UMA ANDORINHA SÓ NÃO FAZ VERÃO, MAS...


Por analogia ao ditado popular “uma andorinha só não faz verão” e com a permissão do filósofo grego Aristóteles, ouso dizer que um homem, sozinho, não muda o destino e o comportamento de toda uma nação, mas pode realizar muito, em prol de muitos, e influenciar outros para que se somem à sua ideia fundamental de mudanças.
          
Vejo com simpatia a peregrinação solitária da ativista sueca Greta Thunberg, que debate mundo afora a proteção do clima, que tem enfrentado líderes de países que maquiam índices de emissões de efeito estufa e que nem sempre conta com a simpatia dos chamados intelectuais ambientais. Mas isso é normal em um mundo globalizado, onde o conhecimento requer pesquisa percuciente para a atenção necessária à causa abraçada. Ademais, a esperança é que a “andorinha” Thunberg, além de alçar voos cada vez mais altos, estude mais, pesquise mais, e talvez consiga realizar, sozinha, o que milhares tentaram e não conseguiram, mas sem se esquecer da escola e dos estudos, que a ajudaram a aprimorar seus objetivos. 

Aliás, vale aqui lembrar à jovem "andorinha" Greta Thunberg, que na  Europa e na América têm incêndios tão grandes ou maiores e mais demorados que na Amazônia, que custam muitas vidas com intensidade enorme e também consequência da mudança climática.  Ou seja, antes de criticar o Brasil e ir na onda do presidente da França, Emmanuel Macron, ela precisa estudar, pesquisar e visitar os países europeus que estão ardendo em chamas, com incêndios de periculosidade extrema.

Voltando à generalidade do tema, nem sempre os “bandos” e as “multidões” estão no rumo certo e com a razão. Em muitos casos, a andorinha só e o homem sozinho resolvem melhor uma situação, um destino ou uma providência. Não há, necessariamente, que serem muitos os encarregados da decisão, bastando apenas um, que seja mais difícil de enganar ou servir de massa de manobra. Ora, os “bandos” e as “multidões”, na maioria das vezes, se transformam em marionetes, posto que se deixam iludir por promessas populistas, ideais duvidosos, filosofias demagogas e discursos alienantes. Ou seja, é mais fácil convencer uma coletividade leiga e adestrada do que tergiversar em cima de um indivíduo irresignado e estudioso.

Quando o coletivo respeita as opiniões individuais, o caminho pode até ser mais longo, mas será melhor percorrido, seja pela prevenção ou pela precaução. Mas quando o coletivo toma as rédeas e não respeita o indivíduo nem sua mensagem, restando nas mãos de alguns “bandos” descompromissados com a realidade, a coisa descamba para o absurdo e a democracia vai para o ralo.

Uma andorinha só não faz verão, mas um homem sozinho pode realizar muito se não existirem os grupos que falam demais e produzem pouco. E de nada serve um bando de gente que só pensa no “coletivo” para impressionar, quando, na realidade, só pensa no próprio umbigo, nos interesses pessoais e na sobrevivência de alguns poucos apadrinhados, na contramão do verdadeiro conceito de coletividade.

Não existe coisa pior que ser enganado e levado feito gado, quando os acontecimentos exigem participação individual e sem os gritos inflamados dos “bandos” de ventríloquos, cada vez mais manipuláveis, que se submetem aos tentáculos dos mais espertos e carregam o piano sem dar conta de que estão sendo explorados. Aliás, triste realidade essa das “multidões” conduzidas pelos cabrestos da intolerância e do fisiologismo errático, seja de esquerda ou de direita.  

Se há algo que o Brasil não precisa é de pessoas que só pensam e agem em “bandos”, declinando de suas opiniões individuais e sendo arrastadas pelas vielas do inconformismo eterno. Porém, faz-se imprescindível observar que o individualismo, de forma alguma, significa desprezo pelo coletivo, pela sociedade ou pelos membros de coletividades íntegras. Não é isso. Ser individualista, no caso concreto, significa buscar melhores horizontes para si mesmo, partindo do pressuposto de que todas as interações entre indivíduos devem ser voluntárias e isentas. Justamente o oposto do “coletivismo” que se vê por aí, que tenta atribuir às massas uma personalidade folclórica e atípica – a do pensamento coletivo. Ora, como pode o coletivo pensar se os cérebros são individuais?

