BH E AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS.

 

A propósito das eleições municipais em Belo Horizonte, cumpre observar que o próximo mandato vai requerer muito trabalho e gestão eficiente, tanto do prefeito quanto dos vereadores, que não poderão mais se omitir, ficar na trincheira da inoperância ou tiranizar e se instalar debaixo do guarda-chuva impenetrável do poder público. O ano de 2020 está sendo de sofrimento e sacrifícios generalizados em razão da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Já o ano de 2021 deverá ser de superação e vai requerer trabalho em dobro da população, e isso se aplica aos futuros prefeito e vereadores eleitos.  

 

Considerando que é no município que são promovidas as políticas públicas que mais influenciam a vida dos cidadãos, a recomendação ao eleitor é para que faça a escolha correta do candidato, seja para prefeito ou vereador, não deixando para a última hora a avaliação preliminar severa a respeito do político que pretende eleger. Separe o joio do trigo.

 

Em hipótese alguma, pode o eleitor-cidadão assumir a condição simplória de mero coadjuvante no processo eleitoral, uma vez que sua atitude cívica de ir às urnas representa um direito indeclinável de participação efetiva na formação de um governo legítimo e democrático. Ora, se a norma constitucional diz que todo poder emana do povo, faça-a valer.

 

Decidir com assertividade os nomes dos candidatos é uma obrigação do eleitor, escolhendo, preferencialmente, aqueles que saberão respeitar a cidadania e os interesses macros da população. Priorizar a iniciativa popular, saber escutar e dar o retorno esperado pela sociedade é dever do prefeito e do vereador, dos quais se espera o comprometimento de trabalho perene em prol de uma cidade melhor para todos.

 

Fiscalizar os atos do prefeito é função do vereador, mas sem panos quentes, vista grossa, condescendência litúrgica ou omissão pragmática. O padrão de probidade exemplar deve ser a carta de apresentação de todo e qualquer agente político. De sorte que as eleições municipais exigem esforço moral e intelectual do eleitor, que deve fazer valer a faculdade do exercício pleno da cidadania, com destaque para o momento de saber escolher, entre todos, aquele que mais transmita confiança e tenha competência para o cargo.

 

Um bom político precisa saber escutar. E a pedra de toque nas relações com o cidadão é muito mais que falar ou simplesmente ouvir, é escutar. Creia o candidato, que o modus faciendi que impressiona o eleitor não são os índices das pesquisas eleitorais nem o tempo maior na mídia, mas a responsabilidade no trato da coisa pública e o compromisso de gestão compartilhada, democrática, por meio da participação da população na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento da cidade.

 

Os interesses difusos e coletivos dos munícipes, o crescimento e o desenvolvimento da cidade e a qualidade de vida da sociedade devem ser colocados à frente de quaisquer outros objetivos. A rigor, as demandas emergenciais da cidade envolvem prioridades sociais, estruturais e ambientais, e o prefeito e os vereadores que forem eleitos não poderão se dar ao luxo de se encastelar em gabinetes suntuosos, na sombra de mandatos insensatos e improfícuos de quatro anos. Não!

 

A expectativa do eleitor-cidadão é que os eleitos trabalhem diuturnamente pela evolução da cidade, pelo fim do caos das enchentes e inundações, por uma solução adequada e humanizada para as pessoas em situação de rua, pela modernização e expansão do metrô, por investimentos pesados na mobilidade urbana, na saúde e na educação, entre tantos outros desafios que envolvem trânsito, criminalidade, drogas, desemprego e moradia.

 

Nesse cenário, portanto, exsurgem as indispensáveis e legítimas reivindicações dos eleitores, no sentido de que a cidade seja pensada para os moradores, no âmbito de uma cooperação democrática por parte dos entes governamentais, da iniciativa privada e dos demais setores da sociedade no processo de cumprimento das diretrizes que estabelecem os princípios de ordem pública e atendem o interesse social.

 

Os belo-horizontinos prezam o diálogo e defendem o entendimento e a boa-fé objetiva entre o prefeito, o governador e o presidente da República. Da mesma forma, recomendam a cordialidade recíproca entre o Executivo e o Legislativo municipal, desde que mantidas a independência e a autonomia de ambos, sem subserviência, sem barganhas e sem favorecimentos.

 

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG).

 

(Este artigo mereceu publicação do jornal ESTADO DE MINAS, edição de segunda-feira, 9 de novembro de 2020, pág. 7).

 

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Comentários

  1. De manhã eu li o jornal on line do EM e vi o artigo do meu caríssimo Dr. Wilson Campos e mais uma vez fiquei muito satisfeito com o dito e o escrito. É isso mesmo porque o trabalho vai dobrar e os políticos terão que trabalhar para justificar o voto que receberam. Se não trabalhar não recebe mais voto e pronto. Se trabalhar certinho e mostrar lealdade ao povo merece ser reeleito. Esse é o trato que deve ser feito com os politicos municipais e todos os demais. Em BH os vereadores tem de sair debaixo da asa da PBH e fazer valer o voto que receberam e se não fizerem isso devem ser banidos da Câmara e não se fala mais nisso. Trabalho, trabalho e trabalho com honestidade - é pra isso que são eleitos o prefeito e vereadores - para trabalhar e justificar o salário. Nós não votamos para prefeito e vereador ficar em gabinete com ar condicionado. NÃO!!! É para trabalhar honestamente e mostrar que merece o voto do eleitor. Meu abraço respeitoso Dr. Wilson Campos e parabéns por mais esse artigo jubiloso. Fraternalmente seu leitor e admirador - Estevão M. Pena O. S.

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  2. Dr. Wilson o senhor escreveu uns dias atrás sobre as pessoas que estão morando nas ruas, debaixo de viadutos e sem a mínima humanidade. Esse serviço deveria ter sido resolvido pelo prefeito bem como o das enchentes, da limpeza urbana, da iluminação nos postes à noite, dos batedores de carteira na porta dos bancos, dos ladrões que estão fazendo a festa no centro de BH. E o que a guarda municipal faz? Nada. Alô prefeito, alô vereadores, vão trabalhar pessoal e colocar a guarda municipal para trabalhar e pedir ao governador mais policiamento nas ruas e avenidas, no centro e nos bairros. Chega de sombra e água fresca. Vão trabalhar. Vão pras ruas ver e corrigir os erros da administração pública municipal. Vamos logo antes que seus votos sejam dados a outros candidatos. OK? Meus sinceros parabéns Dr. Wilson Campos por mais esse profícuo artigo que diz tudo mais que eu queria dizer. Att: Letícia Almeida.

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  3. O melhor para o povo é que o prefeito e o governador se entendam e administrem BH e MG com acerto e progresso e sem essa lenga-lenga de cada um por si. Se os dois se acertarem com o presidente Bolsonaro tanto melhor porque aí Bh e MG vão ser beneficiados com atenção do governo, recursos e obras que tanto precisamos, principalmente de estradas, anel rodoviário, saneamento básico, etc, além do emprego que vem dessas obras de forma direta e indireta. A ideia do dr. Wilson Campos é super positiva e ele sempre escreve dizendo que os políticos mineiros precisam se unir mais na busca de melhorias para nossas cidades e para nosso estado de MG como um todo indivisível. Minas Gerais mais unida é muito melhor e com o governo federal junto é melhor ainda. É isso doutor e acho que o senhor está como sempre coberto de razão em tudo que escreveu e que o eleitor leia e aplique para o bem de todos. Amém. Meus respeito Dr.Wilson.
    Abração do Eduardo Salles.

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