O CLIMA VAI ESQUENTAR.
As atividades
humanas, por mais de 60 anos, são as grandes causadoras do aquecimento global,
segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). Esses dados são
confirmados pelos estudiosos do assunto, membros do Painel Intergovernamental
sobre Mudança Climática que, através de provas físicas e pesquisas científicas,
concluíram pela responsabilidade dos seres humanos no aumento da temperatura.
Diante do tom
pessimista do alerta, apesar de esses efeitos não poderem ser evitados na sua
totalidade, podem, com certeza, serem reduzidos por meio da criação de
políticas públicas que evitem desastres imediatamente e consequências maiores para as
gerações que estão por vir. Nessa hora, a atitude governamental de prevenção
deve ser imediata, não deixando para depois uma ação que conta com mostras
inequívocas de pesquisas oficiais e não de simples hipóteses alarmistas.
Olhando para o nosso
próprio espaço territorial, tendo a nossa cidade como foco, lamentavelmente haveremos
de reconhecer os riscos iminentes a que está sujeita a população quando, por
todos os lados, o que se vê são poeira, calor, pouco verde e muito cinza. A
cidade caminha para o desastre previsto pelos cientistas quando impõe um desenvolvimento sem sustentabilidade e insiste na manobra do crescimento a
qualquer preço, mesmo que isso custe caro a seus milhões de moradores que já
estão submetidos a temperaturas descontroladas e cada vez mais elevadas.
A situação
desfavorável vivida em Belo Horizonte, com tantos fatores negativos, tem explicação:
a destruição indiscriminada do verde, desnecessária e desumana; a falta de
sensibilidade da administração municipal, que permitiu o desastre ambiental nos
últimos anos ao privilegiar a verticalização e o cinza do concreto, em
detrimento das áreas verdes que ainda restam na cidade; a expansão
habitacional, a especulação imobiliária e as obras viárias antiecológicas,
projetadas sem um mínimo de respeito ao meio ambiente; a perda de 30% da
cobertura vegetal em pouco mais de 20 anos; a supressão de milhares de árvores
na orla da lagoa, ao redor do Mineirão, nas Avenidas Antônio Carlos e
Pedro I, além das ameaças às áreas verdes das matas do Planalto, do
Jardim América, da Serra do Curral e da região do Isidoro; o descuido com a
Pampulha, tornando-a cada vez mais árida, sem sombras, sem verde e longe da
fase gloriosa da outrora Cidade Jardim.
A gravidade da
mudança climática reflete os erros do poder público, que não se ressente da falta
de árvores, de bosques, de matas e de áreas verdes convivendo harmonicamente
com os espaços públicos, sopesando ainda mais a carga da irresponsabilidade
daqueles que cometem crimes ambientais graves e irreparáveis.
Para contornar a
sombria realidade atual, fazem-se necessárias as estratégias urgentes de
produção de energias limpas e renováveis, que representariam a base para um
crescimento sustentável; de proteção integral à biodiversidade; de uso de
instrumentos de controle severo que privilegiem ações contra a poluição; de
campanha conscientizadora da importância das árvores que fornecem oxigênio para
o ser humano continuar vivendo; e de divulgação ampla do uso adequado da água,
para que esta não falte e possa suprir a todos.
Caso não sejam
tomadas as devidas providências, a situação ruim tende a agravar. Se não houver
compromisso efetivo de redução da emissão de gases que provocam o efeito
estufa, o clima vai esquentar. Atualmente, os principais países emissores dos
gases do efeito estufa são respectivamente: China, Estados Unidos, Rússia,
Índia, Brasil, Japão, Alemanha, Canadá, México, Reino Unido, Irã e Coreia do
Sul.
Enquanto a culpa
recai sobre os ombros das atividades humanas, o aquecimento global vai sendo
ignorado pelos governos da maioria dos países poluidores, desinteressados nas
negociações climáticas que se encontram paralisadas. O resultado é que a vida
vai se tornando gradativamente menos saudável e, provavelmente, vai caminhando
para um incômodo clima 4°C mais quente, com a agravante de os impactos
negativos no Brasil e no mundo se avolumarem a tal ponto, que impossíveis de
conviver ou suportar.
Enfim, os indicadores
oficiais retratam que o grande vilão da qualidade do ar e do clima no Brasil
são os veículos, arregimentados em grandes frotas privadas e públicas, que
comprometem principalmente a qualidade atmosférica das grandes cidades,
seguidos das queimadas de florestas e de plantações de cana-de-açúcar, que
trazem sérias consequências para o ecossistema e para as populações urbanas e
rurais. O desmatamento e a emissão de dióxido de carbono combinada com outros
gases aprisionadores de calor são, sem dúvida, os famigerados vilões que
acrescentam as doenças e retiram a saúde da população.
O Brasil é um dos principais países emissores dos gases do efeito estufa no mundo. Lamentavelmente.
Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de 07/10/2013, segunda-feira, pág. 13).
O Brasil é um dos principais países emissores dos gases do efeito estufa no mundo. Lamentavelmente.
Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de 07/10/2013, segunda-feira, pág. 13).
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