PAQUIDÉRMICO, OMISSO E INEFICIENTE.





O Estado brasileiro se revela paquidérmico, omisso e ineficiente. A máquina administrativa do governo está inchada e cada vez prestando menos serviços à população. O Estado apenas cuida dos interesses dos correligionários e dos aliados políticos, à custa do erário.

Assim, o real motivo de a sociedade estar indefesa e acuada, quando muito supostamente protegida por câmeras, grades e muros, com certeza se dá pela enorme insensibilidade do poder público no trato com o povo. Por mais que as famílias apelem por segurança, o governo não sai de sua inércia proposital.

O Estado bate cabeça com proselitismos em torno da politicagem, deixa crescer a sua ineficiência e não consegue manter o controle sobre o território. As altíssimas taxas de criminalidade e corrupção extrema acabam por desacreditar os cidadãos quanto à existência de fato do Estado Democrático de Direito. Os seres humanos são simplesmente manipulados como peças descartáveis e isso os transformam em retalhos de desespero.

A impunidade, a impunibilidade e a corrupção são desaforos diários dirigidos aos cidadãos, que os engolem a seco. Os crimes cometidos todos os dias são ignorados por aqueles que deveriam tomar as rédeas e dizerem à sociedade das suas responsabilidades. Os crimes não são desvendados. A impunidade prospera sob os olhares confusos das autoridades perdidas e desinteressadas. A maioridade penal serve de desculpa para os legisladores que confundem liberdade com libertinagem.

Que nação é esta que assiste a tudo de cócoras, com o queixo aos joelhos, e não se ergue? Que povo é esse que tudo vê e se acomoda e se acovarda? Que Estado é este que somente causa vergonha alheia?

Quanta paralisia. Quanta ignorância, se não temos paz, segurança, saúde, estradas, educação, cidadania e ainda nos condicionam a presenciar cenas violentas de mortes de pessoas comuns, inocentes e entregues à própria sorte porque o Estado não faz a sua parte. Aliás, o Estado não faz nada em prol da sociedade, apesar de cobrar uma carga tributária escorchante e absurda.

O Estado precisa ser forte na defesa do povo e do território. O Brasil não é terra de ninguém. O Brasil é dos brasileiros que trabalham, estudam, formam famílias e pagam impostos. Para ser forte, o Estado não precisa ser paquidérmico, locupletado de corporações, como se viu nos últimos governos. O que importa é conformar o Estado ao porte adequado para cumprir com efetividade suas funções. O que importa é evitar o aparelhamento da máquina, atenuar bolsões corporativistas, conferir maior institucionalização política por meio de reforço às frentes já formadas, adotar a meritocracia em lugar da velha política de grupos.

O Estado não pode ser fraco com os violentos, mesmo porque a violência escancarada nas ruas, becos e praças já não se esconde sob o manto da noite e desaforadamente se projeta em plena luz do dia, silenciando a voz quase inaudível das famílias honradas que ainda são maioria absoluta neste país.

Não se pode esquecer que os crimes são cometidos por pessoas comuns, mas que tiveram o caráter desviado e se deixaram cooptar pelos maus exemplos, copiados também de autoridades criminosas impunes, por mais incrível que pareça. Ou seja, o Estado produz os criminosos que se intitulam autoridades e, por tabela, acaba criando o monstro que ataca a população, que também quer impunidade, porque se a autoridade criminosa fica impune, o bandido também quer ficar.

Enquanto aceitarmos cabisbaixos e calados os desvios de comportamento, a corrupção, a impunidade e a impunibilidade, com certeza estaremos longe de alcançar a liberdade e o respeito devidos aos povos civilizados. Esta verdade choca, mas é a que temos, recorrente em tênues democracias como a nossa, extremamente imatura e carente de medidas enérgicas na proteção da sociedade.

Portanto, o fato é que o Estado brasileiro tem sido paquidérmico, omisso, ineficiente, leniente e fraco no desempenho de suas reais funções. Precisa crescer nas ideias e nas ações cívicas, amadurecer e trabalhar para debelar as mazelas sociais, a par­tir da insegurança social, da deterioração da saúde pública e das deficiências nas áreas da educação, do transporte e da moradia, para citar apenas alguns setores. E por conta disso, o governo tem agido pouco, sem organização, longe do coletivo, trabalhando no curto prazo, destinando verbas aqui e ali para atender demandas mais urgentes. Falta ao país um planejamento de longo alcance. Falta ao Estado oferecer respostas contemplando o todo. Falta ao Brasil olhar melhor pelos seus filhos.


Wilson Campos (Advogado/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista e Ambiental/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).



Comentários

  1. Estado gordo serve apenas para alimentar os exploradores da República. O que precisamos é de um Estado enxuto, que faça a sua parte da função pública e deixa o restante para os empreendedores, para a iniciativa privada e para a sociedade organizada. A população sabe o que fazer, desde que o Estado deixe. Se o país não sai da mesmice e não pune severamente os culpados é porque a interferência estatal é grande. Mas precisa parar e deixar o povo trabalhar, as empresas produzirem, os investimentos chegarem. Fiscalização e punição são funções do Estado. Enfim, assino embaixo sobre o que o Dr. Wilson Campos falou no seu belíssimo artigo. Parabéns. Nós somos - José Carlos M.M. e Suely C.M.

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