Essa percepção de “coletivo” agrada muito aos manipuladores, sagazes na condução das vidas de terceiros, sem que isso lhes importe alguma consideração. A jogada é pensar um Estado soberano, desde que a soberania seja entregue ao líder do “bando”. Ou seja, a coletividade é a mola para guindar ao poder líderes de barro e sem vocação democrática. Mais tarde, depois dos erros e desacertos, quando os incompetentes não dão conta da gestão e muito menos da administração, o débito vai para a população, essa sim uma coletividade que pensa individualmente, ainda mais nessa hora em que terá de pagar por algo que não deve.

Os cidadãos livres, no pensamento e no direito de ir e vir, não admitem mordaças nem compactuam com politicagens e malabarismos partidários. São pessoas que agem de forma individual e sabem separar o joio do trigo. São brasileiros que não se vergam ao compadrio nem ao apadrinhamento político a troco de migalhas. São cidadãos que hasteiam a bandeira brasileira e cantam o hino nacional. Ao contrário disso, os “bandos” e “coletivos”, alienados e subservientes, humilham-se e dançam ao som do desafinado canto da sereia, sem ritmo, sem futuro, sem pátria e sem povo pra chamar de seu.

A sociedade está exausta e não consegue mais carregar esse peso morto chamado “coletivismo” torto, que só enxerga o que quer, que só fala o que mandam, que só pensa pelas cabeças dos líderes de barro e que só idealizam fantasias. A tirania que se sustenta com o trabalho de seguidores sem opinião própria precisa acabar e levar consigo seus tiranos perdedores, ímprobos e aéticos. Democracia se faz com cabeças pensantes e opiniões próprias, respeito ao indivíduo, governo do povo, pelo povo e para o povo, sem extremismos ou lavagem cerebral. O cidadão, na sua condição individual, tem direito às manifestações, da mesma forma que têm os “coletivos”, com a diferença de que o indivíduo pensa por si e não por um “bando”.

Por fim, reitero que o individualismo acima defendido não desqualifica nem despreza o coletivismo, a sociedade ou os grupos que pensam e respeitam o pensamento de todos. Não se trata disso. O individualismo em comento é aquele que emite opiniões sem patrulhamento, escolhe livremente seus líderes, respeita as opiniões e não permite cerceamento das suas, enaltece o povo trabalhador e ordeiro e pede prisão para os corruptos e corruptores, sabe distinguir o certo do errado, combate o crime e os descaminhos, independentemente de quem seja o acusado, honra a cidadania e valoriza o cidadão honrado, e, acima de tudo, pede por direitos, mas cumpre com seus deveres.

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas tributária, trabalhista, cível e ambiental/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).  


Comentários

  1. CONCORDO. O PENSAMENTO É INDIVIDUAL E NÃO PODEM OS BANDOS, AS MULTIDÕES E OS TAIS OS COLETIVOS DIZEREM QUE FALAM POR TODOS, SE TODOS NÓS TEMOS NOSSAS PRÓPRIAS IDEIAS E MODO DE AGIR.
    COMO DIZ O ARTIGO, O COLETIVO, AS MULTIDÕES, MERECEM RESPEITO MAS TÊM DE PROPAGAR A OPINIÃO INDIVIDUAL, OUVINDO O CIDADÃO E NÃO EMITINDO OPINIÃO COMO SE FALASSEM POR TODOS, QUANDO NÃO É VERDADE. NINGUÉM PODE FALAR POR TODOS.
    TODA UNANIMIDADE É BURRA, JÁ DIZIA O HISTORIADOR.
    GOSTEI DO ARTIGO DO E. DR. WILSON CAMPOS, QUE SEMPRE ESCREVE O QUE O LEITOR QUER LER. MUITO BOM.; PARABÉNS. MATEUS J.P. SOBRINHO|.

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  2. Essa menina Greta, sueca, não precisaria vir ao Brasil falar de clima, incêndios, e arranjar encrenca com o presidente Bolsonaro, que está tentando arrumar a bagunça deixada pelos esquerdistas PT, PSOL, PCB, PC do B, etc. Ela poderia andar pelos países da Europa e ver que lá os incêndios destruiram todas as florestas e ainda queimam matas e áreas florestais sem que ninguém fale nada, ou critique. Por que o Papa, o Macron da França e outros líderes não criticam os seus países europeus que estão com incêndios por todo lado, inclusive, de grandes proporções como os da Austrália. Vamos lá gente, ser mais imparciais e justos. Parabéns ao admirado dr. Wilson Campos por mais este espetacular artigo, que abre os olhos da gente e mostra espírito de cidadão brasileiro de verdade. Gostei muito do texto todo. Jasmine S. de M. Pantaleão.

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