BH - 127 ANOS.
Belo Horizonte, a capital dos mineiros, completa 127 anos. Emoldurada pela Serra do Curral, a cidade consegue a proeza de ser considerada a segunda mais “verde” do Brasil – entre aquelas com mais de 500 mil habitantes. Seu estilo meio cosmopolita e meio interiorano torna-a uma cidade que se reinventa, a cada dia, a cada ano, embora as mazelas sejam muitas.
O poeta mineiro, Carlos Drummond de Andrade, do alto dos seus temas do cotidiano, sempre achava um tempinho para falar de Belo Horizonte. Ele elogiava a cidade e sussurrava: “Porque Belo Horizonte, com todo esse verde, com todo esse azul que enche as suas ruas e vai até indiscrição de penetrar nas suas casas, dá a muita gente a impressão de um paraíso monotonamente primaveril. É verde demais. Azul demais”.
Mas Drummond também demonstrava seu desencanto com a cidade e não poupava-lhe algumas reprimendas. Dizia: “Fujo da ignóbil visão de tendas obstruindo as alamedas do Senhor. Tento fugir da própria cidade, reconfortar-me em seu austero píncaro serrano. De lá verei uma longínqua, purificada Belo Horizonte sem escutar o rumor dos negócios abafando a litania dos fieis. Lá o imenso azul desenha ainda as mensagens de esperança nos homens pacificados - os doces mineiros que teimam em existir no caos e no tráfico. Em vão tento a escalada. Cassetetes e revólveres me barram a subida que era alegria dominical de minha gente. Proibido escalar. Proibido sentir o ar de liberdade destes cimos, proibido viver a selvagem intimidade destas pedras que se vão desfazendo em forma de dinheiro. Esta serra tem dono. Não mais a natureza a governa. Desfaz-se, com o minério, uma antiga aliança, um rito da cidade. Desiste ou leva bala. Encurralados todos, a Serra do Curral, os moradores cá embaixo. Jeremias me avisa: ‘Foi assolada toda a serra; de improviso derrubaram minhas tendas, abateram meus pavilhões. Vi os montes, e eis que tremiam. E todos os outeiros estremeciam. Olhei terra, e eis que estava vazia, sem nada nada nada’. Sossega minha saudade. Não me cicies outra vez o impróprio convite. Não quero mais, não quero ver-te, meu Triste Horizonte e destroçado amor”.
Assim como o poeta, muitos mineiros não reconhecem mais BH como a Cidade Jardim de outrora. Aos 127 anos, os desafios continuam a crescer e o futuro precisa ser pensado desde já. A capital mineira, apesar de todos os problemas de uma grande metrópole, a meu sentir, é a cidade mais bonita e amada do país, sem falsa modéstia, pois, afinal, sou mineiro de alma e coração. Mas problemas existem, muitos e de múltiplas formas.
Contudo, é preciso conhecer melhor BH, uma metrópole de 2,4 milhões de habitantes, com grande influência nacional nas áreas cultural, política e econômica. Lugar onde a tradição, a modernização, a boemia, a gastronomia e a sofisticação são valores que se misturam e se completam, tornando a cidade uma das mais prazerosas para se visitar e se viver.
A capital mineira é, de fato, uma cidade com boa qualidade de vida e está entre as melhores do país e da América Latina. As mudanças ocorridas ao longo do tempo, as mazelas do dia a dia, o trânsito caótico e cheio de gargalos insuportáveis, a tristeza em razão do grande número de moradores de rua, as enchentes em época de fortes chuvas e a crescente violência urbana são questões a serem enfrentadas e sanadas, urgentemente.
Tenho comigo que, não decifra BH quem não transitou pela periferia, pelo centro, pelos bairros mais tradicionais ou pelos bairros mais nobres. Não decifra BH quem não percorreu do bairro Santa Tereza ao bairro Planalto, do bairro Santa Efigênia ao bairro Lourdes, do bairro Santa Amélia ao bairro Buritis, do bairro Sagrada Família ao bairro Santo Agostinho, do bairro Itapoã ao bairro Belvedere ou do Barreiro a Venda Nova. Não decifra BH quem não visitou o Mineirão, a Pampulha, o Mercado Central, a Praça Sete, a Praça do Papa, a Praça da Liberdade ou a Savassi. Não decifra BH quem não se movimentou pelas avenidas Afonso Pena, Amazonas, Álvares Cabral, Andradas, Brasil, Contorno, Bandeirantes, Cristiano Machado, Catalão, Otacílio Negrão de Lima, Antônio Carlos ou Pedro I. Não decifra BH quem não foi de norte a sul e de leste a oeste da cidade. E não decifra BH quem não entendeu o seu ar provinciano misturado ao moderno.
Por certo que problemas existem e são muitos, incluindo as mais de 10 mil pessoas em situação de rua; a pobreza nas áreas mais desvalidas e desassistidas; a violência em razão das drogas e da criminalidade impune; a mobilidade urbana deficiente e não satisfatória em todos os modais; as obras inacabadas; o trânsito congestionado de manhã, de tarde e de noite; as enchentes e inundações na época de fortes chuvas, causando perdas irreparáveis e grandes prejuízos aos moradores e comerciantes; o descuido com parques e praças, denotando incompetência do poder público; o lixo acumulado e a sujeira das vias; a desatenção com o meio ambiente, restando ainda frágeis as medidas de proteção às áreas verdes; a eterna novela de despoluição da Lagoa da Pampulha; a insuficiente capacidade de proteger a Serra do Curral da exploração insana das mineradoras; entre outros problemas nas áreas da saúde, da educação, do transporte e da segurança.
