FUNDO ELEITORAL: VERGONHOSO, IMORAL E DESARRAZOADO.

 

O repulsivo corporativismo dos “nobres” deputados e senadores brasileiros, aliado ao objetivo principal de seus mandatos, qual seja, manter e ampliar seus privilégios e dar sustentação para suas nefastas reeleições impedem que enxerguem a atual realidade econômica e sanitária do Brasil.

Por 278 votos a 145, com uma abstenção, os deputados aprovaram, ontem, o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2022. Instantes depois os senadores chancelaram a matéria por 40 votos a 33. As discussões se deram em clima tenso por parte das diversas correntes ideológicas, principalmente quanto ao quesito que aumenta de R$1,8 bilhão para R$5,7 bilhões as verbas destinadas ao fundo eleitoral do próximo ano. O projeto segue para sanção do presidente Jair Bolsonaro.

Após o gesto vergonhoso, imoral e desarrazoado, em plena pandemia e diante das crises econômica e sanitária instaladas no país, os “excelentíssimos” políticos do bicameralismo saem de fininho do Congresso e iniciam um recesso parlamentar, previsto para o período de 18 a 31 de julho.

O fundo eleitoral majorado para R$5,7 bilhões repercute fortemente no seio da sociedade brasileira, que repudia a abusiva atitude dos políticos e se indigna com tamanha desfaçatez. A Câmara dos Deputados e o Senado deram mais um tapa na cara da população brasileira e colocaram seus interesses acima das necessidades emergenciais dos cidadãos comuns. A indecência do ato ultrapassou o limite da tolerância popular e isso não pode ser simplesmente aceito, esquecido ou varrido para debaixo do tapete.

O infame fundo eleitoral se trata, na realidade, do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), que é um fundo público destinado ao financiamento das campanhas eleitorais dos candidatos. Esse fundo, alimentado com dinheiro do Tesouro Nacional, é distribuído aos partidos políticos para que eles possam financiar suas campanhas nas eleições.

Oportunamente, vale observar que o fundo eleitoral não é a mesma coisa que o fundo partidário. Este existe desde 1965 e serve para bancar as atividades corriqueiras dos partidos; e aquele foi criado pela Lei 13.487, de 6/10/2017, para instituir o Fundo Especial de Financiamento de Campanha.

A rigor, o fundo eleitoral, sempre que é debatido ou tornado público na sua imensa implicação negativa, causa vergonha e indignação aos cidadãos, porquanto as notícias dão conta de que o dinheiro é retirado de pastas essenciais ao atendimento da população - saúde, educação, segurança e infraestrutura, por exemplo. E o Brasil não pode se dar ao luxo de empobrecer ainda mais essas áreas sociais, colocando em risco setores importantíssimos para a sociedade e para o país. Ou seja, a nação não pode ser desrespeitada por políticos mercenários que visam tão somente repetir seus mesquinhos e improdutivos mandatos, em detrimento de interesses maiores do povo brasileiro.

Em que pesem as campanhas eleitorais serem fundamentais para o funcionamento da democracia, nem por isso elas podem inviabilizar a economia e sacrificar ainda mais a população. Ora, triplicar a verba do fundo eleitoral em um grave momento de pandemia e de fragilidade da sociedade é como cuspir na cara do cidadão. E ao que se saiba, isso leva ao revide, que deverá ocorrer nas próximas eleições, notadamente contra os que votaram a favor desse desaforo nacional.  

Aumentar absurdamente a verba do fundo eleitoral, como fizeram os deputados e senadores, significa dizer que a politicagem continuará sendo repugnante aos olhos dos brasileiros e que o forte questionamento da classe política evolui, gratuitamente. Ademais, já é notória a repulsa dos eleitores em relação à política rasteira praticada no Brasil, e esses fatos são revelados pela imprensa, que informa vez ou outra que 58% da população não confiam nos partidos nem nos políticos.

A incredulidade é geral ou quase isso. Passar de R$1,8 bilhão para R$5,7 bilhões as verbas do fundo eleitoral para 2022 é somatizar ainda mais o sofrimento das famílias brasileiras, que se encontram destruídas pela dor da perda de entes queridos diante do terrível coronavírus, e desvalidas em razão do momento trágico que vive o país, das dificuldades financeiras, do desemprego, do alto custo de vida e das crises econômica e sanitária que ainda rondam as vidas das pessoas. O valor obtuso, escandaloso e inoportuno do fundo eleitoral causa horror à sociedade.

Ao meu sentir, francamente, causam-me ofensa e engulhos ver tanto dinheiro público sendo carreado para campanhas políticas, e entendo que as eleições deveriam ser, todas - municipais, estaduais e federais -, realizadas ao mesmo tempo. É preciso acabar com essas eleições de dois em dois anos. Muito melhor seria uma eleição geral, para todos os cargos, de vereador a presidente da República, de quatro em quatro anos, e de maneira que os candidatos se autofinanciassem, sem a menor possibilidade de tirar recursos de áreas vitais do governo. Com certeza, alternativas existem para se evitar essa extrema obstinação dos políticos pelo fundo eleitoral.

Apenas a título de informação, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) definiu assim as regras de distribuição de recursos entre os partidos. São elas: I – 2% do valor é dividido entre todos os partidos com registro no TSE; II – 35% é dividido entre os partidos que tenham ao menos um representante na Câmara dos Deputados; III – 48% é distribuído entre os partidos na proporção de suas bancadas na Câmara; IV – 15% é dividido entre os partidos na proporção de suas bancadas no Senado.

