WELFARE STATE
O governo mineiro há onze meses no poder ainda não disse a que veio, como que engessado pelo
insucesso da gestão pífia do governo federal, que, por sua vez, soma aos
declínios do segundo mandato presidencial, o forte e negativo impacto causado
pela crise político-econômica na vida dos cidadãos brasileiros.
A infausta jogada
técnica de aumentar impostos estaduais, cortar investimentos, suspender programas
humanitários e mudar erradamente os critérios de licenciamento ambiental não
difere o governo de Minas Gerais do governo federal. Ao contrário, coloca os
dois na mesma posição e os distancia do povo, uma vez que aumentar receita à
custa do sacrifício da sociedade não é legítimo e traduz retrocesso em todos os
sentidos.
O Estado do bem-estar
social, o Welfare State, cujo mote assistencialista brasileiro chegou a
impressionar alguns, deu-se por encerrado tão logo avistadas as primeiras
dificuldades orçamentárias. As políticas de padrões mínimos de educação, saúde,
habitação, transporte, renda e seguridade social foram abandonadas pelo
caminho. As promessas de campanha não resistiram e nos seus respectivos lugares
foram colocadas as desculpas peculiares aos maus administradores.
A proteção dos
hipossuficientes deixou de ser um exercício de cidadania, para ser apenas um
grito congressual de "salve-se quem puder", para decepção das diversas
classes sociais, incluindo os setores mais privilegiados, que também acreditavam
na humanidade do governo que pregava a extinção das desigualdades sociais,
desde que não comprometidos os direitos civis e políticos.
O Welfare State
praticado nos países de Primeiro Mundo não chegou a ser implantado efetivamente
no Brasil. Por aqui, o que se viu foram políticas populistas de assistencialismo,
que desandaram tão logo vieram à tona os gastos excessivos, o mau uso do dinheiro
público e a escancarada improbidade administrativa. A rigor, cabe reconhecer
que os investimentos públicos em prol dos mais necessitados, que foram
realizados e que aliviaram o sofrimento de muitos cidadãos, iniciaram de certa
forma o Estado do bem-estar social, quer seja pelos programas de assistência ou
pelas moradias entregues às famílias brasileiras, mas a falta de seriedade
governamental pôs tudo a perder.
Por outro lado,
merece destaque também o fato de que o setor empresarial se beneficia com os
gastos públicos, quando funciona bem o Welfare State, haja vista os recursos estatais
destinados para a infraestrutura, por
exemplo. No entanto, os lucros do setor produtivo nem sempre se comparam aos
gastos com a taxação exorbitante, que fica embutida na incontrolável carga
tributária que movimenta a viciada máquina do governo.
O grande problema do Welfare
State, para países como o Brasil, reside no fato de que o paternalismo estatal
acaba dando carona a quem não necessita de ajuda, os aproveitadores, e o
sacrifício é jogado no colo daqueles que pagam a conta salgada dos impostos,
gerando xenofobia nessas pessoas, e esse resultado ninguém quer.
Wilson Campos
(Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
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