CRIANÇAS MIMADAS, BIRRENTAS E SEM EDUCAÇÃO É CULPA DOS PAIS.

 

Uma cena que mostra a falta de limites para crianças está viralizando nas redes sociais. Uma mulher pede para que uma passageira troque de lugar pois seu filho quer ir na janela do avião. A criança faz um escândalo, mas a passageira se mantém calma e irredutível, sem ceder seu lugar na janela. A mãe passa, então, a filmar a passageira para constrangê-la, questionando se ela não tem “empatia”, e que seu comportamento é absurdo em pleno século 21.

Como visto, a passageira tornou-se alvo de polêmica nas redes sociais após se recusar a ceder seu assento junto à janela para uma criança mimada e birrenta durante um voo. O incidente foi registrado pela mãe da criança, que demonstrou indignação com a atitude da passageira.

No vídeo, a mãe criticou a passageira, dizendo: “Não quer trocar de lugar porque não quer. Até perguntei se ela tem alguma síndrome, alguma coisa, porque se a pessoa tem algum problema, uma deficiência, a gente entende”. Outro passageiro também reprovou a postura de Jennifer, comentando: “Tem que bater palma pra ela”.

Ao notar que estava sendo filmada, a passageira questionou a gravação, mas a mãe rebateu: “Tô gravando a sua cara porque você não tem empatia com as pessoas. Isso é repugnante, no século 21 a pessoa não ter empatia com uma criança”.

Após a repercussão do caso, a passageira utilizou suas redes sociais para esclarecer a situação. Em um comentário no TikTok, explicou: “Ele [a criança] estava chorando porque queria o meu assento. A família tinha assento na janela, mas ele queria o meu e eu não troquei”.

O episódio acabou dividindo opiniões nas redes sociais, gerando debates sobre direitos dos passageiros e “empatia” em situações cotidianas. Apesar de algumas críticas, a passageira recebeu apoio de vários internautas. Porém, a história segue gerando discussões, com opiniões que vão desde a defesa da decisão da passageira até a cobrança de maior “empatia” em situações como esta.

Felizmente, a reação nas redes sociais não foi favorável à mãe da criança mimada. A maioria percebeu que o absurdo foi justamente sua postura. Primeiro, por achar que o desejo de seu filho deve ser entendido como uma ordem indiscutível, que todos devem acatar imediatamente. Depois, pela forma abjeta de constrangimento impingido à passageira, que se manteve tranquila e sem escândalo.

A culpa do ocorrido é da mãe da criança, que não soube educá-la. Ora, só porque a criança birrenta resolveu que quer ir na janela os outros devem trocar de lugar? E se alguém não cede o lugar é motivo para constrangimento perante os demais passageiros? A mãe dessa criança não tem responsabilidade ou culpa em razão dela ser mal educada?

Normalmente, quem faz uma reserva e escolhe a janela para viajar o faz com antecedência e ainda paga mais caro. Mas independentemente disso, ninguém deve ser obrigado a ceder seu lugar no avião por conta da birra de uma criança mimada que quer ir na janela.

Vale considerar que as pessoas são livres para praticar atos generosos, de cortesia, e eles são desejáveis. Por exemplo: se uma pessoa idosa ou uma mulher grávida entram num ônibus, é louvável um homem jovem oferecer seu lugar. Essa gentileza é elogiável, pois as circunstâncias são especiais.

Mas o caso da criança no avião, cuja mãe não soube educar adequadamente seu filho, não merece gentileza da passageira, ainda mais quando foi filmada e constrangida com imagens posteriormente publicadas nas redes sociais.

Sinceramente, se acontece comigo, diante de uma mãe desse tipo, que não dá limites ao seu filho e deixa que ele faça o que bem entender, eu também não cederia meu lugar. A culpa da criança ser mimada, pirracenta e sem educação é dos pais, e neste caso específico, a culpa é da mãe.

