FALEM A VERDADE
O acidente aéreo que
matou o ministro do STF, Teori Zavascki, relator da operação Lava Jato, causou
especulações de todas as espécies. Falaram até em conspiração. Mas o país quer
saber a verdade. Falem a verdade.
As suposições não têm fundamento enquanto não vierem à luz os verdadeiros motivos da tragédia. Houve ou não acidente? Quais as causas da queda da aeronave?
Não é de bom tom
confundir a sociedade com especulações e suposições. Essas elucubrações levam a incertezas e pré-julgamentos que nada acrescentam à democracia do país. A competência das autoridades encarregadas das apurações e investigações deve ser posta à prova. E que venha o veredicto da inocência do trágico acidente ou da culpa de alguém. Mas que venha acobertado de clareza suficiente para satisfazer a nação brasileira.
A questão é exigir transparência
das autoridades na apuração do acidente, com nossos sentimentos de imenso pesar
aos familiares do magistrado.
A população não é
boba e sabe muito bem a importância do trabalho até então desenvolvido pelo
ministro Teori. Se existem pontos obscuros na motivação do acidente, que se façam as
diligências e as investigações necessárias para a solução do caso, em que pese
a informação de que naquela região outros acidentes aéreos já aconteceram, com
vítimas fatais.
Conforme matéria
jornalística de “O Globo”, acidentes como o ocorrido na tarde de quinta-feira,
que matou Teori, vitimaram políticos e outras personalidades brasileiras na
região entre Paraty, na Costa Verde do Rio de Janeiro, e Santos, em São Paulo.
O caso de maior repercussão no litoral sul do Estado do Rio aconteceu em 12 de
outubro de 1992, quando o helicóptero que transportava o deputado Ulysses
Guimarães e sua mulher, Mora, caiu no mar próximo a Angra dos Reis,
provavelmente entre Paraty e Ubatuba, litoral norte paulista. Na aeronave
também estavam o senador Severo Gomes e sua mulher, Ana Maria Henriquetta.
Os corpos de três dos
cinco ocupantes do helicóptero — o piloto Jorge Comeratto, o ex-ministro Severo
Gomes e o de dona Mora — foram encontrados nas primeiras 48 horas de busca. O
de Henriquetta foi achado cinco dias depois. Mas o corpo de Ulysses nunca foi encontrado.
As buscas se estenderam por 21 dias. Além dos corpos das quatro vítimas, foram
recolhidos pequenas partes da aeronave e documentos pessoais na costa de
Trindade, em Paraty.
Também na mesma
região, em julho de 2001, próximo a Maresias, no litoral norte paulista, a
queda do helicóptero que transportava o empresário João Paulo Diniz, do grupo
Pão de Açúcar, deixou dois mortos: a modelo Fernanda Vogel, namorada de Diniz,
e o piloto Ronaldo Jorge Ribeiro. O empresário sobreviveu. Em fevereiro do mesmo
ano, a queda de um ultraleve deixou paraplégico o cantor e compositor Herbert
Vianna e matou sua mulher, Lucy, entre Mangaratiba e Angra do Reis.
Em novembro de 2013,
o empresário Eduardo Uliano, fundador da empresa Day Brasil, seu filho Gabriel
e o piloto Alvarindo Locatelli morreram após o bimotor que viajavam rumo ao
Campo de Marte, na capital paulista, cair pouco depois de decolar de Paraty.
Em uma tragédia que
entrou para a História da política brasileira e mudou o cenário da campanha
eleitoral de 2014, o candidato do PSB à presidência da República, Eduardo
Campos, morreu em 13 de agosto daquele ano quando o avião em que viajava caiu
em Santos, no litoral de São Paulo. No acidente que matou Eduardo Campos
morreram mais seis pessoas: quatro assessores de campanha, o piloto e o
copiloto. Na queda, o jato atingiu 13 casas, e dez pessoas ficaram feridas,
todas sem gravidade.
Quedas de aeronaves
com políticos e personalidades também ocorreram em outras regiões do país. Em 8
setembro de 1987, na região de Carajás, no Pará, o ministro Marcos Freire
morreu na explosão do avião em que viajava, após a decolagem. O desastre
ocorreu a apenas cinco quilômetros da cabeceira da pista do aeroporto. Titular
da pasta da Reforma Agrária, o pernambucano Freire morreu junto com o
presidente do Incra, José Eduardo Raduan, e outros funcionários do ministério.
Já em 1982, outro
acidente de helicóptero: Clériston Andrade, candidato ao governo da Bahia pelo
PDS (apoiado pelo ex-senador Antônio Carlos Magalhães), morreu a poucas semanas
da eleição.
Como visto, os
acidentes aéreos são diversos e por diferentes causas. Isso, no entanto, não
desobriga o aparelho estatal da investigação imediata, com publicidade das
apurações para conhecimento da opinião pública.
In casu, o
acidente com o relator da Lava Jato requer a busca urgente pela verdade, doa a
quem doer, porquanto o ministro estivesse na posse de processos que implicam em
responsabilização de muitos executivos, empresários e políticos.
O país espera pela
verdade dos fatos. Os brasileiros aguardam com expectativa o resultado das
apurações do acidente aéreo que vitimou o ministro relator da operação Lava
Jato. A vida segue, mas a sociedade exige que falem a verdade.
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Wilson Campos
(Advogado/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista e Ambiental).
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