POR UMA POLÍTICA URBANA.
A
Conferência Municipal de Política Urbana deveria ocorrer de quatro em quatro anos. A última foi realizada em 2009 e a deste ano está sendo
negligenciada pelo poder público municipal.
O
desordenamento urbano da cidade está perdendo apenas para a verticalização
irracional, que está com o caminho livre para transformar em realidade a selva
de concreto idealizada pelos representantes da administração pública, que
operam por meio de uma verdadeira prática de desapego aos valores intrínsecos da
cidadania.
Os grandes
empreendimentos previstos para os terrenos constituídos de áreas verdes, se
efetivados, vão transformar a cidade num polo potencial de calor e poluição,
haja vista a preparação desleal do extermínio de mais árvores, de nascentes e do
ecossistema em harmonia natural.
Belo
Horizonte está se transformando numa cidade manipulada e malplanejada, para
tristeza de seus moradores que, de forma inquestionável e incisiva, precisam protestar
contra a forma de tratamento dispensado pelo Executivo municipal, sempre com
indiferença e distanciamento.
Perfila claramente
para a população que não existe um planejamento urbano na cidade. O que
existe, de fato, é uma produção desordenada de obras, autorizadas por pessoas
sem a mínima sensibilidade para o que seja desenvolvimento com
sustentabilidade.
Injustificadamente,
o Executivo municipal está deixando a cidade nas mãos de pessoas pouco afeitas
às discussões democráticas que protelam a realização da Conferência, à qual cabe a avaliação do Plano Diretor e da Lei de
Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo de Belo Horizonte.
A
Conferência é de extrema importância para os
moradores, que, de certa forma, contribuem para o ordenamento urbano, com
proposições acerca do zoneamento, da regularização dos imóveis, da utilização
do espaço público e da instrumentalização adequada do Estatuto da Cidade, que,
por sua vez, possibilita a participação popular na gestão sustentável da
cidade.
A realização
da Conferência objetiva a revisão de normas e
diretrizes que norteiam a vida da cidade. A questão envolve temas relevantes e
de máxima urgência para a sociedade, de quem se espera uma participação ativa,
com cobrança de transparência, ética, publicidade e eficiência do poder público
municipal.
Faz-se
necessário que as discussões passem pelas comunidades, setor empresarial e administração
pública, numa tratativa civilizada e que importe em debates proveitosos para os
moradores, não se admitindo mais, sob hipótese alguma, remendos na legislação
municipal que possam favorecer direta ou indiretamente a desigualdade social
que tanto se tenta combater neste país.
O
desenvolvimento sustentável, a preservação ecológica, o equilíbrio dos
ecossistemas, a manutenção dos direitos e garantias, e o atendimento das
demandas sociais, são, indiscutivelmente, quesitos pontuais a serem respeitados
nas propostas de expansão urbana. E sem
demagogias.
Wilson
Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de 20/10/2013, domingo, pág. 21).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de 20/10/2013, domingo, pág. 21).
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