BELO HORIZONTE MERECIA MELHOR SORTE.

 

Para quem mora, trabalha e vive há 40 anos em Belo Horizonte, falar dos seus pontos negativos é sempre desconfortável, haja vista o grande apreço e a eterna admiração pela cidade.

Sinceramente, BH merecia melhor sorte, mas o maior erro foi a reeleição do atual prefeito, que mantém a mesma equipe da gestão anterior e o mesmo desânimo para administrar, e o resultado é uma cidade sem harmonia, mal cuidada, com lixo acumulado, mato nos canteiros centrais, péssima iluminação noturna, calçadas irregulares, além de empresas falidas e lojas fechadas em razão do "fique em casa". E os maiores de todos os problemas, que são: pessoas em situação de rua, enchentes e inundações, trânsito caótico, transporte coletivo ruim, violência e insegurança nas ruas.

De fato, os maiores problemas sociais que ficaram bem mais visíveis durante a pandemia são as condições subumanas das pessoas em situação de rua. O aumento da população carente, principalmente na região central da capital mineira, duplicou nos anos de 2019, 2020 e 2021, e hoje o número total está em torno de 9.000 (nove mil) moradores de rua na cidade. O problema é muito grave, mas a administração municipal não tem demonstrado competência para solucionar.

Outro dilema terrível são as enchentes, que já se tornaram repetitivas, ano após ano, sem nenhuma medida efetiva para evitar o colapso urbano de várias vias principais. Basta chover um pouco mais forte para que a cidade fique tomada de inundações por toda parte, congestionamentos quilométricos de veículos, árvores caindo, rios transbordando, deslizamentos ocorrendo em áreas habitacionais, e outras tragédias que poderiam ser evitadas, mas que a fraca gestão municipal não dá conta de resolver.

O trânsito caótico de BH é diário. Em todos os dias da semana o trânsito é ruim, e dependendo de onde o cidadão more e trabalhe, pode ser que ele fique algumas horas preso nos engarrafamentos. Isso, considerando apenas o deslocamento casa-trabalho e trabalho-casa. Ou seja, a situação é péssima e tende a piorar, uma vez que a empresa municipal encarregada da mobilidade urbana não presta serviço adequado à população.

Se, como visto, o trânsito em geral é muito ruim, a situação do transporte público ou transporte coletivo em BH é ainda pior. Os ônibus não têm conforto e apresentam vários aspectos censuráveis. Estão sempre lotados e demoram a passar. O metrô, por sua vez, tem apenas uma linha com algumas paradas no trajeto, e se o usuário não mora perto de uma dessas paradas e estuda ou trabalha em outra, e ainda precisa andar para chegar ao seu destino, este meio de transporte não é de grande serventia. Ou seja, em suma, o transporte coletivo, seja ônibus ou metrô, vai de ruim a péssimo, além de pecar quanto à limpeza, lotação, rapidez, segurança e preço. 

A criminalidade tem apresentado índices alarmantes nos últimos tempos. O centro da cidade é perigoso, muito em razão da impunidade, da ausência da guarda municipal e do insuficiente número de policiais militares para coibir atos violentos contra a pessoa e o patrimônio. Nos bairros não é muito diferente, haja vista a mesma deficiência da prestação de serviço de segurança pública nesse quesito da violência contra o cidadão.

Para não passar em branco, cumpre destacar a precariedade dos serviços na área da saúde, com filas nos hospitais, nos postos de saúde e nas unidades de pronto atendimento, com ou sem pandemia, gerando reclamações generalizadas dos profissionais, dos pacientes e dos demais membros da sociedade; e na área da educação cumpre destacar o atraso exagerado no retorno às aulas presenciais, apesar do controle da pandemia, causando prejuízos aos alunos e provocando protestos dos pais.

Também vale registrar os problemas graves de descuido com as praças, parques e áreas verdes, com destaque para o desleixo com a lagoa da Pampulha, um dos principais cartões postais da capital, patrimônio da humanidade, com atrações turísticas no seu entorno, mas com terrível mau cheiro pelo esgoto que recebe. Ou seja, de nada serve a beleza da lagoa e os atrativos da região da Pampulha se o cheiro desagradável expulsa turistas e visitantes. 

Para finalizar, confesso que sou fã incondicional de BH, mas seus pontos negativos precisam ser mostrados para que providências sejam tomadas pelo poder público. A cidade não pode ficar a mercê de administrações e gestões públicas incompetentes, como tem ocorrido nos últimos 20 anos. Porém, trata-se, com certeza, de uma bela cidade, que tem incontáveis valores, graças à simpatia e à empatia dos seus mais de dois milhões de habitantes.

Enfim, BH merecia melhor sorte, e, portanto, diante do cenário atual, convido a todos para somarmos esforços para que a cidade se torne bela, limpa, iluminada, humana, inclusiva, e volte a ser a querida Cidade Jardim de outrora. Vamos contribuir para que isso aconteça o mais breve possível.

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/Pesquisador e militante jurídico da área do Direito Ambiental/Advogado titular do Escritório Jurídico WILSON CAMPOS Advocacia e Consultoria Jurídica).

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