PRESTÍGIO ZERO
"Minas e o governo federal".
Os
mineiros, antes acostumados a liderar a política nacional, sempre consultados
sobre os momentos especiais da vida do país e nunca esquecidos na hora da
composição dos ministérios e dos altos escalões, hoje não passam de arremedos
das grandes figuras que tanto significaram para a outrora e verdadeira política
mineira.
O
governo nunca esteve tão apagado no cenário nacional e pouco ou
quase nada atendido nas suas demandas, posto que a indiferença do governo
federal é sintomática e desfavorável ao setor produtivo mineiro, seja pelo
distanciamento dos políticos, pela inexpressividade do governante ou pela falta
de audácia no campo das exigências.
Mesmo
tendo a segunda bancada - em número de deputados, não em qualidade -, Minas tem
prestígio zero e pífia força política. Mesmo tendo a segunda maior população do
país, Minas não é ouvida. Mesmo tendo a maior malha rodoviária, não tem
verbas para estradas. E, mesmo tendo o segundo maior colégio eleitoral, não tem influência no governo federal.
Os
exemplos de descaso do governo federal com Minas Gerais e os mineiros são
tantos que o leilão das quatro usinas da Cemig é mais um recado ao governador,
aos deputados e aos senadores. Os recursos para as obras de revitalização do Anel
Rodoviário, para a construção do Rodoanel e do Ferroanel, e para a duplicação
da BR-381 não passam de promessas de quem tergiversa e não cumpre, e fica por
isso mesmo. Ou seja, o governo estadual e os políticos mineiros estão se
acostumando com as derrotas, enquanto outros Estados da Federação ampliam
ganhos, esnobam vitórias e riem dos perdedores na briga pelo bolo.
Se
a crise está instalada em todos os Estados, em Minas Gerais ela é maior, uma
vez que o crescimento está estagnado há anos, notadamente no sistema logístico,
empregado no escoamento da produção e no transporte de cargas, que não atende a
demanda estadual e interfere diretamente na vida dos municípios. Pior, os
repasses do governo federal não chegam a Minas, e a falta de construção de obras
estruturantes estrangula ainda mais a maior malha rodoviária do país, e nem assim
cobram a responsabilização objetiva e direta do governo federal.
Em
que pese a alegação de crise econômica, a isonomia no tratamento é direito
republicano inalienável, sob pena de se fazer necessário reviver acontecimentos
passados, quando os mineiros não aceitavam sobras nem favores, mas exigiam
respeito a Minas Gerais. Daí a urgência da retomada de rumo, com governantes e
políticos numa mesma batalha – a de buscar solução que não prejudique e não
desmereça Minas, que, a rigor, não tem compromisso com oportunistas, mas com a nação
brasileira.
Ainda
dá tempo para os políticos mineiros reconquistarem o espaço perdido, bastando
que se unam na defesa intransigente dos interesses de Minas Gerais e dos
mineiros, independentemente das cores das bandeiras ou das siglas dos partidos.
Wilson
Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quarta-feira, 4 de outubro de 2017, pág. 19).
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(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quarta-feira, 4 de outubro de 2017, pág. 19).
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Realmente é isso aí. Concordo e assino embaixo. O nosso presidente da Federação das Indústrias e outros presidentes anteriores disseram e dizem que MG está deixada de lado, sem atenção do governo federal, e com isso os investimentos não chegam e o setor produtivo desanda. Falta ação dos políticos mineiros para essa fatia de bolo de MG chegue a Minas. O mais depressa possível. Tudo dentro do que afirmou o Dr. Wilson Campos, advogado atento às causas nobres dos mineiros. Renato R. T. O. Filho.
ResponderExcluirDr. Wilson, bom dia. Os únicos casos que registrei em que prevaleceram os interesses de Minas, ocorreram na velha República. Foram eles: as criações e instalações, pela órdem: Acesita, Mannesmam e da Fiat Automóveis. Esta última ainda sob a condição de, durante longo período, a sede adminiostrativa estar em São Paulo, onde eram recolhidos os impostos. São Paulo sempre foi a locomotiva do Brasil, mas Minas Gerais sempre foi e é a alimentadora dessa locomotiva. A Vale do Rio Doce que deixou de ser "do Rio Doce" depois que adquiriu, com os recursos aqui obtidos, a concessão de Carajás e, privatizada, se tornar a maior produtora e expostadora de minério de ferro do mundo, participa de vários empreendimentos industriais, Brasil afora, a qualquer hora vai se desfazer dos seus ativos aquí e nos deixar os buracos onde se achava o Pico do Cauê(tão chorado por Carlos Drumond Andrade) e onde mais explorou e explora minério. O desastre de Mariana já faz parte desse legado. Fomos fragorosamente derrotados, para satisfazer interesses políticos do então presidente Lula, na implantação da expansão da Fiat em Pernambuco. Temos a maior malha rodoviária do país não só pelos nossos interesses, mas pela nossa posição geográfica e interesses dos outros estados. Enquanto não faltou recursos para a duplicação da BR-381, no trecho que interessava aos paulistas, faltou e falta no trecho que interessa a mineiros e capixabas. Nos governos Dilma(que se diz mineira na hora de buscar votos) sobraram recursos para a farra de obras faraônicas do Rio de Janeiro, palco da robalheira que nos envergonha, cuja fatura ajudaremos a pagar, enquanto o nosso metrô continua minúsculo, talvez o menor do país. O anel rodoviário de Belo Horizonte, além de imperrar o trânsito, continua matando mais que os traficantes do Rio. E agora destes passamos, também, a sermos vítimas. Bandidos sediados no interior das favelas de lá, onde nem a tal de Força Nacional tem coragem de entrar, veem nas cidades periféricas de Minas, assaltam, matam e fogem para sua fortaleza. É mais uma fatura que sobra pra nós. O pior é que, por falta de uma visão realista, de espírito crítico dos mineiros, não vejo nenhuma luz no final do túnel. Não se trata de uma briga: PSDB X PT ou Temer x PT. P.S.: Embora a Capital da República esteja em Brasília desde 1.960 e as maiores exportações da Vale hoje procederem das jazidas de Carajás, a sede da Vale(que não é mais do Rio Doce) continua no Rio de Janeiro, assim como, as sedes das estatais como Petrobras, das telefônicas, Eletrobrás e tudo quanto é "bras" se encontram no Rio. Imagine-se o quanto essas empresas despejam mensalmente para pagamento de funcionários e diretorias e os impostos incidentes sobre suas faturas? Logo: se está faltando dinheiro no Rio é porque lá, além de se roubar muito, administra-se pessimamente. O que nos faltou e falta, a eles sobra: prestígio. Salvador A Magalhães - Sta. Tereza - Bhte.
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