O CENÁRIO POLÍTICO É DE CAUSAR ENGULHOS.

 

Quanto mais vejo as caras e ouço as falas daqueles que agridem violentamente o atual governo federal, mais me convenço de que os agressores são piores em tudo, haja vista a ignorância e a desinformação de uns somando-se à bruta alienação, aos passados sombrios e às ações desprezíveis de outros.

O papel desempenhado por meia dúzia de senadores na CPI da pandemia é de causar engulhos. A desfaçatez desses senadores é tamanha, que nem mesmo os indivíduos mais cínicos da politicagem aceitam serem comparados a eles. A reação da sociedade é de absoluta indignação diante da forma desigual e impositiva como agem, sempre na contramão da legalidade, da impessoalidade, da transparência e da isonomia.

A CPI da pandemia é um esculacho, notadamente pelas caras e falas dos senadores travestidos de “juízes inquisidores”, que, na realidade, deveriam estar no banco dos réus e não na tribuna. O escracho e o desrespeito são constantes, principalmente porque a “ordo senatorum” do comando das sessões é midiática e presunçosa, e por isso não merece a confiança da sociedade nem possui respaldo ético para tanto.

O presidente da CPI deu voz de prisão a um depoente porque não gostou do que ouviu. O relator abandonou uma sessão porque não queria ouvir opinião diversa da sua. Ou seja, os interpelantes negam o direito ao contraditório dos interpelados, numa clara demonstração de incapacidade, intolerância e incompetência para dirigir uma comissão parlamentar de inquérito no contexto do Estado democrático de direito.

O cenário político causa-me engulhos. Aliás, o cenário político brasileiro causa engulhos à população inteira. O “toma lá dá cá” estabelecido por governos anteriores não admite ser interrompido, nem mesmo em ocasiões de duro enfrentamento de uma doença que assusta o mundo e coloca de joelhos as grandes nações. Ora, enquanto em outros países a atenção está toda voltada para o combate à pandemia, aqui as atenções miram o espetáculo deprimente de senadores no papel de verdugos.

Não bastasse o circo mambembe montado por esses atores medíocres que se dizem senadores, a sociedade ainda tem de suportar as notícias subjetivas da imprensa manipulada, que conspira contra a lei e a ordem. A manifestação da tríade da má conduta, que é presidida por um senador de terceira categoria, extrapolou nas suas aberrações, exatamente quando agrediu por declarações irresponsáveis e levianas as Forças Armadas, como se deu nesta quarta-feira (7 de julho).

A resposta dos comandantes militares veio de imediato, por meio de nota oficial. Vejamos o texto na íntegra:

“O Ministro de Estado da Defesa e os Comandantes da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira repudiam veementemente as declarações do Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Senador Omar Aziz, no dia 07 de julho de 2021, desrespeitando as Forças Armadas e generalizando esquemas de corrupção.

Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável.

A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira são instituições pertencentes ao povo brasileiro e que gozam de elevada credibilidade junto à nossa sociedade conquistada ao longo dos séculos.

Por fim, as Forças Armadas do Brasil, ciosas de se constituírem fator essencial da estabilidade do País, pautam-se pela fiel observância da Lei e, acima de tudo, pelo equilíbrio, ponderação e comprometidas, desde o início da pandemia Covid-19, em preservar e salvar vidas.

As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”. (assinam) - Walter Souza Braga Netto,
Ministro de Estado da Defesa; Alte. Esq. Almir Garnier Santos, Comandante da Marinha; Gen. Ex. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, Comandante do Exército; Ten. Brig. Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, Comandante da Aeronáutica.

Ao meu sentir, além de engulhos, causa vergonha alheia o papelão vergonhoso desses senadores que se jogam debaixo dos holofotes da imprensa marrom e se acham comandantes dos destinos do país. Ledo engano desses senadores. Talvez ninguém tenha dito a eles que o impeachment, que procuram a todo custo, não sai das mãos do Congresso, mas das mãos e da iniciativa do povo, que irá às ruas não para o impedimento do presidente da República, mas para dar um basta nas ações deletérias dos inimigos do país, estejam no Senado, na imprensa ou onde quer que seja.

O recado direto aos políticos da politicagem rasteira é no sentido de que a estabilidade democrática do país não ficará refém de seus atos irresponsáveis, mesmo porque o limite será dado quando o povo sentir que chegou a hora, e o chamamento dos brasileiros será uma ordem expressa às Forças Armadas para que restabeleçam a ordem e o progresso.  

Sem prejulgamento do autoritário e espalhafatoso trabalho da CPI da pandemia, vale notar que o estilo adotado na condução do inquérito não tem sintonia com a democracia e muito menos com a liberdade. A Constituição da República não dá carta branca a nenhum político para fazer uso do escárnio público no exercício da função, e não assegura impunidade para criminosos, ímprobos ou aéticos, sejam eles do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário.  

Enfim, por essas e outras na política e na politicagem é que o cenário é de causar engulhos.

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas tributária, cível, trabalhista, empresarial e ambiental/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG). 

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