No papel é dessa forma, mas dizem por aí que, na prática, a verdade é outra, ou seja, os “caciques” dos partidos abocanham a maior parte da verba e somente as migalhas são repassadas aos candidatos, principalmente os novatos. E dizem também, principalmente os que não conseguem se eleger, que o volume maior do fundo eleitoral fica nas mãos dos chefes políticos, aqueles que se acham donos dos partidos, que mandam e desmandam nos seus eternos currais eleitorais e que fazem mau uso do dinheiro público.

O eleitor, o contribuinte, o empresário, o trabalhador, o chefe de família, juntos e somados estão vendo toda essa irresponsabilidade política. Retirar dinheiro dos cofres públicos e injetar em fundo eleitoral é imoral e extremamente indecente aos olhos da cidadania brasileira. Os recursos do Tesouro deveriam estar concentrados na compra de vacinas, voltados para o crescimento e desenvolvimento do país e destinados à melhoria da condição de vida do povo.

O aumento abusivo e desrespeitoso do fundo eleitoral deixou a população estupefata. A irresignação e a indignação da sociedade são enormes. No mesmo sentido e no mesmo passo crescem a raiva e o inconformismo, e mais do que nunca, os brasileiros enxergam que o bilionário fundo eleitoral é desarrazoado, vergonhoso e imoral. Daí que o dramático cenário nacional não comporta sandices políticas desse porte nem o povo suporta mais ser feito de otário pelos “nobres” deputados e senadores.

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas tributária, cível, trabalhista, empresarial e ambiental/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG).

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Comentários

  1. Não dá para acreditar nesses deputados e senadores. A televisão falou ainda sobre esse caso mas agora lendo seu artigo eu entendi tudo e estou também indignado e cada vez mais inconformado com essa política suja que fazem aqui. Parabéns pelo artigo doutor Wilson. Gracias, Luan Miranda.

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  2. Esse filme eu já vi antes e o partido que mais leva vantagem é o PT pelo número de deputados e senadores que tem. Olha doutor Wilson que o PT diz que vota contra mas na hora de distribuir o dinheiro ele entra na fila do TSE e leva tudo que cabe da sua parte. Bando de hipócritas.Votam contra para ingles ver e depois corre com o pires na mão para pegar o dinheiro público e fazer campanha de deputados e senadores nas costas do povo. Pára esse carro que eu quero descer porque está morro abaixo e sem freio e o mecânico mais próximo usa estrela vermelha e só faz serviço porco. Como pode? Meu prezado doutor Wilson Campos seus artigos são excelentes e me fazem refletir mas eu acho que as coisas pór aqui não vão bem com essa turma vermelha torcendo e trabalhando contra o governo Bolsonaro. Tá dificíl mas vamos em frente que atrás vem mais gente. Até mais douor. Abr. Vanderley L. D. Soares. Grande BH/Brasil.

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  3. Priscilla D. Noronha16 de julho de 2021 às 16:22

    Dinheiro demais para esses deputados e senadores fazerem nada e ainda moram de graça, usam carro de graça e viajam de graça. E nós pobres mortais temos que trabalhar ganhar pouco e pagar aluguel, transporte, despesas com tudo na vida e sem esperança de um dia ser melhor para nossos filhos. Que país é esse? Que país é esse Dr. Wilson. O senhor que é tão sério e inteligente e trabalha com honestidade e dedicação as pessoas e informa com consciência me explica que país é esse??? Depois de 16 anos de destruição da esquerdalha vem os político atrapalhar tudo de novo com esses dinheiro absurdo que podia ser para comprar vacina e construir hospital mas Cadê??? pelamordeDeus. Dr. Wilson minha gratidão. Att: Priscilla D. Noronha.

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  4. Estes senadores e deputados envergonha muito a gente em plena pandemia com tudo pelo ares e eles querendo mais 4 milhões para aumentar na antes mordomia dos fundo eleitoral. Vergonha, vexame, nojo de tudo isso. O povo sofre e eles regozijam da trsteza do povo e depois dizem que o Bolsonaro é genocida. |Bando de genocidas são eles e isso mostra tudo agora. Abr. Dr. Wilson e gratidão pela bondade do artigo tão bem escrito e informador. Meus parabéns!!!!!! Sou eu Camili Mattos.

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  5. Concordo 1000% e assino embaixo com firma reconhecida no cartório. De acordo, Dr. Wilson. Sempre pelo Brasil - verde, amarelo, azul e branco, e nunca, jamais, vermelho. Abração do leitor e colega Helton Silva.

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  6. Maria de F. S. e Duda P.17 de julho de 2021 às 12:23

    Nós dois também concordamos com o texto completamente do inicio ao fim e estamos indignados que tirem dinheiro da saúde, da educação da moradia da segurança e da infraestrutura do país para bancar campanha eleitoral desse bando de gente com processos na lava jato e no STF. Cadê o STF gente? Cadê os juízes federais e do STJ e STF desse país? Bora não deixar que façam daqui uma Cuba perdida quebrada falida e pobre com povo querendo comida nas ruas e não tendo , como é também o caso da Venezuela - esquerda incompetente e corrupta. Pra frente Brasil ultrapassando a esquerda e mantendo a direita na direção do país em linha reta da estrada.. Estamos juntos nessa luta Dr. Wilson Campos, advogado da cidadania da OAB/MG. Parabéns pelo trabalho de CIDADANIA. Brasil melhor e com ordem e progresso PARA TODOS - Família, povo e Deus. Att;. Fátima e Duda.

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  7. Lamentável! Isso dia talvez acabe, não sei quando.

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