NEGLIGÊNCIA E OMISSÃO LEVAM BH A PEDIR SOCORRO.

 

Quem anda por Belo Horizonte, no ir e vir do trabalho, com certeza já observou o quanto a cidade está feia, suja e abandonada. Quem percorre as ruas da capital, entre um e outro compromisso, com certeza já observou o quanto elas estão necessitadas de limpeza, cuidado, recuperação e melhorias.

As políticas públicas, que deveriam garantir um conjunto de projetos, programas, decisões e atividades em prol do bem-estar da sociedade, atualmente não passam de redundantes promessas de campanha, quase sempre esquecidas e somente efetivadas mediante muita pressão popular. Os direitos da cidadania assegurados na Constituição da República não são respeitados. 

Em artigo anterior, eu enalteci o gesto de bandeira branca entre a prefeitura e a Câmara Municipal, de forma que a retomada do diálogo institucional provocasse a aproximação para enfrentar os graves problemas da capital. Porém, a cada dia, a situação de penúria aumenta e o descaso e o descuido avançam pelo centro e desaguam nos bairros, inapelavelmente, e o novo prefeito e os vereadores não conseguem apresentar uma solução palpável.

As poucas obras que estão sendo executadas em BH andam a passos de tartaruga. Uma intervenção realizada na esquina da Avenida Pedro I com Avenida General Olímpio Mourão Filho, no bairro Itapoã, ficou parada por mais de 10 dias, com máquina estacionada no canteiro central, nenhum progresso no serviço e somente transtorno para moradores e motoristas. A obra não tem placa, prazo ou motivação.

Outra obra lenta e demorada é a da ampliação da ciclovia na orla da lagoa da Pampulha, que joga os pedestres, os ciclistas e os carros no mesmo funil, tamanha a bagunça que há mais de oito meses atormenta turistas e munícipes. O espaço de lazer e visitação se tornou um rosário de problemas. De um lado, o canteiro de obra interminável, e de outro, a lagoa poluída, assoreada e tomada por algas, bactérias e mau cheiro.

Mais uma obra que se arrasta é a da Avenida Vilarinho em Venda Nova, para contenção das enchentes e inundações. Entra ano e sai ano, desde o primeiro mandato do prefeito Kalil, e a obra não é entregue, restando a população e os comerciantes sujeitos a novos riscos se ocorrerem fortes chuvas. Faz-se urgente a conclusão da obra.

Seríssimo também é o caso das pessoas em situação de rua, cada vez em maior número, com consequências para as residências e o comércio, uma vez que se instalam nas portas das casas e das lojas, fixam moradias e transformam os locais em banheiro público. Não bastasse o fato diário de pessoas deitadas nas calçadas com o sol a pino, os conflitos são rotineiros, entre uns e outros, causando agressões verbais e físicas. É caso de saúde pública, mas está se transformando em caso de polícia.

Belo Horizonte está entregue à própria sorte. Tem pichação, mato, sujeira e lixo por todo lado, de norte a sul e de leste a oeste da cidade. Os parques estão afastando os visitantes, uma vez que o desleixo e a falta de estrutura são latentes. Os cartões postais da capital não merecem mais esse título, exatamente porque estão descuidados, sem vida, sem chamativo e sem inspiração.

A cidade está se definhando com o passar dos dias. O caos é generalizado. O prefeito anterior não conseguiu cumprir parte das suas promessas de campanha. O novo prefeito ainda não teve tempo, mas um mutirão precisa ser criado para trabalhar 24 horas por dia no interesse da cidade. Os vereadores foram eleitos para fiscalizar e contribuir na solução dos problemas e não para abandonar seus postos e sair em campanhas estaduais ou federais.

A negligência e a omissão do poder público estão escancaradas. Os órgãos municipais não correspondem às expectativas dos belo-horizontinos. As críticas feitas aqui são no intuito de colaborar com o rejuvenescimento, o desenvolvimento e o crescimento da metrópole. Melhorias são necessárias, imediatamente. O compromisso da prefeitura e da Câmara Municipal deve ser com o agora, o urgente, o improrrogável. Belo Horizonte está pedindo socorro.

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

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Comentários

  1. Meu escritor favorito dr. Wilson Campos esse artigo o senhor devia publicar no jornal Estado de Minas ou no jornal O Tempo onde o senhor escreve sempre. Está muito bom e merece que todos de BH leiam e inclusive a imprensa e as tevês vejam o que acontece em BH e correr atrás de mostrar aos moradores a realidade. Amamos BH eu sei e temos de cobrar melhorias sim. Abr. Ana C. Ferreira.

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  2. Andréia Martins Gouveia S.T.26 de abril de 2022 às 16:09

    Eu moro no bairro Lourdes e por aqui está igual no resto da cidade - lixo, pichação, sujeira, papelão, lona, gente morando na rua, cocô e xixi pra tudo que é lado e um cheiro horroroso na calçada. Daqui até no Barro Preto a situação piora ainda mais e os moradores de rua estão abusados mexendo com mulheres e dormindo de dia e interrompendo o passeio e a gente tem de ir pra rua para passar. Uma vergonha BH. Uma vergonha que o Kalil não consertou e ainda quer ser governador. Xô. Fora. Não sabe ser gestor de nada. Dr. Wilson parabéns mais uma vez pelo texto primoroso e tão amigo de BH na sua defesa sempre de melhor situação,limpeza e beleza. Vamos juntos nessa luta por BH. Att: Andréia Gouveia.

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  3. Eu só quero comentar a obra da orla da lagoa da pampulha que está quase um ano e não acaba nunca. O trânsito está horrível por ali e os ciclistas invadem a pista de cooper das pessoas e tem até acidente e discussão na beira da lagoa porque o espaço está apertado para muita gente nos sábados e domingos além dos visitantes e turistas que torcem o nariz pela sujeita da lagoa (verde e gosmenta). Um cheiro terrível e muito lixo no espelho dágua. A PBH precisa fazer alguma coisa urgente. O esgoto está acabando com a lagoa e a obra precisa acabar e é só trabalhar a noite que o serviço rende. Aqui o povo só quer trabalhar de dia com transito intenso. Assim fica difícil. Tá louco, ninguém merece. Dr. Wilson seu artigo é tudo que me representa como belorizontino e sei do seu amor por esta cidade e tamos juntos também, nessa empreitada de defender BH. abraço de Claudionor O.D.

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