EDUCAÇÃO, MORAL E ÉTICA
Maus
exemplos existem em todos os lugares, setores e meios. Uns maiores que os
outros, mais emblemáticos e de diferentes matizes. Nada justifica, no entanto,
que os erros se comuniquem e se somem sem a punição adequada. A impunidade é
que leva a outros erros, outras imoralidades, outras aberrações e outras cópias
de comportamentos transgressores.
Quem rouba
um pote de margarina no supermercado vai para a cadeia. Quem desvia dinheiro
público, frauda, corrompe e comete as maiores atrocidades contra o erário ou o
patrimônio público sofre, no máximo, pela exposição na mídia, pelo inquérito
que se arrasta e pelas penas punitivas que, muito breves, se transformam em
prisão domiciliar. Ou seja, a ausência de isonomia, a diferença de tratamento,
a complacência da sociedade, a fragilidade das leis, a tolerância dos
aplicadores da justiça e a impunidade deliberada se transformam no insuportável
vício da imoralidade social.
O preço da
moral é subjetivo. A importância é coletiva. Os seres humanos são privilegiados
pelo direito de escolha. Ser moral, imoral ou amoral, eis o grande dilema do
indivíduo. Simples e complexo. Bom e ruim. Certo e errado. Contudo, não
interessa onde esteja a sua dúvida, posto que caiba à lei limitar as suas
ações, permitindo o contraditório e a ampla defesa, mas, jamais, admitindo a
impunidade dos erros, dos crimes, dos ilícitos e dos danos causados.
Garantir
direitos não é permitir abusos. Praticar a democracia não é diligenciar para a
burguesia, para a elite, para os políticos ou para os poderosos, nem excluir do
acesso social a grande maioria, mas conduzir todos à harmonia e à igualdade
de uma sociedade una e justa. Difícil, mas perfeitamente possível. A outra
parte da sociedade, a que se acha injustiçada, reduzida ao silêncio e à
incapacidade de opinar, que se manifeste, se eleve, se erga e saia de sua
posição em cócoras e exija a sua própria condição.
O preço da
moral não é ser pobre e humilde, acanhado e submisso, amado ou temido. O preço
da moral é saber exigir respeito e dá-lo de contrapartida, é ser honesto e não
aceitar a desonestidade, é pedir por direitos e cumprir com os deveres, é ser
educado e contribuir para a educação alheia, é votar na ética e não na aparência
fugaz, é cobrar e permitir a liberdade, é ser exemplo e não modelo efêmero de
vida, é ser justo, praticar a justiça e exigi-la na mesma
proporção.
Da mesma
forma, ter apreço pela moral é ser ético na completude da palavra, sem
arremedos, medos ou mentiras. Ser moral, ético e honesto não é feio ou
ridículo. Feio é achar graça quando os sonegadores e corruptos enchem os bolsos
com o dinheiro público e saem ilesos. Ridículo é aplaudir e reeleger político
improbo que usa a função para enriquecimento ilícito. Feio é querer melhorias e
ter vergonha de ir para as ruas reivindicar. Ridículo é aceitar que alunos
agridam professores dentro da sala de aula, como se nada de absurdo estivesse
acontecendo. Feio é se esconder dentro de casa, cercado por grades e muros,
enquanto os criminosos se deleitam com as leis pálidas e permissíveis. Ridículo
é querer levar vantagem em tudo para se achar o maioral. Feio é frequentar
igrejas e não saber estender a mão ao próximo. Ridículo é comparar religiões
como se o Deus de um fosse melhor que o do outro, e não único. Feio é não ter
apreço pela moral e valorizar o fútil, o excesso, o amoral. Ridículo é se achar
o bom, jovem e bonito e tratar com escárnio os mais velhos. Feio é falar em
cidadania e não exercê-la e nem ser solidário. Ridículo é criticar sempre e
nunca aceitar críticas, conselhos ou opiniões adversas. Feio é não saber dizer
"desculpa", "com licença" e "obrigado". Ridículo
é não ter princípios morais e não saber o significado de ética.
O preço da
moral está nos princípios. Mude-os e sua moral terá mudado.
Wilson
Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
(Este artigo mereceu publicação do jornal ESTADO DE MINAS, edição de quinta-feira, 26/11/2015, pág. 13).
(Este artigo mereceu publicação do jornal ESTADO DE MINAS, edição de quinta-feira, 26/11/2015, pág. 13).
Meus Parabéns, muito bom mesmo ótimo artigo.
ResponderExcluir