DESRESPEITO ODIOSO



Tudo começou com as intervenções a toque de caixa, quando alguém, de inteligência mediana, resolveu que o vetor norte da capital seria a bola da vez, independentemente da vontade da população, haja vista que esta não seria escutada e muito menos consultada. O desrespeito odioso principiava-se por meio de obras viárias não reclamadas, parte de um ciclo de operações urbanas alheias aos interesses emergenciais da sociedade.  

O desenvolvimento sem sustentabilidade e sem planejamento proporcionou cenas bizarras, como o corte de milhares de árvores e palmeiras imperiais na Avenida Antonio Carlos, no entorno do Mineirão e na Avenida Pedro I. A região ficou com aspecto de semiárido, desvestida do verde e sem sombras para o descanso das pobres almas caminhantes.

As construções de viadutos que atendessem às megalomaníacas exigências administrativas, com foco no evento da Copa do Mundo, trouxeram à tona a incompetência daqueles que, por obrigação legal, deveriam fiscalizar as obras, e não o fizeram. A negligência e o descaso tomaram o lugar da seriedade necessária na execução de obras públicas. Alguns viadutos recém inaugurados na Avenida Pedro I, na região norte da cidade, cederam, romperam aparelhos de apoio, denotaram erros estruturais e foram interditados. Um outro, o Batalha dos Guararapes, desabou, causou comoção, dor e tristeza, com severas consequências, e deixou duas mortes e vinte e três feridos. Uma tragédia.

A implantação do BRT Move sem a integração com as linhas de ônibus dos bairros tornou-se dispendiosa, tormentosa e intermitente na vida dos usuários. As baldeações causam, cada vez mais, atrasos nos horários dos trabalhadores. As reclamações são infindáveis, crescentes, sem a contrapartida de soluções adequadas por parte do poder público.

Também no vetor norte, são percucientes as ameaças constantes contra as áreas verdes, principalmente no caso da Mata do Planalto, que a administração municipal e seus respectivos órgãos deliberativos entregaram à sua própria sorte, sem a defesa ambiental prevista na Constituição, no Plano Diretor, na Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo, e nas propostas votadas na IV Conferência Municipal de Política Urbana. Ou seja, o meio ambiente não é prioridade dos atuais gestores da cidade.

Para piorar, aumentando o desrespeito odioso aos moradores, surgem notícias concretas de que para breve a prefeitura estará avaliando licença de implantação de antenas de estação rádio-base e telefonia celular no bairro Planalto, em local habitado por centenas de famílias, que estarão sujeitas às radiações, emissões contínuas de ondas eletromagnéticas e exposição aos campos elétricos e magnéticos causadores de câncer nos seres humanos.

Sem ódio, mas enfrentando o desrespeito odioso da administração municipal, os cidadãos se indignam com tamanhas desfaçatez e mazelas impostas à sociedade, tal como declinado. Chega de desrespeito. Basta! Respeito é bom e o povo gosta.

Wilson Campos (Advogado).

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