GRANJA VERDE, MATA DO PLANALTO E ELEIÇÕES.
Por certo muitos haverão de
estar se perguntando onde reside a analogia que abriga os três temas supra,
numa mesma discussão de ideias.
Com a devida venia dos amigos e vizinhos do Residencial Granja Verde, esclareço
que o nosso Condomínio deve uma parcela de seu sossego à vigorosa performance
da Mata do Planalto, que a todos acolhe no mais sublime dos gestos,
transferindo indistintamente, sem nada pedir em troca, valores impagáveis como
a qualidade do ar, do micro clima, das nascentes, da biodiversidade e da
convivência invejável pela harmonia da flora e da fauna preponderantes
A Mata do Planalto deixou há muito de
ser apenas uma defesa dos moradores do Bairro Planalto, posto que transcendeu
as divisas regionais e alcançou a cidade, pela importância da causa e pelo
significado humano de uma sobrevivência com mais qualidade de vida. Nos
debates, reuniões e audiências públicas, à simples menção da Mata do Planalto
já exsurgem calorosas manifestações pela sua proteção e preservação integral.
Embora muitos ainda teimem na derrubada
da Mata do Planalto, o que resta por jogarem em terra são nossos empenhos e
ações que, espera-se, jamais dominados por alguns empreendedores e políticos
rasteiros nas atitudes e convicções. A Mata do Planalto, recentemente, no dia 06/09/2012, na
Câmara dos Vereadores, foi mais uma vez motivo de debate na Comissão de Meio
Ambiente e Política Urbana, quando ali entre interesses difusos e coletivos se
postaram os contrários, nomeados pela Construtora Rossi, a quererem incutir nas
mentes privilegiadas a transformação da Área de Preservação em ZPAM, onde se
pretenderia inicialmente a todo custo construir em 30% do terreno e manter os
restantes 70% nativos como dantes (promessa apenas verbal). Ledo engano se
assim pensam ludibriar, uma vez que cedidos nos 30% virão à busca de mais, até
extinguirem por completo a última reserva de mata nativa existente na cidade.
Por justo, que se desaproprie a área e se indenize o proprietário ou se
pratique a permuta por área de valor equivalente, com transferência do direito
de construir, ao rigor da lei.
As demais pálidas propostas para a
derrubada da Mata do Planalto vão de encontro à verticalização irracional, sob
as desculpas pouco convincentes do seguimento da Linha Verde e do crescimento
do Vetor Norte. Ora, crescimento sem infraestrutura é sinônimo de descarada
especulação imobiliária. Verticalização sem volver ao desenvolvimento
sustentável é sinônimo de impacto ambiental, transtornos para a população,
adensamento demográfico e caos no trânsito e tráfego, piorando a mobilidade
urbana. Fala-se muito em construções de prédios e arranha-céus na região norte.
Mas não se fala na construção de hospitais, instalação de equipamentos sociais,
segurança e preservação do meio ambiente.
Não se presta este a um desabafo, mas a
um alerta, quando a administração municipal investe solertemente contra os
cidadãos, na sanha incontida de “desconcentração” da região centro-sul,
permitindo a verticalização desorganizada em outras áreas de cidade, mormente
no Vetor Norte. A se questionar, entretanto, onde estão os cuidados com a
população, com a saúde, com a educação, com a segurança, com a mobilidade
urbana e com o meio ambiente (!?).
A verticalização sem planejamento virá
pelas mãos de empreendedores e políticos sem compromisso com o futuro,
proporcionará um crescimento demográfico imenso, não terá suficiente
infraestrutura, não implantará o saneamento básico desejável, não encontrará a
qualidade de vida necessária, não contará com sistema de transporte adequado e
não se deslocará sem os gargalos caóticos do trânsito à mercê dos milhares de
carros que circulam pelas vias principais. Tudo isso tem muito a ver com o Cond.
Granja Verde e com a Mata do Planalto, haja vista inseridos na vida e na área
do Bairro Planalto e entorno, agora considerados Vetor Norte.
Precisamos defender a preservação da
Mata do Planalto, diuturnamente, pois em assim o fazendo estaremos defendendo a
manutenção do nosso Condomínio Granja Verde e contribuindo para a melhoria da
qualidade de vida da região e da cidade. Restam pouquíssimos fragmentos
naturais em Belo Horizonte e a Mata do Planalto é uma das últimas reservas
ambientais remanescentes.
A vida da cidade é um jogo de
interesses políticos de cujas altercações o cidadão não pode fugir. A demanda
exige a participação de todos e o desenlace favorável muito mais a depender do
empenho de cada um, ao seu modo e à sua vontade, mas que seja presente. Um povo
em cócoras não é visto, não é escutado e não é levado em conta. Uma sociedade
que se ergue e se posta na arguição de seus direitos, adquire voz e é escutada
na proficiência de sua contribuição social.
A analogia às eleições e a forma como se
associam os temas alhures destacados se justificam se elegermos um candidato
ético e honesto, que se preocupe de fato com as garantias constitucionais, e aí
sim, o voto valeu. Se, ao contrário, derrapamos na escolha e sufragamos o voto
sem consciência, a cidadania se perdeu.
Assim, por todo o exposto, cuidemos de
eleger um vereador que defenda os interesses da comunidade local, que seja
percuciente na luta da preservação total da Mata do Planalto e que saiba
escutar as reivindicações da sociedade civil. Não votemos em candidato que não
tenha compromisso com a região e que não esteja investido da magnânima
consciência ambiental.
Pensemos na manutenção do nosso
Condomínio Granja Verde, na conservação dos fragmentos ambientais aqui
representados pela Mata do Planalto e votemos naquele que entenda a prevalência
da ética, da integridade e da honestidade, como qualidades precípuas da
dignidade humana.
No interesse do Bairro, do nosso
Condomínio Granja Verde e da Mata do Planalto, vamos eleger um vereador que
faça valer os mecanismos de transparência e de exercício do controle social por
parte da população, como o acesso à informação e participação cidadã,
essenciais para a prevenção da corrupção e da má gestão pública.
Resumindo: elejamos candidatos que
correspondam aos anseios da nossa comunidade e que respondam por uma
administração e por um legislativo ético e honesto.
Wilson
Campos (Advogado / Morador do Cond. Granja Verde e Membro Ativo da Defesa da
Mata do Planalto).
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