TRAGÉDIAS NAS RODOVIAS MINEIRAS.
"Tragédias múltiplas
acontecem nas estradas mineiras. Entretanto, nada parece
assustar e nem mesmo incomodar as autoridades frias e impassíveis, que
permanecem anos após anos com suas falhas incorrigíveis".
Não resta dúvida que o motorista precisa ter cautela, responsabilidade e não dirigir loucamente pelas estradas, colocando em risco a sua vida e a de terceiros. Cada pessoa tem uma enorme parcela de culpa quando excede na velocidade, faz ultrapassagem incorreta, ingere bebida alcoólica e pega a estrada, dirige como se fosse o dono do caminho e negligencia nos cuidados do veículo que utiliza.
Não resta dúvida que o motorista precisa ter cautela, responsabilidade e não dirigir loucamente pelas estradas, colocando em risco a sua vida e a de terceiros. Cada pessoa tem uma enorme parcela de culpa quando excede na velocidade, faz ultrapassagem incorreta, ingere bebida alcoólica e pega a estrada, dirige como se fosse o dono do caminho e negligencia nos cuidados do veículo que utiliza.
Apesar de tudo isso, indesculpável,
não há como esconder a omissão e a incúria do poder público, que são reflexos
da ausência de governo, do estereótipo empírico de que “os cães ladram e a
caravana passa”. Péssima interpretação dos que pensam desta forma, se achando
donos do poder, alheios à dor e às tragédias, quando apenas estão, por breve
momento, na posse de um poder efêmero, que causa vergonha alheia e enche de
rancor os lares daqueles que se foram porque as estradas estão em péssimas
condições de uso.
A sociedade vai cobrar
essa dívida, que infelizmente não devolverá a vida, mas por certo confortará os
corações dos que aqui ficaram, para ainda muito chorar a dor da perda irreparável
dos entes queridos.
As famílias enlutadas
não são procuradas pelas autoridades municipais, estaduais ou federais que se
encontram enfiadas em lucubrações políticas de como conciliar a escolha desse
ou daquele candidato que irá legislar ou governar por mais quatro anos. As
mortes nas estradas não são importantes para campanhas políticas, mesmo porque
significam a incompetência de todos eles na administração pública, seja
legislando ou governando.
A ideia fixa de governantes
que não gostam de se misturar ao povo é um sofisma atávico, muito próprio
daqueles que não sabem conviver com a democracia que pregam, posto que nunca a
exercitem. Esses são os conhecidos governantes fracos, de gestões pífias, afastados
do povo, mas próximos do descaso, da improbidade e da corrupção.
A desatenção
governamental, propensa à inércia da própria administração pública, somadas, gelam
o sangue do eleitor, que por direito cívico precisa cobrar nas urnas o
tratamento desrespeitoso e indiferente. Isso é o que se espera de uma sociedade
organizada, que além de muito pagar tributos, saiba cobrar pela contrapartida dos
serviços públicos adequados, eficientes e de qualidade. E o bem jurídico mais
importante do direito é a vida.
A dor pela perda de uma
pessoa em tragédia na estrada não será superada pelos familiares, e esse é um
direito íntimo, porquanto persista a busca pela preponderância da dignidade
humana, havendo esperanças para a efetiva aplicação dos direitos assegurados na
Constituição. O direito à vida é pressuposto indispensável para aquisição e
exercício de todos os demais direitos. Morrer na estrada por imprudência é
triste, mas morrer por incúria do Estado, por buracos e falta de sinalização na
via, por ausência de fiscalização e por negação de investimentos necessários, é
imperdoável e carecedor de responsabilização pela culpa estatal e pela omissão
das autoridades competentes.
A vida humana encontra
amparo na lei antes mesmo de o homem nascer. Indiscutivelmente, o mais
relevante e a base dos outros direitos individuais é o direito à vida. O
Direito é direito mesmo, efetivamente. Não é concessão, favor ou bondade de
quem detém o poder. E como a dor da perda é insuperável, se reforçam os
sentimentos de indignação de uma cidade, de um estado e de um país, que pedem e
clamam sempre por Justiça.
Tragédias múltiplas
acontecem nas estradas mineiras, nas rodovias da morte. Entretanto, nada parece
assustar e nem mesmo incomodar as autoridades frias e impassíveis, que
permanecem anos após anos com suas falhas incorrigíveis. Os erros se repetem e
as desculpas amorais não queimam a face dos detentores do poder público.
A título de exemplo, as
rodovias
mineiras foram palcos de tragédias na terça-feira, 24. Ao menos dez pessoas
perderam a vida em cinco acidentes entre a madrugada e a tarde. As duas
ocorrências mais graves aconteceram na BR-040, em Nova Lima, na Região
Metropolitana de Belo Horizonte, e na BR-135, entre Corinto e Augusto de Lima,
na Região Central do Estado. Foram três pessoas mortas em cada uma das batidas.
