STF ERRÁTICO E SUBMISSO
Quando
a sociedade desconfia, torce o nariz e desconversa, pode saber que algo de
estranho acontece. Foi assim com o Supremo Tribunal Federal (STF), que, aos
poucos, caiu na antipatia do povo. Não bastassem o Executivo e o Legislativo a
causarem vergonha, eis que se soma a esse grupo a Suprema Corte, órgão máximo
do Poder Judiciário.
A
suspensão do julgamento do habeas corpus preventivo de Lula foi apenas mais uma
pitada de veneno nas relações da sociedade com o STF. A liminar concedida, que
garantiu a liberdade de Lula até 4 de abril, soou como uma bofetada na cara da
população. Mesmo que o TRF-4 rejeite os recursos do ex-presidente, sua prisão
não poderá ser decretada, em razão do comportamento errático e submisso do
Supremo.
O
senhor Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado em segunda instância a 12 anos e
um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do tríplex
no Guarujá (SP). A sua defesa apresentou ao STF um habeas corpus preventivo no
sentido de que não seja preso antes do julgamento da medida. O Supremo
reconheceu que tem competência para julgar o habeas corpus preventivo. Depois
disso, quando tudo parecia pacificado e dúvidas sanadas, a Corte decidiu pelo
adiamento do julgamento do mérito, protelando mais uma vez a sua decisão em
demanda importante para os anseios da população.
O
inacreditável foi o fato de ministros deixarem para depois da Semana Santa um
julgamento tão esperado pela sociedade, por motivos de viagem e outros
compromissos assumidos. Ou seja, os nobres ministros da Suprema Corte colocam
os seus interesses pessoais acima dos interesses da nação – adiam um julgamento
porque não podem ficar mais algumas horas no tribunal.
O
pior foi a conclusão a que chegaram os magistrados, decidindo de forma
inusitada pela concessão de liminar para que Lula não seja preso até que a
tramitação do HC se encerre no tribunal. O remédio utilizado a favor do
ex-presidente empurrou para mais alguns dias uma decisão que a sociedade esperava
fosse agora, já, uma vez que ninguém mais aguenta a proliferação de comentários
contra e a favor, quando, na realidade, a Constituição está aí para ser
interpretada e cumprida. Mas para isso é preciso que os magistrados do STF
trabalhem, julguem, decidam com rigor e justiça, nos termos da lei.
A
decisão inusitada do STF não impede que o TRF-4 delibere sobre os recursos de
Lula em sessão marcada para a próxima semana, embora impeça que uma ordem de
prisão seja emitida até que o Supremo conclua o julgamento e decida se concede
ou não o habeas corpus requerido pelo paciente. No entanto, a vitória dupla de
Lula não vislumbra necessariamente um cenário positivo para ele quando o mérito
do HC for discutido, em 4 de abril, porque nesse dia a Corte julgará e
encerrará o caso, já ultrapassada a fase de conhecimento e superadas as análises
de questões preliminares.
Explicado
o imbróglio jurídico, resta reconhecer que a sociedade está certa quando diz
não suportar mais a impunidade. A reação das pessoas nas ruas, nas conversas,
nas redes sociais, nas reuniões e até no convívio familiar é de tristeza com o
comportamento errático e submisso do STF, levando a crer na máxima de que os
ministros da Corte trabalham em função de defesas personalíssimas, daqueles que
os indicaram para o cargo.
Nos
últimos dias o bate-boca no Supremo horrorizou os brasileiros. Magistrado
xingando e tripudiando em cima de magistrado. Farpas para todos os lados.
Agressões verbais de toda sorte. Ataques entre ministros em plena sessão do
tribunal. Suspensão dos trabalhos por medo de que os ministros chegassem às
vias de fato. Um cenário de consternação para uns e de entusiasmo para outros.
Um palanque, um ringue, um teatro, mas longe de ser o que espera a sociedade de
uma Suprema Corte, guardiã da Constituição da República.
A
rigor, o STF precisa parar com as lambanças jurisdicionais, precisa deixar de
ser motivo de piadas na internet, precisa explicar e não tergiversar, e precisa
tratar a Justiça com indispensável seriedade.
Wilson
Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
O país inteiro está indignado com a maneira de agir do STF, totalmente distante de como deve ser, bastando acompanhar as decisões do STJ, por juízes de carreira. O STF por ser formado por juízes indicados pelos presidentes da República, tornou-se essa coisa indigesta para a sociedade brasileira. Muito triste. Precisamos mudar todos os ministros do STF, o mais urgente possível, para o bem do povo e do Brasil. Daniel A. F. N. Mello, mestre e doutor em Ciências Sociais. E antes que me esqueça - Parabéns ao autor do artigo, adv. Wilson Campos.
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