O DIA DO PROFESSOR EM TEMPOS DE PANDEMIA.

 

O ano de 2020 está sendo desafiador para os professores e professoras, haja vista que, desde março, em todo o Brasil, eles e elas tiveram que se reinventar para despertar a atenção e o interesse dos alunos, cada um de sua casa.

 

Um problema pontual seria o de que muitos não tivessem nenhuma experiência com aulas a distância, mas os docentes toparam o desafio de se superar e mostraram que têm como verdadeira missão de vida educar, independentemente das condições e das múltiplas dificuldades.

 

Na verdade, a pandemia não poupou nenhum segmento da educação e todos tiveram que lidar com o fechamento repentino das escolas. Esse ato, apesar de necessário, pegou em cheio a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental. A abrupta medida interrompeu, por um razoável tempo, o primeiro contato das crianças com a leitura e a escrita. Muitos dos pequeninos não conheciam nem mesmo as vogais. Portanto, eis aí o árduo trabalho dos dedicados professores, de alfabetizar pela tela do computador.

 

Segundo alguns professores, o trabalho com as crianças foi desafiador, mas os resultados foram bons e compensadores, valendo notar que algumas professoras, mais atentas às necessidades das crianças, planejaram kits com materiais escolares como massinha, cadernos e lápis que os pais puderam buscar na escola. Essa saída foi a forma encontrada por professoras cuidadosas que levavam a sala de aula para dentro da casa de cada aluno.

 

Muitas dificuldades foram enfrentadas, principalmente com relação ao uso da plataforma por muitos estudantes. Para contornar o problema, professores e professoras resolveram enviar as atividades e explicações para o número de WhatsApp dos pais. Lamentavelmente, a falta de acesso à internet, equipamentos ou mesmo atenção por parte dos pais é a realidade de muitos alunos das escolas brasileiras. Ademais, perfilam ainda as dificuldades financeiras para aquisição de certos materiais necessários na ministração das aulas virtuais. 

 

Com certeza estão corretos os professores e professoras que afirmam acreditar ser a educação a melhor resposta para o mundo. Então, é por meio da educação e da escola que as coisas podem ser mudadas para melhor. Isso sim faz diferença no mundo globalizado – ensinar, educar e formar pessoas melhores para um mundo melhor.

 

Tristemente, nem todos conseguem fazer do ensino uma prioridade para a família que não tem sequer o alimento do dia a dia. Então, mais uma vez, entra em campo a humanidade de certos professores e professoras, que arregaçam as mangas e vão atrás da arrecadação de alimentos e cestas básicas para essas famílias, para que, assim, elas possam se alimentar e depois de alimentadas, consigam ter forças e vontade para pensar nos estudos. São exemplos admiráveis de profissionais admiráveis.

 

Assim, não há como admitir, nem em pensamento, que ainda existam por aí alunos crescidos, que agridem seus professores em sala de aula, na mais absoluta falta de respeito. Também não há como admitir, além dessa covardia e dessa violência contra os mestres, que os salários sejam tão irrisórios e não representem nada diante da importância do profissional de ensino, seja pela sua capacidade intelectual, pelo tempo de atividade escolar, pelo amor à causa, pelo espírito de cidadania ou pela simples vontade de ajudar na formação de homens e mulheres éticos, honrados, trabalhadores e melhores.

 

A sociedade organizada e civilizada não pode mais admitir que os professores e as professoras sejam tão maltratados, tão mal remunerados e tão desconsiderados pelo poder público. Enquanto um vereador receber mais do dobro do salário de um professor, não haverá verdade na justiça desse país. Torna-se incompreensível tamanha disparidade. Prospera a irracionalidade em detrimento da cultura. Cria-se um vácuo na formação da cidadania tão almejada. Desce morro abaixo a esperança de uma vida melhor para crianças, jovens e adultos. E amarga-se a derrota de uma geração, exatamente por não existir compromisso com a educação. Esse panorama precisa ser mudado, urgentemente.

 

A escola é lugar de aprender a ler e a escrever. Não cabe dentro da escola a substituição dos pais pelo professor. Cada um tem o seu indispensável papel. A rigor, o papel do professor é intransferível, porquanto seja sua a tarefa de transmitir conhecimentos, de revelar para as pessoas o mundo da matemática, da história, da geografia, da língua portuguesa, da química, da física, das artes, da biologia, entre outras disciplinas tão importantes quanto. A missão do professor é sacerdotal e indispensável na vida de qualquer um.

 

No dia do professor, em tempos de pandemia, a minha homenagem a esse ser humano extraordinário, que se entrega de corpo e alma no cumprimento da sua missão de construir pessoas melhores para um mundo melhor.  

 

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG).

 

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Comentários

  1. Obrigada Dr. Wilson por essa homenagem tão linda aos professores do nosso Brasil. Com a pandemia os trabalhos escolares foram dirigidos para as telas com aulas virtuais,mas a professora não se desanimou e enfrentou as dificuldades e levou o ensino aos seus alunos com o apoio das famílias. O seu artigo Dr. Wilson Campos é a pura realidade do sacrifício honroso do docente. Estou agradecida pelo seu belíssimo texto. Obrigada, de coração. Ivone Pontes (professora).

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