DA REFLEXÃO EM 2020 À NOVA REALIDADE EM 2021.
As vísceras da sociedade foram colocadas à mostra, não apenas no nosso país, mas no mundo. Fechar os olhos para essa triste realidade é enganar a nós mesmos. O recado dado pela pandemia da Covid-19 não apenas calou as nações mais poderosas e desenvolvidas como vergou suas formas morais e amorais de suposto poder supremo.
A doença invisível não perdoou ninguém. O ano de 2020 não foi escolhido para ser o precursor da tragédia, posto que outras endemias e pandemias ocorreram em épocas diversas, alertando o homem para a sua ignorância científica, mas ele preferiu fabricar armas em vez de vacinas, e investiu mais no egoísmo do que na fraternidade. A ciência, colocada de lado em muitos países, restou depauperada e insuficiente para suprir as necessidades vitais da humanidade. Ao contrário disso, o vírus foi rápido e letal.
No Brasil, o terrível e nocivo coronavírus obrigou as pessoas a um confinamento indesejado. Para piorar, alguns veículos de comunicação aproveitaram covardemente para misturar pandemia com política e passaram a atacar o presidente da República. A população, na sua maioria, frágil de intelecto e de educação, prostrou-se diante da televisão e rendeu-se às notícias descabidas e desproporcionais de jornalistas parciais e despossuídos de integridade profissional.
Os prefeitos de cidades e capitais brasileiras, graças ao desvario e ativismo judicial inconsequente do STF, adquiriram prerrogativas incomuns e colocaram-se na condição de condutores dos destinos dos munícipes, e editaram decretos tirânicos, obstando o direito de ir e vir e retirando garantias até então constitucionais. A pandemia serviu para medir o autoritarismo de políticos incompetentes para administrar, mas bons na arte de meter os pés pelas mãos.
Não resta dúvida quanto à adoção de cuidados sanitários rigorosos contra a disseminação da doença, mas daí concordar com as medidas injustificadas de certos gestores públicos e permitir que violem o Estado de direito já é demais. Fechar a cidade, isolar as pessoas, ameaçar com multas e prisões, provocar a falência de empresas e causar desemprego em massa não é o meio adequado de combater a pandemia. O poder consignado aos prefeitos e governadores, em muitos casos, serviu apenas para fazer aflorar a tirania de políticos inaptos para a função.
A reflexão que fica em 2020 é no sentido de que a governança não tem capacidade para enfrentar situações minimamente complexas; a sociedade não tem equilíbrio emocional para conviver com as notícias manipuladas pela imprensa fatalista ou pelas redes sociais negativistas, causadoras de ansiedade e depressão. O pequeno senso crítico e o ínfimo juízo de valor da população contribuíram para o surgimento das notícias falsas, criadas por mentes doentias e tradicionalmente pregadoras do apocalipse e do quanto pior melhor. Os inimigos da ordem e da pátria mostraram suas caras em 2020, desavergonhadamente, sem constrangimento por seus atos condenáveis.
O enfrentamento da pandemia seria menos doloroso, dramático, trágico e danoso se os governantes, os cidadãos e os mais diversos setores da sociedade tivessem amor e respeito pelo país, deixassem de lado as diferenças pessoais, políticas e partidárias e somassem esforços na defesa da saúde e da vida. Mas isso não foi possível, pois, o que se viu foram ataques da esquerda contra a direita e vice versa; ações tortas de uma imprensa parcial, formada por oligopólios, servir de arma contra um governo eleito democraticamente; e inércia de pessoas que fazem parte de uma nação que dorme distraída, enquanto lhe roubam os valores em tenebrosas transações.
O ano de 2020 é para reflexão. O comportamento geral no Brasil foi de prova de desamor e desrespeito a tudo, e os maus exemplos vieram dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Nada poderia ser pior do que se viu por parte das autoridades brasileiras na sua falida tripartição de poderes, constantemente aviltada por atos impensados e omissões propositais. O cidadão comum se viu no meio de ingerências institucionais nunca antes presenciadas. Os freios e contrapesos, mecanismos para que um poder controle o outro, ficou pelo caminho da discórdia tripartite. A violação das atribuições constitucionais tornou-se corriqueira, mormente com a quebra do princípio instrumental da razoabilidade. A usurpação das competências tumultuou ainda mais o lento e insuficiente combate da pandemia e ainda por cima colocou em risco o Estado democrático de direito.
A reflexão em 2020 remete a repensar as atitudes e a juntar os cacos da harmonia destroçada no país. A terrível doença não foi capaz de unir as autoridades públicas. Ao contrário, os inimigos da democracia flertam diariamente com o conflito e querem instalar a desordem a qualquer custo. Pior, contam com a parceria da mídia poderosa, ou parte dela, que cada vez mais se transmuta em portadora única de conteúdos noticiosos nefastos, sombrios e duvidosos. A nação brasileira precisa melhorar muito, em vários quesitos, para um dia chegar a ser cívica o suficiente para honrar seu povo e sua história.
A nova realidade em 2021 se dará para a superação das dificuldades, para a eliminação do sofrimento, para a recuperação do emprego, para a conquista de novos valores e para o restabelecimento da segurança. Um bom e novo tempo depende de todos nós, brasileiros e brasileiras, vestindo uma mesma camisa e defendendo uma mesma pátria. Mas se muitos continuarem jogando contra o país, como sempre acontece, ano após ano, de nada servirão nossos votos de um feliz ano novo, porquanto a situação continuará a mesma, assombrada por anos anteriores ruins, pessoas egoístas e futuro incerto.
Para o Brasil melhorar, nós precisamos melhorar. Para o Brasil vencer e crescer, nós precisamos vencer e crescer. A luta por um país melhor, inclusivo, democrata, ordeiro e progressista é de todos e todas, independentemente de classe, categoria ou situação econômica. O crescimento e o desenvolvimento da nossa nação dependem unicamente de nós, brasileiros e brasileiras, irmanados na defesa de uma sociedade mais justa e igual.
Assim, da reflexão em 2020 à nova realidade em 2021, o caminho é de busca da felicidade e do bem-estar, da renda e do emprego, da saúde e da vida. Façamos, portanto, por merecer um ano novo de paz, boas ações, grandes atitudes e excelentes realizações.
Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas tributária, trabalhista, cível e ambiental/Presidente da Comissão de defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG).
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E que assim seja, amém!!! Parabéns Dr. Wilson por mais este maravilhoso artigo. Feliz ano novo. Att. Clarissa Veiga.
ResponderExcluirAo receber pelo aviso do blog me deparei com esse recado cívico e ético do prezadíssimo Dr. Wilson Campos, meu dileto colega advogado de defesas mil nos tribubais pátrios. Meus cumprimentos DR. Wilson pelo excelente trabalho na advocacia, na OAB e na defesa da cidadania e da sociedade. Excelente e primoroso o artigo e o recado foi dado com diplomacia e competência. Exemplar sua missão. Abrs. Carlos Eduardo P.S. Lott.
ResponderExcluirCaramba, doutor Wilson, o seu recado foi dado mesmo e com tamanha seriedade que fiquei arrepiado, porque sou brasileiro acima de tudo, e amo meu país apesar dos canalhas que insistem em querer botar fogo no palheiro. As frases do seu texto são perfeitas e garanto que são as melhores que li este ano e digo porque leio bastante jornais, livros e nenhum artigo publicado nos grande jornais chega aos pés do seu. Que competência prezado. Só posso desejar ao senhor tudo do melhor no ano de 2021 e que continue escrevendo para nosso prazer e alegria de ler e entender o que vai acontecendo de sério nessa nossa cidade, nesse amado país e no mundo. Forte abraço. César G.
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