EMBORA NEM TUDO SEJAM FLORES, PARABÉNS, BH!


Confesso que sou profundo admirador de Belo Horizonte e sempre me surpreendo contemplando suas belezas, que são muitas. Confesso que amo essa cidade, embora eu saiba que ela tem milhões de amores gentilmente correspondidos. Confesso que não saberia escolher entre os morros, as serras e as montanhas. Confesso que não nasci aqui, mas aqui estou há 40 anos, arrebatado, grato e pronto para defender seus valores, confundidos entre si.

Em 2019, a capital mineira, fundada em 1897, completou 122 anos. Conta com belíssimos monumentos, parques e locais para visitação. Tem a Pampulha, a serra do Curral, o Mirante e o Parque das Mangabeiras, a praça do Papa, a praça da Liberdade, o Memorial Minas Gerais, o Mercado Central, a praça da Savassi, os museus, os teatros, os botecos, a gastronomia e tantos outros lugares e predicados que convidam a conhecer a cidade.

No entanto, apesar da minha especial paixão pela capital das Alterosas, reconheço que muito precisa ser feito em prol do seu vigor social. A amada cidade está sem brilho, e suas ruas, avenidas e praças estão sujas e mal-iluminadas. Faltam sensibilidade da população e gestão do poder público municipal. O sossego que aqui existia sumiu. A paz de outrora foi expulsa por pessoas barulhentas e algumas violentas, que não mais convivem, mas se toleram ou nem mesmo isso. 

As calçadas estão esburacadas, e os espaços públicos, sem verde e sem vida. As áreas verdes ainda restantes estão ameaçadas pela especulação imobiliária. As vias estão sem a sinalização adequada. Os bairros apresentam abandono. As poucas obras restam inacabadas, denotando falta de planejamento. O trânsito é caótico, e a mobilidade urbana se anula diante da precariedade. O lamento dos moradores não é escutado e suas reivindicações mais elementares não são atendidas.

As pichações se espalham por patrimônios públicos e privados, sem contestação, sem punição e sem protestos veementes da sociedade ou providências das autoridades. A superlotação dos ônibus e do metrô reflete a imagem de um transporte urbano saturado e ineficaz. 

A violência campeia solta. O cidadão que sentava-se nos bancos da praça para descansar, ler e conversar fugiu para dentro de casa, vive intramuros, pois o sossego deu lugar ao perigo. As noites, antes tranquilas e silenciosas, hoje são chicoteadas por arruaceiros, música altíssima e foguetório. Os limites legais da tolerância são ignorados. O policiamento ostensivo já não se vê, em lugar nenhum. O cidadão, em muitos casos, está entregue à própria sorte.     

Mas, creia-me, Belo Horizonte, o meu apreço por ti é maior que o rol de suas mazelas. Perdoe-me as críticas. De ti não desistirei, até que me restem forças. 

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).

(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quinta-feira, 26 de dezembro de 2019, pág. 14).


Comentários

  1. Achei uma homenagem digna e gentil a BH. Parabéns meu dileto Dr. Wilson Campos. Eu também acho que BH está muito suja e sem iluminação e isso precisa ser corrigido logo logo, não esquecendo que daqui a pouco vem o carnaval e a sujeira vai aumentar como foi no ano passado, com sujeira pra tudo quanto é lado e nada de prefeitura nem de guarda municipal nem de BHTrans nem de Polícia. BH precisa melhorar em muito sua vaidade de cidade grande. Mas de qualquer maneira eu também dou parabéns a BH pelos 122 anos e faço minhas as palavras do mestre advogado dr. Wilson Campos. Abraços e Saudações mineiras. Nestor A.S.Jr.

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  2. MARCO TÚLIO CAMARGOS.26 de dezembro de 2019 às 17:19

