POLÍTICA E POLITICAGEM.

Nunca foi tão necessária a distinção destas duas palavras da língua portuguesa. Em tempo algum precisou-se tanto e desesperadamente diferenciar estes dois termos do dialeto tupiniquim.

A política, praticada pelos competentes, é a ciência da administração dos povos, ou ainda a forma diligente de comandar os negócios de um Estado, ou mais intimamente o ato puro de civilidade na direção da vida pública de uma nação.

A politicagem, quando muito, é aquela praticada pelas corjas irracionais que destilam ódio e atuam com interesses escusos e absurdamente mesquinhos, sempre tirando do povo e locupletando-se.

O que o Brasil não precisa é de pessoas com talento para politicagem, embora tenhamos tantas.

O Brasil carece de bons políticos que coloquem acima de quaisquer interesses, a causa do sofrido povo brasileiro - "esse mesmo povo, sofrido, repito, que não tem rede de esgotos nem saneamento básico, por falta de vontade política dos poderes constituídos - esse mesmo povo que não precisa de esmolas governamentais, mas de empregos decentes e salários dígnos - esse mesmo povo que é vítima da violência urbana diária, entregue à sua própria sorte, que não recebe a devida proteção à vida garantida pela Constituição Federal - esse mesmo povo, sofrido, repito, que morre nas filas de hospitais por falta de atendimento e óbvio sucateamento das unidades de pronto atendimento - esse mesmo povo que...".

As candidaturas que já se postam, tendo à frente homens e mulheres com predicados de políticos, acreditamos, até agora não faturando com a insensível politicagem, são promessas de forte guerra democrática.

Queiram os Deuses, Anjos e Santos, favoravelmente de braços dados com o povo, não permitirem que candidatos cristãos ou ateus, independente de religiões ou crenças, maculem ainda mais a desesperançada função da gestão pública.

Sejam os postulantes a cargos executivos, de partidos de esquerda, centro ou direita, afeitos à honra e merecedores da consagração nas urnas, sempre voltados para a defesa da sociedade e do estado democrático de direito.

Revelem-se estadistas alicerçados na ética e na moral, dígnos da caminhada cívica empreendida pelo cidadão rumo à cabine de votação.

Ergam-se das cinzas homens e mulheres que farão esta nação incrédula em boas intenções políticas, acreditar que elas ainda são possíveis.

Posicionem-se os concorrentes para a largada à Presidência, portando na mão direita os seus programas de governo que haverão de ser cumpridos e não apenas prometidos, e na mão esquerda a Constituição da República, sobre a qual jurarão cumprimento integral de seus inteiros teores.

Mirem-se os políticos candidatos, naqueles que enriqueceram a história da pátria brasileira, sem contudo enriquecerem-se às custas do suor e do sofrimento do povo.

Façam-se as campanhas, sob o rufar dos tambores dos simpatizantes, respeitando por ato contínuo a parte adversa, sob pena de não merecerem os aplausos da platéia, mas apenas receberem em alto e bom som o volume total das vaias indignadas.

Programem-se os debates políticos, de forma que os candidatos se respeitem e ao invés de agressões verbais ou desmerecimentos partidários, façam valer o desejo do eleitor que aspira por uma democracia plena e não meia, que anseia pela harmonia social tão pregada mas que chega muito a conta-gotas, que pede o fim da corrupção, do peculato e da concussão, mas que volta e meia estão nas páginas dos jornais e na vida dos cidadãos, remetidas pelas mãos sujas de políticos apegados à farra da politicagem rasteira.

Instalem-se no ápice da valorização do voto, os programas de governo que deverão nortear até o esgotamento as manifestações dos candidatos, posto que o povo quer ouvir as ações que serão verdadeiramente implementadas a seu favor e não promessas irrealizáveis que jamais serão cumpridas.

Reafirmem-se em datas e horários previamente marcados, as exposições de ideias dos senhores e senhoras candidatos, privilegiando a saúde, a educação, o transporte, a segurança, o lazer, o meio ambiente, o trabalho, a moradia, a família, a liberdade de expressão e a liberdade em todos os sentidos e por direito permitida, a democracia plena e a justiça imparcial e igual para todos.

Uma nação também se faz com políticos de verdade, íntegros, e não de arremedos de homens públicos, manipuladores da politicagem.

Política e Politicagem - palavras tão parecidas e de significados tão diferentes.

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