TRATAMENTO ISONÔMICO NA POLÍTICA.
Dois dos grandes males
da política brasileira são o tratamento desigual dado aos municípios pelos
governos estadual e federal e, da mesma forma, o procedimento destinado ao
governo estadual pelo governo federal. Ora, essa atitude se mostra no mínimo constrangedora
para o representante legal do ente federativo, necessitado de verba pública, que
tem de se humilhar para levantar investimentos e alavancar o desenvolvimento da
sua região.
O governo federal
precisa dar um tratamento igual, isonômico, a todos os municípios e estados,
assim como o governo estadual deve olhar de forma igual para todos os
municípios, independentemente da situação partidária do poder local. Afinal, a
população não pode ser sacrificada pelos antagonismos partidários ou mágoas entre
uns e outros políticos.
Uma situação clara de
que isso ocorre é a de Minas Gerais, porquanto esteja há 12 anos pedindo
investimentos para estradas, saúde, educação e segurança e o governo federal,
por ser de partido contrário, simplesmente oferece a conta-gotas a parcela
mineira na verba nacional.
As obras rodoviárias
em Minas são eternos temas de palanques, mas não passam disso. O Anel Rodoviário
de Belo Horizonte e as estradas por todo o estado são exemplos de constantes promessas
de obras de adequação e de pavimentação. As obras de infraestrutura sempre
mereceram discursos calorosos dos políticos em campanha, mas as palavras se
perderam no tempo e o dever não foi cumprido.
O governo federal
alega falta de projetos. O governo estadual reclama da burocracia e da
morosidade na liberação de recursos orçamentários para licitação das obras. Ou
seja, o jogo de empurra é político. Os partidos envolvidos nas cúpulas
executivas não têm a mesma sigla, a mesma cor ou o mesmo ideal. Em comum,
apenas o fato de que prejudicam enormemente a população, os produtores rurais,
o comércio, a indústria, o desenvolvimento e o crescimento das cidades, do estado
e do país.
Por outro lado,
também não se justifica a injustiça na divisão do bolo estadual com os
municípios, quer sejam estes de menor ou maior porte, mesmo porque a
distribuição dos recursos é para a promoção de um desenvolvimento mais
equitativo, fato que pressupõe por parte do agente político uma dose certa de
parcimônia e bom senso. Os municípios são portadores de direitos iguais e ao
estado cabe repartir com imparcialidade e isonomia o quinhão de verbas
disponíveis.
Os gestores dos
recursos públicos precisam mostrar equilíbrio na hora de contemplar os
requerentes, uma vez que acima dos interesses político-partidários estão o
crescimento econômico, a geração de empregos, as obras rodoviárias e de
infraestrutura, a proteção do meio ambiente, os direitos sociais e a real
melhoria da qualidade de vida da população.
A alocação de
recursos, de cima para baixo, não pode excluir os pequenos em detrimento dos
grandes e não pode discriminar ninguém por ser de partido diferente. Qualquer
determinação que configure injustiça deve ser reparada por via administrativa
ou judicial.
Em Minas, o déficit
em infraestrutura é enorme. A ampliação do metrô não sai do papel. Os
aeroportos estão ultrapassados. As estradas, principalmente as federais,
encontram-se em péssimas condições, perigosas e causadoras de milhares de mortes
todos os anos.
O sistema logístico
atual, empregado no escoamento da produção e no transporte de cargas, não
atende a demanda estadual e interfere diretamente na vida dos municípios. Os
repasses da União não chegam a Minas e a falta de construção de obras
estruturantes estrangula ainda mais a maior malha rodoviária do país. A
responsabilidade do governo federal, se não assumida, urgentemente, deve ser
passada para quem possa dar um fim nesse imbróglio, que somente traz atraso e sofrimento
para a população mineira. O tratamento isonômico na política é um direito e um dever
dos entes da federação.
Wilson Campos
(Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
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