OS SETE ERROS



Na atual administração, o município de Belo Horizonte vem amargando uma série de erros sistemáticos, ao ponto de os cidadãos afirmarem, sem medo do desacerto, que nunca se errou tanto na gestão de uma cidade.

O primeiro erro cometido contra a população é a negligência nos cuidados com o problema crônico das enchentes, embora estas sejam previsíveis e o fenômeno seja recorrente em época de chuva. Os reclames dos moradores de nada servem. Pessoas correm risco de morte, casas são inundadas, carros são arrastados, e os prejuízos materiais se acumulam. A política do governo atua na contramão da necessidade de medidas efetivas, não se limitando à vontade de não fazer, mas abusando de ironias de que deveria ser um pouco mais babá dos cidadãos.

O segundo erro é a falta de sintonia dos órgãos municipais na solução da mobilidade urbana. O trânsito e o transporte são caóticos sob todos os pontos de vista. A integração não existe. As baldeações tomam tempo, desgastam, irritam e cansam o trabalhador. Os horários são descumpridos. O Move não favorece os usuários, mas fortalece a arrecadação dos empresários do setor. São poucos os bairros contemplados com esse sistema, já ultrapassado. Os ônibus comuns rodam lotados, são sujos, barulhentos e poluem o meio ambiente.

O terceiro erro é a destruição indiscriminada das áreas verdes da cidade, num prenúncio de catástrofe ambiental, com privilégios para os empreendedores, em detrimento dos interesses coletivos da sociedade. A especulação imobiliária toma de assalto os últimos fragmentos naturais e coloca em risco iminente a qualidade de vida dos moradores. As licenças de construção concedidas pela prefeitura contribuem para a devastação inconsequente do meio ambiente. Observem-se os casos recentes das ameaças acintosas de destruição da Mata do Planalto, da Área Verde do Jardim América e da Serra do Curral.    

O quarto erro é o abandono de praças e parques municipais, que se resumem a espaços públicos descuidados, com mato alto e sujeira por todos os lados, sem proteção do patrimônio e sem segurança para os frequentadores.

O quinto erro são as obras executadas a toque de caixa, as trincheiras desnecessárias, os viadutos que cedem, que rompem aparelhos de apoio e que requerem reformas tão logo construídos, além de um que desabou, deixando mortos e feridos.

O sexto erro é a ausência do metrô, do monotrilho, do transporte público de Primeiro Mundo. As promessas se tornaram miragens. O transporte coletivo da capital vai de mal a pior.

O sétimo erro se faz presente em quase todos os atos da administração municipal, com o alijamento da população das decisões, com o não acatamento do Estatuto das Cidades e com as dificuldades impostas à participação popular na gestão democrática da capital, seja na formulação, execução ou no acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano.   

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).

(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de sábado, 30/05/2015, pág. 21).

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