A prefeitura e a Câmara Municipal deixam muito a desejar, uma vez que se dedicam mais aos interesses da politicagem do que propriamente à administração da cidade. A falta de vontade política é maior do que a falta de verbas. A incompetência, o amadorismo, a demagogia, as briguinhas e as picuinhas são as pedras de toque do prefeito e dos vereadores. O Executivo e o Legislativo municipais vivem bem quando têm questões partidárias que se aglutinam, mas excedem nas aparições na mídia e se esquecem dos belo-horizontinos. Ou seja, a política erra feio, notadamente quando cuida dos seus interesses e deixa a população à sua própria sorte.
Entendo que os cidadãos de bem cuidam e protegem a cidade, cada um à sua maneira, mas sempre de forma extremamente fraternal. As pessoas (crianças, jovens e adultos) não se cansam de enaltecer a cidade e prestigiam suas datas comemorativas, seus pontos turísticos, seu carnaval de rua, seus ícones de visitação, assim como reivindicam melhorias aliadas ao progresso com equilíbrio. Ou seja, o amor a BH passa de geração a geração, de pai para filho, sempre todos dispostos a uma boa luta na sua defesa e na proteção dos seus sublimes e eternos belos horizontes.
Assim, ainda que a data seja de júbilo para BH, na comemoração dos seus 127 anos, os transtornos e as dificuldades também precisam ser citados, como o foram logo acima, no intuito de que as autoridades cumpram com suas obrigações legais, cometam o mínimo de erro e façam o máximo de grandes realizações para a cidade.
Pelo sim e pelo não, nada tira do belo-horizontino o sonho de ter uma cidade cada vez melhor para viver e cuidar da sua família. Portanto, parabéns BH, pelo seu aniversário e pelos seus 127 anos bem vividos. E que sejam multiplicados por dez os seus 930 km de corredores arborizados, os seus 76 parques, as suas 1.000 nascentes, as suas 34 mil árvores, e os seus índices de crescimento, desenvolvimento e sustentabilidade.
Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).
Parabéns BH. Parabéns doutor Wilson por este artigo lindo em homenagem a nossa querida BH nos seus 127 anos. Precisa melhorar muito mesmo em muitas coisas e nós ajudamos sempre mas os governos precisam fazer mais. Todos juntos somos mais. Abrs. Jussara e Renato Perdigão (São Bento).
ResponderExcluirDr. Wilson eu moro aqui em BH há 45 anos. Vim para cá com trinta anos depois de formado e criei minha empresa, e aprendi que é aqui que quero morar e aqui quero ficar com minha família. Os problemas são inúmeros e os políticos precisam trabalhar mais em vez de ficar aí brigando por espaço e cargos e salários mais gordos. Vergonha isso.Mas BH está de parabéns. Parabéns também mestre Wilson Campos por mais esse precioso artigo. Amamos BH e trabalhamos por BH. Abr. do Kleber Figueiredo.
ResponderExcluirTem muito lixo nas ruas. Muitos mendigos também. Tem muita sujeira e pichações. Tem um trânsito impossível de aguentar - demoro mais de 2 horas da Pampulha até o centro da cidade, com gargalos de dar medo. Quando saio do Belvedere para voltar para casa aí dá 3 horas de transito pesado. =Tem de ter muita paciência. Pelo amor de Deus., Mas no fim das contas eu assino junto com dr. Wilson e parabenizo BH. Tamos juntos. César Pinheiro.
ResponderExcluirO artigo disse tudo e eu tenho que concordar 100% e que BH melhore mais. Muita coisa precisa ser feita.
ResponderExcluirDr Wilson meu advogado preferido o seu blog é 10. Abração. Pierre LuizS. A. - BH/Brasil. 👏👏👏👏👏
Eu moro na grande BH (Vespasiano) e todos os dias de segunda a sexta eu estou em BH e respiro esse ar de cidade ainda tranquila para viver. O grande problema de BH é o trânsito de arrepiar, o lixo espalhado pelas ruas dos bairros e do centro também. Tem também o transporte coletivo muito ruim com ônibus cheios e sem conforto nenhum apesar do preço da passagem ser caro e ter ainda verba do município para as empresas. Os moradores de rua estão sem controle e fazendo sujeira brava nas portas das lojas e das residências - usam o espaço até como banheiro - e isso é nojento e precisa de controle até da polícia se for o caso. A criminalidade tem aumentado e roubos de carros, celulares e bolsas são frequentes e os ladrões ficam rindo da cara da pessoa roubada e cadê a polícia, cadê a prefeitura, cadê a câmara municipal, cadê a guarda municipal???? BH é linda mas está desleixada - suja, mal iluminada, abandonada e muito mal administrada. Falei tudo isso e digo que o texto do dr. Wilson fala por mim também e pelo todo que isso tudo representa em nome da nossa querida capital mineira a nossa amada BH que precisa de mais cuidado das autoridades. URGENTE. Felizes 127 anos BH!!! Obrigada dr. Wilson. Att: Eulália L. S. V. de Noronha.
ResponderExcluirEu não quero comentar muito porque o artigo do adv dr. Wilson já me representa em tudo que foi dito. Parabéns BH. Precisa melhorar muito mas continuamos juntos com você BH. Vamos melhorar nossa cidade na limpeza das ruas e num lugar melhor para os morador de rua e coloca mais polícia na rua e dar mais serviço para BHtrans e guarda municipal que estão muito parados e quietos e sem mostrar serviço. Valeu dr. Wilson. Valeu BH. . Abr. João Carlos Amaral.
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