GENEROSIDADES COM DINHEIRO DE UM POVO POBRE.


A presidente da República, Dilma Rousseff, data maxima venia, numa atitude quixotesca, mas excessivamente desligada da realidade brasileira, além de negociações com menores taxas e prazos longos para pagamentos, perdoou cerca de US$900 milhões de dívidas de doze países africanos, dentre os quais, muitos governados por ditadores que andam na absoluta contramão dos interesses de seu próprio povo.

Não bastasse essa generosidade com dinheiro de um povo também pobre, o nosso, a comandante em chefe da nação agora resolve ampliar o financiamento da construção de um mega porto em Cuba, outro país dirigido por ditadores, com a despesa correndo por conta dos brasileiros, graças à benevolência do BNDES e a mando da presidente, ao custo de R$701 milhões ou US$290 milhões. 

A capacidade total do porto cubano será de 3 milhões de contêineres, adquiridos com dinheiro público brasileiro, enquanto os nossos portos, sofríveis, lentos e sucateados são ignorados pelo governo que ameaça entregá-los à privatização total. Ora, a bilionária injeção de capital no país dos "hermanos cubanos" a presidente chama de parceria econômica de primeira ordem, quando, agora, o que não se sabe é a quem interessa, de fato, essa aproximação nada democrática, negociada ao arrepio das leis e costumes nacionais vigentes.

E tudo isso a presidente Dilma anuncia como fato consumado, na certeza de que não tem oposição neste país e por confiar na submissão da esmagadora maioria que controla no Senado, embora essas dívidas e investimentos astronômicos careçam de autorização preliminar das comissões competentes e do plenário do Senado da República. Ninguém faz nada. Ninguém se indigna. Ninguém ergue a Constituição em braço forte e pede respeito a ela. É triste e vergonhoso ver o povo tão submisso e perdido. É desesperadora a situação da família brasileira frente à impunidade e violência crescentes no país, onde falta verba para quase tudo, mas sobra para perdão de dívida e construção monumental de porto em países estrangeiros.

Triste e vergonhoso ainda é ver os sistemas brasileiros de transporte público de massa, de saúde, de segurança, de educação e tantos outros precisando urgentemente de investimentos públicos e estes sendo desviados para países que têm problemas, mas, menores, ou, no máximo, na mesma proporção do nosso.

Cruel e desumano é assistir diariamente os passageiros de ônibus e de trens urbanos serem tratados feito gado, numa constante de flagrantes insuportáveis, com paradas e estações superlotadas, estresse, ansiedade e nervos à flor da pele, correria de trabalhadores cansados, mulheres e crianças sendo empurradas e homens se jogando uns contra os outros na procura por um lugar ou assento.

Para o cidadão brasileiro, nada. Para os amigos da rainha, tudo. E assim caminha a desumanidade do governo brasileiro, de pires na mão, convivendo com problemas de terceiro mundo, mas cantando vitórias e praticando atos como se de primeiro fosse. 

A esperança, minha e de outros que amam este país é de que um dia, antes que seja tarde, sejamos de fato uma nação que se orgulhe de seu povo, de seus governantes, de sua história e de seus atos praticados.

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).

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