PLANO DIRETOR.
Uma novela que se
arrasta desde 2014. Assim é o Plano Diretor de Belo Horizonte, que, em mais um
capítulo, foi entregue pela prefeitura à Câmara Municipal, na sexta-feira, com
uma nova proposta de revisão, para que os parlamentares se manifestem a respeito
do substitutivo-emenda ao Projeto de Lei 1.749/2015.
Causou estranheza,
entretanto, a formação da mesa da reunião na Casa Legislativa, composta por
autoridades de diversos segmentos, mas sem a presença de um representante do
setor popular. No mínimo, nada democrático, nada educado, e sem a necessária
isonomia, imprescindível nas discussões dos interesses da cidade.
Ultrapassada essa
faceta deselegante do Executivo e do Legislativo, os representantes da
prefeitura apresentaram resumidamente as principais diretrizes e mudanças em
relação ao projeto original. Segundo eles, o texto da nova proposta mantém
parâmetros como a unificação do coeficiente de aproveitamento básico de 1,0 e
apresenta avanços na desburocratização de procedimentos.
Amparado pelo
Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), o novo parâmetro garantiria ao
proprietário o direito de construir, sem ônus, até o limite de uma vez o
tamanho do lote. Se possuir um terreno de 360 m², poderá edificar até 360 m² de
área. No entanto, está prevista a possibilidade de pagamento pelo direito de
construir acima do coeficiente, desde que pagando a outorga onerosa, cuja
receita seria utilizada para investir em habitação social e melhorias na
cidade.
A rigor, a revisão do
Plano Diretor ainda gera dúvidas e promete debates entre os mais diversos
setores da sociedade. Mas, com certeza, a manifestação democrática da população
deve ser levada em conta, posto que grande parte da proposta original atenderia
as diretrizes resultantes da 4ª Conferência Municipal de Política Urbana,
realizada em 2014.
Destarte, os
representantes da prefeitura afirmam que o novo substitutivo-emenda assegura as
principais diretrizes pautadas pela conferência, por ser uma instância que
precisa ser reconhecida e respeitada. De maneira geral, a proposta traça as
metas e orienta o modelo de crescimento e ocupação da cidade. Entre as
diretrizes norteadoras está o redirecionamento do adensamento construtivo,
induzindo a ocupação de áreas com maior infraestrutura para suportar o volume
de pessoas, como as grandes avenidas e principais vias coletoras. Contudo,
imperdoável será a não observação da proteção e preservação das áreas verdes e
do patrimônio histórico, de igual importância para a cidade.
Diante de tudo isso,
depois de quatro anos de idas e vindas do projeto, sem vontade política de acatar
ipsis litteris o que foi aprovado na conferência, resta à população
fiscalizar os trabalhos do Executivo e do Legislativo, acompanhar de perto a tramitação
do novo texto, propor emendas e reivindicar celeridade na conclusão do Plano
Diretor, com respectivas sanção, promulgação e publicação.
Wilson Campos
(Advogado/Delegado Titular do Setor Técnico na 4ª Conferência de Política
Urbana/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos
da Sociedade, da OAB-MG).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de terça-feira, 3 de julho de 2018, pág. 19).
Parabéns pelo artigo. Concordo totalmente. BH precisa ser protegida pelo seu povo. Maria Aparecida A. S. Borges.
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