SINDICATOS ARRECADAM R$1,7 BILHÃO.

Quando Getúlio Vargas criou o imposto sindical, com a intenção política de atrelar definitivamente os sindicatos ao Estado, talvez não imaginasse que um dia as entidades seriam livres da tutela do governo, sem no entanto, abrirem mão da contribuição compulsória.

As entidades sindicais brasileiras (sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais) arrecadaram de janeiro a julho deste ano o montante de R$1,7 bilhão, tirado do bolso dos trabalhadores e do capital das empresas.

Esta arrecadação brutal de imposto sindical é bancada pelos trabalhadores (um dia de salário), empresas (0,02% a 0,8% s/capital social) e profissionais liberais (30% MVR). A divisão do bolo, por sua vez, entre as entidades sindicais de trabalhadores, fica assim: Sindicatos (60%), Federações Estaduais (15%), Confederações Nacionais (5%), Centrais Sindicais (10%) e Governo/Conta Especial Emprego e Salário (10%). A única diferença entre patrão e empregado, neste caso, é que as entidades patronais não têm Centrais Sindicais e no seu rateio o Governo fica com 20%.

Em épocas não muito distantes a CUT (Central Única dos Trabalhadores), relutava bravamente em receber recursos do imposto sindical, mas hoje, defende a manutenção da cobrança e é quem recebe o maior percentual entre as centrais.

Enquanto a qualificação dos trabalhadores deixa muito a desejar, os sindicatos das categorias econômicas ou profissionais batem recordes em volume de dinheiro arrecadado com a contribução sindical. Seria boa hora de as entidades, todas, aplicarem estes recursos em favor do aprimoramento, atualização e modernização da atividade do trabalhador, para que este enfrente com mais confiança os desafios deste mundo globalizado.

Se por um lado e conforme disposto na Constituição Federal em seu artigo 8.º, depreende-se que ao Poder Público são vedadas a interferência e a intervenção na organização sindical, por outro estão obrigados os sindicatos a defenderem os direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas.

Acontece, que muitos sindicatos não possuem representatividade entre os trabalhaores e pouco fazem em favor dos mesmos. São os chamados "sindicatos pelegos", que vivem longe da luta sindical e fazem da entidade um verdadeiro cabide de empregos de amigos e parentes.

Data venia, havemos que enaltecer o trabalho cívico daqueles sindicatos que vestem a camisa do trabalhador brasileiro e vão para as campanhas ordeiras na busca de melhores salários, condições dígnas de vida e de trabalho, constantemente na procura pela construção de uma sociedade mais livre, justa e solidária.

Enfim, entre o dito e o não dito, fica a impressão de que as diversidades sindicais continuam por aí, fazendo pouco ou fazendo nada, mas vivendo às custas do suor do trabalhador, ou seja, sindicatos ricos representando trabalhadores pobres.

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