REPÚBLICA DAS BANANAS
As fortes cenas de selvageria e morte em presídio de Manaus; o uso de
helicóptero do estado de Minas Gerais para buscar filho de governador em festa
de réveillon; a posse de prefeitos com ficha suja país afora; o uso
indiscriminado de verba pública para eventos de boas vindas às autoridades que ganharam
as eleições; as manobras vergonhosas para o comando nas Câmaras Municipais; a
explosão de dengue que faz crescer o número de óbitos; o aumento astronômico de
até 2.000% no IPTU; a elevação do preço das passagens do transporte público; e
tantos outros acontecimentos recentes que denotam sandice, impropriedade, corrupção,
desídia, incompetência e falta de ética, dão mostras de que o ano de 2016
contaminou o início de 2017.
Não é por menos que muitos tripudiam e, jocosamente, tratam o Brasil como
uma república de bananas.
O Brasil do
"berço esplêndido” e da “igualdade conquistada com braço forte",
visto por muitos como uma república das bananas devastada pela desonestidade e
pela incúria, mais do que nunca precisa do seu povo na defesa da democracia e
no combate à corrupção e ao abuso de poder.
Penso que o Brasil
não é uma república de bananas, mas a oligarquia política e empresarial
desnudada pela Operação Lava Jato quer fazer crer que ele seja. Os escândalos
que pipocam aqui e acolá, sem punição severa, da mesma forma, dizem que o país
é sim uma república de bananas.
Resistem por todos os
cantos os movimentos políticos para cercear investigações da Justiça e abrandar
leis que podem punir a corrupção, os desmandos e os atos de improbidade
administrativa.
Com certeza há muito
choro e ranger de dentes dos empoderados, que agora enfrentam a ameaça da perda
da qualidade de intocáveis.
Apesar de tudo, aos
poucos o país está mudando. Os escândalos de corrupção e as prisões de agentes
públicos e privados desde o mensalão e mais recentemente com a Operação Lava
Jato demonstram que algo de positivo está sendo feito na defesa de um país
melhor para viver. A busca séria e severa da sociedade organizada é pelo
direito igual para todos, com obediência das leis e cumprimento das obrigações.
No entanto, sempre
retorna à nossa mente o pensamento martirizante de que estamos nos
transformando, de fato, numa república de bananas. E isso se dá pela impressão
deixada por todos os fatos tristes acima narrados, e também pela Câmara dos
Deputados que votou o afastamento de uma presidente que maquiou as contas
públicas, mentiu para o eleitorado e conviveu com desvios de conduta, em um
processo conduzido por muitos parlamentares envolvidos em escândalos
financeiros investigados pela Polícia Federal.
Eduardo Cunha foi
cassado. Dilma Rousseff sofreu impeachment. Alguns políticos estão
presos. Empresários também. Contudo, Renan Calheiros, presidente do Senado, o
mais expert na arte da política vem se mantendo no cargo, apesar de
sabido que o STF mantém na gaveta o processo em que a Procuradoria-Geral da
República o acusa de peculato. Tanto Renan quanto Cunha estão no índice
onomástico de acusados de terem recebido propinas no escândalo exposto pela
Lava Jato, segundo fartas notícias da imprensa nacional.
A pecha de república
de bananas não para por aí, uma vez que o senador Renan Calheiros desobedece a
uma atabalhoada ordem judicial sem usar do recurso admitido pelo ordenamento
jurídico, se mantém na presidência do Senado, adquire o perdão colegiado do
STF, canta em versos e prosas a sua vitória institucional e ainda engrossa a
voz na condução de projetos polêmicos que tramitam no Congresso, embora tenha
perdido o privilégio de continuar na linha sucessória da presidência da
República.
O ainda presidente do
Senado, que se agarra ao cargo com unhas e dentes, mantém coesos os seus pares
na trincheira dos interesses individuais, e bate de frente com o Judiciário,
colocando mais lenha na fogueira, acirrando os ânimos, insultando as
instituições e escandalizando o país. A continuar assim, sem o equilíbrio
necessário, a jovem democracia brasileira corre sérios riscos.
Mais que isso, a
impunidade ainda prospera, e muitos acusados estão fora das grades, enquanto a
sociedade trabalhadora sofre com o desemprego, com juros altíssimos e com uma
inflação sem controle. As reformas propostas e outras que virão traduzem-se em
penalidades às classes produtivas do país, contrariamente à situação vivida
pelos malversadores do erário, que se deleitam com o dinheiro público e ainda
querem aumento, pedem subsídios e gozam do inteiro luxo dos cartões
corporativos.
Assim não dá! A
república de bananas não suporta mais tanta bandalheira. Chega! Basta! Vamos
por um fim nisso. Agora, e não amanhã. Já! Acorda povo! Desperta República Brasileira!
Clique aqui e continue lendo sobre atualidades da política e do Direito no Brasil
Clique aqui e continue lendo sobre atualidades da política e do Direito no Brasil
Wilson Campos
(Advogado/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista e Ambiental).
Comentários
Postar um comentário