A BOCA FECHADA E A LIVRE EXPRESSÃO.

 

O indivíduo, seja ele quem for, precisa saber dosar suas manifestações públicas. Em certas ocasiões, melhor manter a boca fechada. A livre expressão não pode ser confundida com falas arrogantes, destemperadas e desequilibradas. A fanfarronice não admite tentativas posteriores de explicar ou amenizar a bazófia, a bravata ou a intimidação.

Segundo divulgado pela imprensa nacional e, especialmente, segundo matéria do jornal O TEMPO, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) causou polêmica no dia 05/04/2022 ao criticar a classe média brasileira, defender o direito ao aborto e incentivar militantes a pressionarem famílias de deputados e barrar projetos no Congresso.

As declarações estapafúrdias foram dadas em um evento promovido pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, e à Fundação Friedrich Ebert, entidade alemã ligada ao desenvolvimento ambiental.

Lula disse: “Nós temos uma classe média que ostenta um padrão de que não tem na Europa, que não tem muitos lugares. As pessoas são mais humildes. Aqui na América Latina chamada classe média ostenta muito um padrão de vida acima do necessário. É uma pena que a gente não nasce e a gente não tem uma aula. O que é necessário para sobreviver. Tem um elemento tem um limite que pode me contentar como ser humano. Eu quero uma casa, eu quero casar, eu quero ter um carro, eu quero ter uma televisão, não precisa ter uma de cada. Uma televisão já está boa”.

Percebam que Lula não consegue articular uma frase sem erro de português. O “companheiro” abusa das aberrações linguísticas. Mas o pior de tudo é a sua cara de “sabedoria” quando esbraveja e dá de braços, como se fosse um professor lecionando para alunos calouros. E para ficar ainda mais patético o espetáculo circense, existem aqueles que aplaudem e vibram com todas as sandices proferidas.

Lula disse ainda no evento: “Aqui no Brasil, as mulheres pobres morrem tentando fazer um aborto, porque é proibido, o aborto é ilegal; aqui ela não faz porque é proibido, quando na verdade deveria ser transformado numa questão de saúde pública e todo mundo ter direito e não ter vergonha. Eu não quero ter um filho, eu vou cuidar de não ter o meu filho”.

Nem um pouco constrangido com as duas falas absurdas numa mesma ocasião, Lula não surpreende uma população já acostumada com sua pauta ideológica, que se afasta cada vez mais do eleitor consciente. As falácias do petista geram reações da sociedade, de religiosos e de políticos, que não aceitam a interpretação rasa de alguém que quer polemizar a eleição presidencial para além da polarização já existente.

O besteirol de Lula não parou por aí. Notem que ele defendeu em evento da CUT (Central Única dos Trabalhadores), no dia 04/04/2022, que a militância sindical procure deputados e seus familiares na casa deles para pressionar a favor de propostas que interessam ao setor em um eventual governo petista, a partir de 2023.

“Se a gente mapeasse o endereço de cada deputado e fossem 50 pessoas na casa, não é para xingar não, é para conversar com ele, com a mulher dele, com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele, surte muito mais efeito do que fazer a manifestação em Brasília”, disse Lula. A fala gerou forte reação no Congresso. Os políticos estão irritados e indignados.

A linguagem tosca de Lula é acompanhada do seu pensamento odioso. O indivíduo deveria manter a boca fechada em vez de atropelar a livre expressão. Mas Lula não aprendeu ainda que o brasileiro de hoje não é mais o de 2003 ou de 2010. Os cidadãos estão antenados e são informados e atualizados minuto a minuto pelas redes sociais e pelos noticiários por aplicativos. O celular e a internet substituíram a velha imprensa manipuladora e partidária.

Não bastassem os impropérios sobre a classe média, o aborto e a pressão em cima das famílias dos deputados, Lula voltou a falar sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia e disse novamente que o conflito poderia ser resolvido em uma mesa de bar. O petista já havia feito comentário semelhante no final do mês passado em um evento internacional sobre igualdade e democracia na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). “Essa guerra começou equivocada, ela começou desnecessária. O Putin errou muito na deflagração dessa guerra, mas eu acho que os americanos erraram muito e os europeus erraram muito. Essa é uma guerra que a gente podia ter resolvido antes dela acontecer em uma mesa de bar, tomando uma boa cerveja. Se não na primeira cerveja, na segunda", afirmou o candidato do PT.

Pasmem! Lula foi aclamado por quem estava presente neste evento. Daí a constatação de que os militantes estão sempre ao seu redor para aplaudir quaisquer tolices e bravatas que saiam da sua boca. Lula está misturando piada ruim com liberdade, democracia e vidas. E o líder petista segue assim seu caminho torto, típico de pessoa vaidosa e sem escrúpulos, mas com atrevimento suficiente para colocar seu nome na disputa presidencial do Brasil.    

As bravatas ginasiais de Lula ofenderam e irritaram profundamente a sociedade brasileira, a classe média, os religiosos, as famílias, os políticos e o povo ucraniano. O desrespeito demonstrado por Lula nos eventos acima citados é inadmissível, não tem graça e não merece aplauso. Ao contrário, o comportamento do petista é vergonhoso, desonroso e não vale um centavo furado.

Dos tristes episódios retrocitados saem violadas, agredidas e ofendidas as instituições culturais, sociais, religiosas, jurídicas, civis, políticas, diplomáticas e internacionais. Lula consegue, ao mesmo tempo, ferir no cerne todas essas instituições.

Que contrassenso! Que desatino!

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

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