NOVO GOVERNO MUNICIPAL



O prefeito eleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, tomou posse nesse domingo, 1º de janeiro de 2017, nomeou e empossou secretários e mandou um recado direto aos vereadores, para que eles tenham "juízo", e ainda avisou que não vai negociar cargos nem fará "troca de favores".  

O recado do prefeito aos vereadores serviu como um convite ao duelo, uma vez que as eleições para a presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte foram realizadas no estilo interesseiro de sempre, ou seja, está lançada a disputa de quem manda mais ou de quem decide mais. O jogo de interesses pessoais e particulares é grande. Nesse ínterim, os belo-horizontinos ficam mais perdidos do que estavam e a politicagem volta a reinar no parlamento municipal. Tudo como dantes no quartel de Abrantes.

Os discursos são bonitos, mas na prática, se não sentar, discutir civilizadamente e ouvir o que pedem e querem os "nobres" componentes da Câmara dos Vereadores, o Executivo municipal estará fadado ao imbróglio, e a gestão progressista para ajudar a população restará prejudicada.

A eleição do presidente da Câmara Municipal teve atos surreais, com um vereador afastado e ausente da reunião operando de longe, manipulando votos e controlando os vereadores marionetes. A influência do vereador afastado das funções por denúncias de corrupção é grande sobre seus pares. Sobraram acusações durante a disputa acirrada para a presidência. Uns diziam que houve até reunião em hotel de luxo da cidade para fechar o grupo que vai comandar a Mesa Diretora da Casa Legislativa. 

No entanto, alguns vereadores destoam da maioria subjugada, haja vista a postura contrária deles às composições em troca de cargos, comissões, benefícios e favores. Esses vereadores, que não se bandearam para o lado permissivo e nem fazem parte do teatro de marionetes, reclamam já no primeiro dia de mandato que foram trapaceados até mesmo na localização de gabinetes.   

O prefeito Kalil não terá dias fáceis no tratamento com o Legislativo, valendo observar que, independentemente do presidente e da composição da Mesa, ele não tem maioria unificada. Vereadores que fizeram campanha apregoando princípios morais e ideológicos se renderam às articulações do poder. No emaranhado das tais articulações até mesmo os vereadores dos chamados partidos de esquerda começaram a negociar cargos por votos. Foram ofertadas a titularidade ou participação em várias comissões. No mínimo, revela-se lamentável toda essa situação deprimente da contínua politicagem instalada aqui e no resto do país. Salvo as raras exceções.

Pior que isso é constatar que, minutos antes das negociações entre os vereadores, eles foram empossados juntamente com o prefeito Alexandre Kalil, que pediu aos parlamentares que tenham juízo e disse que não gostaria de negociar cargos. Foi um recado aos vereadores, que já deram mostras de como irá caminhar o relacionamento com o Executivo. Resta aguardar o primeiro desafio de Kalil no novo Legislativo, que será a reforma administrativa, que será levada à Câmara ainda neste mês.

Pelo visto, as promessas do prefeito Kalil, de governar para quem precisa, terá pela frente o jogo de interesses de muitos vereadores acostumados às benesses do poder público. O fato de o novo alcaide estar focado numa administração voltada para a melhoria de vida do povo, que está abandonado e sofrido, de certo modo tem angariado simpatia à sua pessoa. O contrário acontece com alguns vereadores que, reeleitos, tratam a Câmara Municipal como empresa de sua propriedade.

Cumpre ao povo cobrar dos seus políticos eleitos uma posição séria, ética e honrada no cumprimento do mandato, sob pena de os eleitores ficarem novamente esperando por longos quatro anos para colocá-los na rua e não elegê-los nunca mais. Mas a hora é agora, de já começar a visitar esses representantes do povo e exigir deles comprometimento com os interesses da coletividade. A pressão popular é uma ferramenta indispensável e tem de ser colocada em prática, imediatamente, antes que o jogo sujo do "toma lá dá cá" reinicie e coloque tudo a perder.

Enfim, a expectativa é que a crise econômica não torne a nossa cidade ingovernável, que os vereadores comportem-se como verdadeiros representantes do povo e não como representantes de seus próprios interesses, que o prefeito Kalil cumpra as promessas de campanha de defesa intransigente das demandas sociais, e que a população faça a cobrança, de forma severa, se os compromissos assumidos por todos não forem entregues, efetivamente, como prometido.

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Wilson Campos (Advogado/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).


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