    PREZADO DR.WILSON
    BOA TARDE
    EU JAMAIS SAIRIA DE BELO HORIZONTE,CIDADE AONDE NASCI E VIVO AQUI DURANTE 68 ANOS,CONHEÇO BELO HORIZONTE,COMO A PALMA DA MINHA MÃO E AGORA COMO VOÇE BEM DISSE NA ÉPOCA DE FÉRIAS É QUE ESSES PROBLEMAS CONTIDOS NA CIDADE FICAM MAIS CLAROS E VISÍVEIS POIS ,EXISTEM TEMPORARIAMENTE MENOS HABITANTES DEVIDO AS FÉRIAS.
    OS PONTOS DE TÁXI COMO AQUI NO CALAFATE EM FRENTE A IGREJA DE SÃO JOSÉ NÃO TEM UMA ARBORIZAÇÃO ADEQUADA A PRACINHA EM TORNO DO PONTO DE TAXI ESTÁ SUJA E MAL CUIDADA ASSIM SÃO OS PONTOS DE TÁXI DE TODA CAPITAL QUE TANTO GOSTAMOS.
    NA MINHA REGIÃO É COMUM O TIROTEIO NA MADRUGADA ACORDO ATÉ ASSUSTADO COM OS TIROS A POLÍCIA FAZ O POSSÍVEL.OS JOGOS NO MINEIRÃO,SÃO PERIGO CONSTANTE PRINCIPALMENTE QUANDO JOGAM ATLETICOXCRUZEIRO ONDE O JOGO TERMINA E OS PROBLEMAS DE VIOLENCIA CONTINUAM COM A BRIGA ENTRE OS TORCEDORES.NA AVENIDA ANTONIO CARLOS ATRAS DO AEROPORTO DA PAMPULHA PROXIMO AO CLUBE LABAREDA UM CHEIRO HORRÍVEL DE UM CORREGO QUE PASSA POR ALI ATRAS DO AEROPORTO DA PAMPULHA.
    SINALIZAÇÕES DE TRANSITO JÁ ESBRANQUIÇADAS PELO TEMPO,COM SINAL DE PARE ESCRITO NO ASFALTO QUASE INVÍSIVEL.PELA MANHÃ DE SABADO E DOMINGO ARRUAÇEIROS DÃO O SEU TOM COM GARRAFAS DE CERVEJAS QUEBRADAS NAS RUAS ,SINAIS DE TRANSITO RETORCIDOS POR COLISÕES DE VEÍCULO CUJOS MOTORISTAS DESRESPEITAM AS LEIS DE TRANSITO.
    EU SE PUDESSE,POIS DURMO MUITO CEDO, POR CURIOSIDADE IRIA ANDAR DE CARRO DE MADRUGADA,PARA VER AS BARBARIDADES DE SOM EXAGERADOS,PEGAS DE CARROS,GRITARIA GERAL,BRIGAS DE TODA SORTE,DE PESSOAS ANDANDO EM BANDOS DILAPIDANDO O PATRIMONIO PÚBLICO E PRIVADO,QUE OS DIGAM OS ANTIGOS ORELHÕES TODOS DESTRUÍDOS E OS PONTOS DE PARADA DE ONIBUS TAMBÉM.
    MESMO ASSIM ADORO BELO HORIZONTE CIDADE BONITA APESAR DE TUDO,QUE O MEU CORAÇÃO ADOTOU PARA MORAR.
    Atenciosamente,
    Marco Túlio M. Camargos
    Corretor de Seguros

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  3. Salvador A. Magalhães27 de dezembro de 2019 às 14:05

    Dr. Wilson, bom dia. Parabéns pelo ótimo artigo. Coincidentemente, também eu aquí cheguei há mais ou menos 40 anos, egresso de Bom Despacho, onde, infelizmente, residi por apenas três anos. Embora os governos passados tenham alardeado haverem gasto bilhões e bilhões com a educação, com exceção das escolas mantidas pelas instituições religiosas e/ou militares, o dinheiro gasto na rubrica saiu pelo "ladrão", nos dois sentidos. Serviu para financiar tudo que diga respeito a enriquecimento de companheiros e correligionários, a movimentos de apoio a líderes pegos com a mão na botija e etc. Muito, muito foi gasto com a "educação". Mas, os índices da nossa educação pública são os piores do mundo. Entre gastar muito e mal, é preferível gastar menos e bem gasto. O nosso problema es t&aacute ;, indubitavelmente, na educação. A Belo Horizonte de hoje não é nem a sombra da Belo Horizonte de 1.978. Feliz ano novo. Salvador A. Magalhães.

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  4. Dr. Wilson,

    Belo artigo, como sempre.

    Marco Túllio Braga

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  5. Parabéns...amei este artigo...de uma descrição incrível...emocionante! Que Deus continue te abençoando e capacitando mais e mais.
    Um grande abraço!!!
    Gilda

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