CIDADE, PESSOAS E AMBIENTE.

Uma cidade como a nossa que já teve administrações públicas preocupadas com o povo e respectivamente com as famílias, não pode se expandir de forma predatória como o faz atualmente, negligenciando no respeito humano, na conservação do meio ambiente e nos direitos individuais.

Os direitos e garantias não bastam estarem escritos nas leis de um país. Precisam verdadeiramente estarem nas vidas das pessoas e de forma efetiva, sem nenhuma sombra de dúvida. Um povo que sabe do seu direito não se deixa manipular. O problema reside no fato de que muitos não sabem os seus reais direitos e, portanto, não se preocupam também com os seus deveres diante da sociedade.  

Os direitos fundamentais e sociais possivelmente conhecidos do cidadão comum não vão muito longe da garantia à vida, à liberdade, à segurança, ao trabalho, ao lazer, à moradia, à educação, à saúde e finalmente à paz na sua mais absoluta amplitude. Todos estes estão assegurados com certeza nos artigos 5º e 6º da Constituição da República.

Seria pedir muito de um simples cidadão que ele se dispusesse a pensar uma cidade ideal para viver. Quando muito ele descreveria uma cidade tranquila, de pequena população e com bancos na praça para assistir ao por do sol. Não estaria errado. Ao contrário, certíssimo sob o seu ponto de vista social e gosto particular.

As pessoas são, no entanto, conflitantes em vários sentidos. O que atende aos mais simples não chega nem perto das pretensões dos mais exigentes. E assim vive a humanidade, sempre procurando um caminho que traga no mínimo a satisfação pessoal, embora esta seja, a cada dia, mais difícil de ser alcançada.

As cidades, as pessoas e o ambiente precisam se tornar mais próximos, numa profusão de qualidade de vida com trabalho e lazer sempre juntos, e não puxando cada qual para um lado, como que teimosamente levando todos a um abismo imerecido.

A reinvenção da nossa cidade passa pela formatação da sustentabilidade ambiental, que priorize o ser humano e o faça parceiro na convivência harmoniosa do espaço público. Aqui em Belo Horizonte as pessoas estão se deixando encaminhar para o sentido contrário destas ideias do direito e da justiça a que têm preferência os cidadãos. A preservação das áreas verdes é com certeza a maior marca dos espaços sustentáveis e não estas correntes de desenvolvimento proporcionado pela verticalização irracional que não enxerga a degradação do ambiente e da vida.

O cinturão verde preservado representa a possibilidade de um crescimento sem muitos traumas. O aquecimento global se arrefece com este ambiente de fragmentos naturais. A verticalização tem muitos críticos porque adensa violentamente e tira a qualidade de vida das pessoas. A emissão de CO2 é um péssimo aglutinador. Os espaços públicos carecem de ar limpo e clima ameno.

A cidade, as pessoas e o ambiente precisam somar e não dividir aritmeticamente como se o cálculo do progresso fosse medido pela elevação dos edifícios. A habitação horizontal também é sinônimo de progresso e a vertical com no máximo 5 andares pode muito bem atender o desenvolvimento com mais eficiência do que se imagina. Basta planejamento e haverá espaço para todos. Ora, muitas cidades europeias bem planejadas são bons exemplos desta eficiência.

A relação entre cidade, pessoas e ambiente precisa ser reinventada e que o seja na perspectiva da sustentabilidade.

Wilson Campos (Advogado).

Comentários

Postagens mais visitadas