Em Nova Lima, o acidente aconteceu na altura do km 567, próximo à entrada
do Condomínio Retiro do Chalé. Se envolveram na batida um carro, um caminhão e
uma carreta. Na BR-135, o grave acidente aconteceu entre Corinto e Augusto de
Lima. Segundo a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), o motorista de uma carreta,
com placas de Pernambuco, contou que o motorista de um Prisma, de São Paulo,
tentou ultrapassar um veículo, perdeu o controle da direção e bateu de frente
com o veículo de carga. Com o impacto, duas pessoas foram arremessadas para
fora do Prisma e morreram. A terceira morreu presa às ferragens. No início da
manhã, por volta das 6h, outro acidente tirou a vida de uma pessoa na BR-381,
em Itatiaiuçu, na Grande BH. Segundo a Autopista Fernão Dias, concessionária
responsável pela rodovia, o motorista de um caminhão seguia no sentido São
Paulo/Belo Horizonte, quando perdeu o controle da direção. O veículo acabou
tombando próximo ao km 535 e bloqueou parte da pista. Veículos que seguiam
atrás não conseguiram frear a tempo e se envolveram em um engavetamento. Foram
oito carros envolvidos, segundo a concessionária. Duas pessoas tiveram
ferimentos leves e foram encaminhadas para um hospital da região. Na mesma
rodovia, outro acidente provocou o fechamento parcial da via e deixou um
motorista ferido. Segundo a Autopista Fernão Dias, uma carreta tombou próximo a
Camanducaia, na Região Sul de Minas Gerais. O ocupante do veículo sofreu lesões
moderadas e foi encaminhado para o hospital. Devido ao acidente, o
congestionamento no local chegou a sete quilômetros. Por volta de 12h, outra
grave batida provocou a morte de duas pessoas. A ocorrência aconteceu na
BR-116, em Teófilo Otoni, na Região do Vale do Mucuri. A pista chegou a ficar
parcialmente fechada, o que provocou lentidão no trecho. De acordo com a
Polícia Rodoviária Federal (PRF), um Palio seguia no sentido Teófilo Otoni/Itambacuri,
quando o motorista perdeu o controle em uma curva localizada no km 573. O
veículo invadiu a contramão e atingiu de frente um ônibus. Com o impacto, dois
ocupantes do veículo pequeno morreram na hora.
As autoridades não se
importam. Mas, importa sim a quem cabe a culpa, a responsabilidade ou a outra,
a irresponsabilidade, seja da prefeitura, do estado ou da União, ou até mesmo
de outro órgão público municipal, estadual ou federal, custeados, todos, com o dinheiro
suado do povo, do contribuinte. Inclusive, daqueles que lamentavelmente se
foram, levados pelas tragédias nas rodovias mineiras.
Falta fiscalização.
Falta policiamento. Falta sinalização adequada. Faltam rigidez e aplicação das
leis aos que abusam da direção perigosa. Faltam investimentos para ampliação,
melhorias e construção de novas estradas. Falta prevenção. Falta humanidade nas
rodovias mineiras.
Um fato constatado e
lamentado é o fechamento de postos da Polícia Rodoviária
Federal, com consequente e crescente aumento no número de mortes nas estradas,
que precisam e devem ser temas de debates em busca de uma solução para um
problema que, aos poucos, se torna crônico.
Os relatos de tragédias nas rodovias
mineiras são inúmeros, todos os dias, sem nenhuma providência emergencial dos
governantes para que isso acabe. Obras não existem. Duplicação, nem pensar. Recursos
são prometidos apenas na época de campanhas políticas. Enquanto isso, os
acidentes e as mortes se multiplicam. Tristemente!
Wilson Campos (Advogado/Presidente da
Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da
OAB/MG).
Sou engenheiro de vendas de uma grande empresa e vivo presenciando os fatos contados no artigo. Viajo de carro todas as semanas por quase 1.000 km.
ResponderExcluirEstradas da pior qualidade possível; impostos caros para pagar; polícia quase nenhuma nas rodovias; excesso de pardais que multam os veículos; acostamento quase inexistente; pista de escape não tem; sinalização precária; etc...etc...
Solução é investir pesado nas rodovias, construir novas estradas, duplicar as vias, policiar dia e noite, penalizar os abusos cometidos por motoristas irresponsáveis, pintar as pistas com cores fortes e tintas duráveis, sinalizar fortemente os percursos mais sujeitos a acidentes, educar, orientar e prevenir os motoristas de carros pequenos e veículos pesados. Achei excelente o texto do advogado Dr. Wilson Campos, de BH, e espero que seja do conhecimento das pessoas de norte a sul e de leste a oeste do país. Roberto Carlos V.F. de Azevedo Filho.
Essas tragédias acontecem pela imprudência dos motoristas e muito mais ainda pelas estradas péssimas que cortam Minas Gerais, o estado com a maior malha rodoviária e todas as rodovias estaduais e federais esburacadas, sem sinalização e sem policiamento. Uma vergonha viajar pelas estradas mineiras, e pior ainda se chover, porque os buracos viram crateras que engolem carro inteiro. O estado de Minas Gerais precisa é de governo. Mais uma vez o artigo do doutor advogado Wilson Campos é excelente e primoroso, com informações que nos levam a pensar numa solução para tanta falta de consideração do poder público- votar melhor é uma solução imediata.
ResponderExcluir