Está se tornando frequente a cena de crianças e adolescentes fazerem um escarcéu danado para ganhar algum presente ou qualquer objeto de seu desejo. Nos shoppings, nos restaurantes, e agora no avião, esses filhos mal educados se acham no direito de chorar, berrar, gritar, espernear, para conseguir o que querem. E a culpa é dos pais, que passam a mão na cabeça dos filhos, mesmo quando eles estão errados.

A obrigação dos pais é dar limites. Não se pode admitir que crianças cometam erros ou desrespeitem regras e, em vez de serem orientadas ou corrigidas, os responsáveis escolhem culpar terceiros por seus erros mais absurdos. A obrigação de educar é dos pais. No caso do avião, a obrigação de dar limite e educação é daquela mãe que reclamou “empatia”, quando ela mesma não teve empatia nenhuma com seu rebento mal criado e muito menos com a passageira que estava quieta no seu canto.

A postura dessa mãe contribui para uma inversão de valores, onde o aprendizado e o amadurecimento da criança ficam comprometidos. A mãe deve ter autoridade para dizer não ou dizer sim, mas não pode terceirizar a educação de seu filho, pois essa atitude acaba levando a criança ou adolescente a um caminho de egoísmo e desmandos. Criar filho não é permitir tudo e fazer todas as vontades. Não! Criar filho é dar limites, boa educação, ótimos exemplos.

A passageira do avião, diante do constrangimento sofrido e da exposição da sua imagem não autorizada, pode muito bem processar a mãe da criança e a companhia aérea por ter permitido tamanho assédio à sua pessoa, dessa forma, em pleno voo. Ora, no mínimo, a passageira ou qualquer passageiro tem todo direito de usar seu lugar previamente reservado e desfrutar de um voo em paz.

A lição que deve ficar para a mãe da criança mimada, birrenta e sem educação é a de que a maior prova de amor que ela pode dar ao seu filho é prepará-lo para a vida real, onde nem sempre as coisas acontecem do jeito que ele quer. Na vida não se pode ter tudo que deseja, e cabe aos pais ensinar isso aos seus filhos logo cedo, nos primeiros anos de vida. A lição ainda envolve a necessidade de se educar com firmeza, mas também de forma amorosa.

Encerrando o caso da criança mimada e da mãe incoerente no avião, vale destacar que a passageira constrangida tem seus direitos garantidos, uma vez que, pela legislação vigente no Brasil e na maioria dos países do mundo, nenhum passageiro é obrigado a trocar de assento com outro, a não ser por motivo de segurança e desde que instruído por algum dos tripulantes. Outro detalhe importante a se levar em conta é que a filmagem de terceiros pode até ser realizada, mas o constrangimento em decorrência da gravação pode acarretar dano moral, conforme as circunstâncias da filmagem e ou divulgação do vídeo.

Enfim, o lugar que estava disponível no avião era o que a mãe comprou, e era ali que o filho deveria ter se sentado. E ponto final.

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

Clique aqui e continue lendo sobre temas do Direito e da Justiça, além de outros temas relativos a cidadania, política, meio ambiente e garantias sociais.

Comentários

  1. Dr. Wilson o senhor mesmo sabe que essa mãe da criança mimada e pirracenta pode sofrer ações nas áreas civil, penal e frente à lei LGPD. Exposição da pessoa,constrangimento, tentativa de ridicularização pública, e pode acontecer até o adoecimento da passageira diante da repercussão dos fatos. Tudo isso leva a direito a indenizações e ações judiciais contra a mãe da criança sem limites. At: Lourival Mascarenhas.

    ResponderExcluir
  2. Essa mãe é tão sem educação quanto o seu filho malcriado. Mãe e filho são farinha do mesmo saco - sem educação, sem limites e sem noção. Criança é educada desde cedo e não depois de grande. Criança não pode fazer o que quer. Criança faz o que pode ser permitido fazer. Dar amor não é dar perdão para erros e birras e falta de educação de criança mimada. Doutor Wilson Campos seu artigo é nota 10. Aliás é nota 1000. Samara G.F. Lamounier.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas