CRÍTICAS À VERTICALIZAÇÃO EM BH.

Em louvável iniciativa do jornal Hoje em Dia e Rede Record Minas, realizou-se no último dia 12, em Belo Horizonte, o 11º Seminário do Meio Ambiente e Cidadania 2013, que contou com a participação de pessoas dos mais diversos segmentos da sociedade.

O experiente navegador Amyr Klink, em conferência proferida no evento, falou de suas viagens internacionais e, comparativamente, teceu duras críticas ao modelo de verticalização implantado na cidade de Belo Horizonte.

Para o conferencista, o nosso conceito urbanístico está errado e é poluidor; a verticalização concentrada faz surgir as favelas; os governantes não pensam nas questões sociais, na qualidade de vida ou na educação; os conceitos de veículo urbano e transporte público precisam ser repensados; a mobilidade urbana pode ser resolvida com a descentralização; o modelo educacional brasileiro é equivocado e lhe falta eficiência.

Klink criticou ainda a emergente geração de valores artificiais, provocada pelas cidades verticais que, como Belo Horizonte, se esquecem dos impactos causados às pessoas e não param de crescer, mas que sequer têm placas de sinalização de trânsito suficientes, transformando o deslocamento dos moradores e dos turistas numa verdadeira aventura.

A percepção do conferencista vai de encontro às opiniões que sempre manifestamos, no sentido de que a verticalização irracional, sem planejamento, deteriora o ambiente e coloca à margem a sustentabilidade tão necessária nos dias de hoje.

O evento focou principalmente as mudanças climáticas, o aquecimento global e estratégias que possam contornar as graves situações presentes, como a produção de energias limpas e renováveis que representariam a base para um mundo de crescimento sustentável.

Também se discutiu sobre as matrizes energéticas, como a eólica, hidrelétrica, solar e a substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis, visando diminuir a emissão de gases poluentes que contribuem para o aquecimento global. Dessa forma, espera-se manter um ritmo de crescimento industrial e agrícola aliados ao desenvolvimento urbano planejado, com desenvolvimento econômico e respeito ao meio ambiente.

A lição que precisa efetivamente ser tirada do Seminário é a de que a degradação ambiental não interessa a nenhum setor da sociedade, mesmo porque os gestores são seres humanos e precisam de instrumentos de controle severo que privilegiem ações contra a poluição, a degradação ambiental, a verticalização desenfreada, as mudanças climáticas, e quaisquer outras prejudiciais à saúde e à vida.

As ameaças ao ser humano surgem de todos os lados e colocam em risco iminente os direitos difusos e coletivos das gerações presentes e vindouras. Portanto, que as decisões governamentais não fiquem apenas no papel, mas sejam traduzidas em atitudes concretas, capazes de reverter os danos morais, ambientais e patrimoniais até agora cometidos contra o planeta e a humanidade. 

Wilson Campos (Advogado / Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Difusos e Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).

(Este artigo mereceu publicação do jornal Hoje em Dia, edição de 16/06/2013, domingo, pág. 24).

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