completo, mas preserve a vegetação, as matas, a paisagem, o clima ameno, a sutileza natural, a permeabilidade das serras e a saúde da população.

Por oportuno, cumpre-me recomendar ao leitor acessar o “Blog Direito de Opinião” e constatar em alguns artigos a celeridade dos cortes e podas de árvores em BH, sem a contrapartida do replantio ou da compensação ambiental, que reflete o descaso municipal com uma questão tão importante, relevante e necessária para a cidadania e para a sociedade. Acesse www.wilsonferreiracampos.blogspot.com.br e reflita a respeito do déficit de árvores na capital, que requer replantio urgente.

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG). 



  

Comentários

  1. Lúcia H. de A. Pontes6 de dezembro de 2019 às 09:24

    A prefeitura de BH é a maior destruidora de árvores do país. Acabou com quase todas nas avenidas principais da cidade. Além de ter esse péssima qualificação, a prefeitura mão consegue colocar na rua os guardas municipais nem a BHTrans. Com chuva ou com sol você não vê esses "agentes" nas ruas ajudando as pessoas ou cuidando do trânsito e do patrimônio público. Esse pessoal recebe salário para não fazer nada. Ontem mesmo, saí de um bairro e atravessei a cidade com chuva e não vi nenhum guarda municipal nem guarda da BHTrans. O trânsito estava um caos e ninguém para fiscalizar, coordenar ou auxiliar os motoristas na bagunça generalizada do trânsito de BH. Um absurdo, prefeitura. Vê se trabalha pessoal ou então pede pra sair. ESSA PREFEITURA NÃO FAZ NADA. A CIDADE ESTÁ UM LIXÃO. BASTA SAIR POR AÍ E CONSTATAR ESSES ABSURDOS QUE ESTOU FALANDO. Ainda bem que o Dr. Wilson Campos advogado escreveu e escreve sempre alertando para os descasos com a cidade. PARABÉNS DR. WILSON, MAIS UMA VEZ. Abre o olho eleitor nas próximas eleições. Abre o olho. Lúcia Helena.

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